21 dezembro, 2007

Bis

Já por aqui andaram no cover de William Shatner, mas os Pulp mereciam ser vistos ao vivo.
Eu não sou muito de ir a concertos. Acho que se tivesse estado neste podia ter mudado de ideias.

20 dezembro, 2007

Uma coisa que não consigo perceber

Nos países "normais" depois de uma bolha de especulação imobiliária, há uma quebra nos preços, enquanto o mercado encontra a sua sanidade, ou coisa que o valha.

Paul Krugman tem uns gráficos que ilustram isso para os EUA e para a zona de LA, por exemplo.

Em Portugal, nada. O mais que acontece é os preços deixarem de subir.
Ou a especulação foi tal que o imobiliário ficou basicamente pago, e os construtores podem ficar sentados em cima de casas vazias à espera de melhores dias, ou passa-se qualquer coisa de estranho.
Alguma ajuda por aí? Ou o pior ainda está para vir, quando os maus negócios vierem ao de cima?

O assunto é sempre o mesmo

Mas os números não cessam de me espantar.

"The poorest fifth of households had total income of $383.4 billion in 2005, while just the increase in income for the top 1 percent came to $524.8 billion, a figure 37 percent higher".

Ou seja, para quem lê mal como eu li à primeira, o AUMENTO dos rendimentos dos 1% mais ricos nos EUA, foi maior do que o rendimento TOTAL dos 20% mais pobres.

A História adverte que a desigualdade faz mal à saúde.

19 dezembro, 2007

Hoje, mais importante do que fazer anos

É ler este post no Eurotrib.
Numa quadra em que a caridade vem ao de cima, fica um exemplo das consequências das mesmas quando desenquadradas de politicas públicas de solidariedade:

A caridade de Bill Gates pode estar a matar mais pessoas do que as que salva.

Hoje

Deixei de ter 40 anos. Não sei porquê mas fazer anos não é uma coisa que me desperte grandes sentimentos. Pelo contrário, parece despertar os mais pequenos. Enfim... Amanhã celebrarei com alegria os meus 41 anos e um dia. Isso sim, é uma efeméride.

13 dezembro, 2007

Nobody expects the Western Inquisition

Via Hullabaloo,
cheguei a este esclarecedor relato sobre a efectividade da tortura.

Um processo por bruxaria na Alemanha do século 17.
Nada que os dias de hoje conheçam, felizmente, não é?

12 dezembro, 2007

Drama distante

AVISO: post intimista




O video é da treta... conta a música e a voz.

10 dezembro, 2007

Peace Liberty and Revenge for all

Uma história escabrosa ocorrida do lado de lá do Atlântico.
Um miúdo de 20 anos empresta um carro a um amigo. O amigo vai com outras pessoas a casa de um dealer e a filha deste é morta. O miúdo que emprestou o carro apanha prisão perpétua.

"No car, no murder" disse o promotor.

Como disse um amigo meu ao saber desta história,
"Então e os fabricantes de roupas? Se eles estivessem nus, não tinham saído de casa."

Via A Tiny Revolution.

06 dezembro, 2007

Eu vi!!! Juro!!! E ouvi.... acho...



Confirmação da mensagem Satânica em Stairway to Heaven. Extremamente aconselhado.

Para ver noutros formatos ou fazer download ir aqui.

04 dezembro, 2007

Riding through the Glen

Recentemente foi notícia em alguma imprensa económica a história de Enzo Rossi, o empresário italiano que resolveu viver durante um mês com o ordenado de 1000 euros que pagava aos seus empregados.
Chegado ao dia 20, estava nas lonas. Nas suas palavras, “Tive que me render, e se encontrasse 6 ou 7 amigos a quem oferecer um aperitivo?”.
Posto isto, deu um aumento de 10% a todos os seus 20 empregados. A empresa de “pasta” de Enzo faz 1,6 milhões de euros de lucro por ano, o aumento terá custado, nas minhas contas muito grosseira, menos e 100 000 euros ano, certamente. (Considerando 56000 euros líquidos (20x14x100) mais uma margem para contribuições).

Esta história é interessante a muitos níveis. Desde logo o subtítulo da noticia: “O robin dos bosques dos empresários”
O Robin dos Bosques roubava aos ricos para dar aos pobres? A quem “rouba” Enzo? Não seria mais justo dizer que era ao contrario, antes de ele se dar conta das condições que oferecia aos empregados? De certa forma, roubava aos pobres para dar aos ricos.
Da mesma forma que os nobres normandos não podiam usar outra estrada, também os empregados de Enzo não têm muito mais hipóteses do que aceitar os empregos que houver na região, ou tentar a sua sorte noutras paragens pagando o preço das famílias que se separam e dos amigos que se perdem.

Os amigos são outro aspecto interessante desta história. Enzo reconhece que o que paga aos empregados tem servir para mais do que a mera subsistência. Tem que permitir dignidade, alimentada por relações sociais, um lugar entre os outros, o reforço da identidade etc.

Ainda de relevo é o facto de Enzo reconhecer também que vivendo numa comunidade pequena, de menos de 2000 habitantes, se sentiu envergonhado com as condições que oferecia. Ele tem que conviver com as pessoas que para ele trabalham, e com outras que deles dependem, como as famílias e os comerciantes locais.
Se Enzo respondesse perante accionistas, o gesto podia ter-lhe custado o lugar de C.E.O.

Não sei dizer se agora os empregados de Enzo ganham um salário mais justo. O aumento de 100 euros provavelmente não vai transformar o seu nível de vida de forma a mudar as suas perspectivas e projectos de vida. Mas certamente aliviou um pouco a sua “ginástica” mensal. Umas crianças vão ter o material escolar que precisavam, uma esposa irá ao cabeleireiro um pouco mais frequentemente. Poderão até dar com mais facilidade aos que têm menos sorte ainda do que eles. Coisas pequenas, que por vezes fazem toda a diferença na história de cada um.

Quanto a Enzo, isto custou-lhe talvez uns 6 % dos lucros. Em vez de ganhar 1.6 milhões, irá ganhar 1,5, a manter-se o nível do negócio. Um preço pequeno a pagar por uma consciência tranquila.

03 dezembro, 2007

Vícios




Via Eurotrib

Writer Boi

Os nossos sindicatos podiam aprender umas coisas com os deles...



Via chrishayes.org

27 novembro, 2007

Bernard Chazelle agora escreve num blogue

Eu gosto bastante de o ler.
Annapolis will be a success. Mark my words: this week in Maryland will see President Bush set in motion the beginning of the first tentative steps toward an approach to a process aimed at a distant horizon that will in due course lead to a compromise pointing the way toward the initial conditions creating the possibility of a climate that will catalyze the development of a mood conducive to an environment propitious to a confidence-building set of measures whose momentum will carry us further on the path to...


A Tiny Revolution

26 novembro, 2007

the slightest dilution in their solution was perceived as pollution

Socio-genetic Experiment
by The Disposable Heroes of Hiphoprisy

Sometimes I feel like a socio-genetic experiment
a petri-dish community's token of infection

you see I'm African native American
Irish and German
I was adopted by parents who loved me
they were the same color
as the kids who called me nigger
on the walk home from school

I cried until I found out what it meant
then I got me some equipment
my fists, man

I was a hitman with no friends
but who the hell am I cursing those whose skin
is half my DNA
why am I
and why shouldn't I
be ashamed of this fact
after all the feces they dumped on me
and my species


sometimes I feel like a socio-genetic experiment
a petri-dish community's token of infection

those filthy mother...
shut 'cho mouth
there I go again with those high and mighty speeches
when they are in fact part of my species


or is it the other way around
did I piss in their gene pool
if I did it wouldn't matter
they kept me in the deep end

'cause the slightest dilution
in their solution
was perceived as pollution

sometimes I feel like a socio-genetic experiment
a petri-dish community's token of infection

but I am not solely race, nor environment, nor destiny
I am the human scientific process
over and over and over again
the dirt that I shovel to uncover the truth
often buries something else growing
acceptance of my own
weakness and my own intolerance
is seldom

but that is in fact my identity
uncluttered by the maskings of consumer addiction
ethno-centricity
in the light of miscegenation
this fable of elements
which classify order species, subspecies
genus phyla

animal vegetable illegal chemical
socialist democrat republican
yuppy-buppy-guppy
proud racist
black white African American Irish and German
sometimes I feel like a socio-genetic experiment
a petri-dish community's token of infection

and I'm proud

Hoje lembrei-me desta música, a propósito de como alguns advogados do liberalismo económico mais selvagem actuam. Qualquer tempero à sua ideologia resulta em algo "de esquerda". O centro é definido por eles como aquele ponto em que as suas ideias encontram critica ou reflexão. Ou seja, em que são confrontados com a realidade. Mas se a realidade calha a marcar pontos, o que sai dali já é esquerda, já implica que nos lembremos de Pol POt e Estaline e da Coreia do Norte, e portanto é inaceitável.

22 novembro, 2007

The Dude abides

Quando me perguntam qual o meu filme ou livro favorito tendo a defender-me com a resposta clássica. Eles são tantos... como escolher um?

Quanto a livros não tenho ainda outra resposta, embora talvez pudesse fazer um esforço.

Com os filmes já resolvi a coisa. Há apenas um filme perfeito.
É dos irmãos Cohen, e chama-se "The Big Lebowski".

Preciso de justificar esta afirmação? Talvez... prefiro desafiar quem viu a apontar um defeito que seja:
a galeria de personagens rivala com o panteão dos deuses gregos,
os diálogos têm o maior numero de frases memoráveis, e citáveis, desde "O Pai Tirano"
e, como se não bastasse, tem esta música cantada por ninguém menos que Kenny Rogers (com The First Edition).



Uma pequena sinopse para quem não viu:
Um gajo (the Dude) vê a casa invadida por uns cobradores de dividas que além de o amassarem um bocado, ainda lhe fazem xixi no tapete.
Há coisas que um homem não aguenta, e dar cabo de um tapete que compunha tão bem a sala é injustificável. Ele procura reparações, mas então surgem os nihilistas...

Já revelei demais. Vejam o resto.

21 novembro, 2007

Amiguismo

Desde logo devo dizer que nunca fui grande leitor de poesia. Claro que gosto de poesia. Da janela do sitio onde trabalho, por exemplo, o céu e o rio escrevem um verso diferente a cada 10 minutos, e eu leio-os com prazer.
Mas poesia enquanto género literário nunca me atraiu particularmente. Por outro lado gosto de canções, que mais não são do que poemas com andaimes.

Serve esta desintrodução para dizer que provavelmente não teria comprado o livro do meu amigo João Vilallobos, se não fossemos amigos.

Mas o livro do João é para mim mais um exemplo de que até num livro de poemas é possível encontrar poesia. (Eu costumava encontrá-la mais facilmente na prosa de Ray Bradbury, por exemplo).
Na minha modesta opinião, é o tipo de escrita que as mulheres gostam e os homens invejam.
Acho-o muito recomendável e por isso aqui o recomendo.
Chama-se "As mulheres bonitas não viajam de autocarro".



E deve ser comprado aqui.

Não gosto do CSI

Nem do "24".
Não ligo muito às Donas de Casa Desesperadas, tirando um certo fascinio pela morena que já tinha conhecido nas aventuras do Super Homem.

Mas gosto de Rome, de Deadwood, suporto a nova Galactica, gostei imenso da primeira época de Carnivale, nunca vi um episódio dos Sopranos que não gostasse, ou do Seis Palmos Debaixo de Terra.
Para ver estas coisas, não me importo de ver publicidade ou comprar DVDs. Se a banda larga em Portugal não fosse um pouco anedota, é possivel que aderisse aos muitos meios de difusão digital que permitem apreciar estas e outras séries. Ou seja, dou e daria dinheiro a ganhar a muita gente.
Mas pelos vistos, os últimos a ser beneficiados são quem faz, quanto a mim, o mais importante: escrever aquilo tudo.

20 novembro, 2007

A racionalidade dos mercados volta a atacar

Depois de um Verão tumultuoso, em que se desenhou uma crise - que muitos acreditam estar apenas no princípio - em que os bancos clamaram pela intervenção dos estados para segurar os seus péssimo negócios e deploráveis práticas, eis que são anunciadas as penalizações reservadas a quem é responsável pelo estado a que chegaram as coisas.

Wall Street Bonuses Biggest Ever, Again!



Via Chrishayes.org

15 novembro, 2007

Jantar Anual

Como muitos outros Blogues, também o Designorado teve o seu Jantar.
Infelizmente, não pude ir.

11 novembro, 2007

Space is one cold motherfucker

com agradecimentos ao meu amigo Osvaldo,
fica aqui um excelente mini-documentário sobre a saga dos astronautas negros.

The Old Negro Space Program


10 novembro, 2007

As leis da fisica, versão BD

Ou desenho animado, como queiram.
Aqui estão elas devidamente enumeradas.

É Paul Krugman que nos chama a atenção para a primeira lei da fisica dos Cartoons:
Um corpo suspenso no espaço permanece suspenso no espaço até que se aperceba do facto.

E segundo ele, é assim que funcionam os mercados. Como o Wile E. Coyote.

09 novembro, 2007

Eu não sou uma pessoa violenta

Aqui há um tempo, não muito, quem estava atento a estas coisas lia frequentemente que a liberdade é boa porque assim todos podem tentar ser o seu melhor. Deste modo, apenas uma sociedade livre poderia ostentar o tipo de mobilidade social que está incarnado no "American Dream".

Note-se que nestes contextos, "livre" queria dizer apenas que o Estado devia fazer o menos possivel para interferir com esta dinâmica, quer através de mecanismos de redistribuição (impostos para escolas, saúde, etc...), quer promovendo de uma forma alargada - arrepios - a igualdade, também conhecida hoje por coesão social.

Hoje, já toda a gente percebeu, e os peritos confirmam, que as sociedades mais "livres" - Anglo Saxónicas, têm menos mobilidade social do que outras menos "livres"- outra vez e sempre, as Nórdicas.

E que é que se conclui? Que o sistema falhou? Não, nada disso. Conclui-se que, afinal, a mobilidade social não é uma coisa boa.

De acordo com esta pessoa que escreve no Financial Times, a mobilidade social é um preço que se paga por viver numa sociedade "livre". E porquê? Porque a mobilidade social é ineficiente. Como o status é um jogo de soma zero, trocar as pessoas no ranking deixa tudo na mesma, mas com o custo adicional de fazer a troca. Pois...

Eu não sou uma pessoa violenta.
Mas este artigo (e ler sobre ele ) lembrou-me os votos de Natal, aqui há uns anos, de um senhor chamado William Blum. Depois de uma lista de desejos sinceros, terminava com este:

"May you re-discover what the poor in 18th century France discovered, that rich people's heads could be mechanically separated from their shoulders if they wouldn't listen to reason. "

08 novembro, 2007

Somos aquilo que comemos

Ou melhor, segundo alguma cabeças do FBI:

"Diz-me o que comes, e vais dentro. Ou melhor: não digas, que a gente descobre."

Desta vez, ao que parece, o bom senso prevaleceu.

07 novembro, 2007

Apocalypse daqui a nada.

De acordo com a ultima publicação da Agência internacional de Energia:

"We believe that we are not running out of energy resources, we have enough money but what we are running out of is time."

Com o petróleo a passar os 100 dólares em breve, ainda se estima que apenas com 130 dólares seria possivel retrair a procura. Por outro lado, os paises produtores já não conseguem aumentar a capacidade...

Retrair a procura significa que os mais pobres deixam de poder consumir. O sacrificio vai ser desigual. Aqui, em Portugal, os invernos ainda vão sendo benévolos. Vamos ver como será o próximo no norte da Europa, Estados Unidos e Canadá.



26 outubro, 2007

24 outubro, 2007

Quem não percebeu ainda...

O que se passa, e passou nos mercados financeiros, faça-se um favor e vá aos Ladrões de Bicicletas ver isto.

(é YouTube. Sorry, Miss In a While)

23 outubro, 2007

Natureza humana & Northern Rock

Este excelente artigo do sempre excelente George Monbiot vai directinho a uma série de questões que me assaltam com regularidade. Logo que tenha tempo acrescentarei aqui mais umas colheradas, suscitadas mais pelos comentários que se podem ler depois do que pelo artigo em si.

Mais umas colheradas, então:

No artigo George Monbiot fala do responsável do Northern Rock, uma entidade bancária que teve que receber 16biliões de libras do governo para evitar um colapso que poderia arrastar todo o sistema bancário para o fundo.

Aparentemente, o dito responsável, com formação em zoologia foi durante boa parte dos anos 90 um colunista que defendia com eloquência a bondade de libertar os instintos humanos de egoísmo e auto-interesse, enquanto geradores de cooperação e altruismo. Uma versão genética da Mão Invisível. Para tal (surpresa!) o Governo deveria sair de cena e deixar cada um aos seus desígnios.

No mundo real esta filosofia deu um banco que perseguiu imprudentemente os seus “objectivos egoístas”, e acabou por chegar a uma situação insustentável. E lá veio o dinheiro dos contribuintes salvar o dia.

Dos comentários que li, dois despertaram o meu interesse. Um o de um provável libertário que diz que é o estado “socialista” que acaba por subtrair o dinheiro ao contribuinte já que o banco devia arcar com a responsabilidade das suas decisões, e se tinha que cair, caía.

Para estas pessoas, é indiferente o destino de todos os que fizeram os seus créditos, colocaram as suas poupanças, enfim, confiaram no banco.

São aqueles que acham (mesmo que não o admitam) que a fome faz sentido economicamente. Chama-se “destruição de procura”. Afinal, se as pessoas não tinham dinheiro para comprar comida, não se deviam ter endividado na mercearia.

O outro comentário diz “Não... as pessoas não são egoístas!” e dá como exemplo o hipotético herói que no Iraque se atira para cima de uma granada para salvar o pelotão. Este argumento não contraria Monbiot.

No artigo Monbiot afirma que sim, há um certo determinismo biológico que nos condiciona, e somos inerentemente egoístas. Esse egoísmo era, nos clãs pré-históricos que constituem 99% da história da humanidade, controlado pelos mecanismos familiares e sociais. Afinal, não vamos ser uns pulhas para pessoas que vemos todos os dias. Num clã não duraríamos muito tempo.

O soldado que salva a vida dos camaradas é motivado por valores internos ao grupo. O mesmo soldado faria o mesmo sacrifício para salvar meia dúzia de desconhecidos no outro lado do mundo?

Nas nossas sociedades, em que temos relações de toda a espécie com pessoas que não vemos, nomeadamente nossos clientes, ou empregados, podemos incorrer em comportamentos anti-sociais com reduzido risco de retaliação ou correcção. É por isso que há leis e governos, e é por isso que ambos são tanto mais importantes quanto mais distantes estivermos do clã pré-histórico que nos viu evoluir.

22 outubro, 2007

We came a long way

What Keeps Mankind Alive
(clicar no título para ver e ouvir)

(Weill/Brecht 1928)


You gentlemen who think you have a mission
To purge us of the seven deadly sins
Should first sort out the basic food position
Then start your preaching, that’s where it begins

You lot who preach restraint and watch your waist as well
Should learn, for once, the way the world is run
However much you twist or whatever lies that you tell
Food is the first thing, morals follow on

So first make sure that those who are now starving
Get proper helpings when we all start carving
What keeps mankind alive?

What keeps mankind alive?
The fact that millions are daily tortured
Stifled, punished, silenced and oppressed
Mankind can keep alive thanks to its brilliance
In keeping its humanity repressed
And for once you must try not to shriek the facts
Mankind is kept alive by bestial acts.

19 outubro, 2007

Sr. Candidato

Da blogosfera americana chegam estas sugestões de perguntas a colocar aos candidatos Republicanos:

1: Faria sexo com um homem para evitar um ataque terrorista?

2: Se baixar os impostos resulta em mais receitas públicas, baixar os impostos para zero, resulta em receitas infinitas?

3.Se tivesse uma máquina do tempo, andaria para trás e obrigaria a mãe de Bin Laden a fazer um aborto?

4.Torturaria e mataria Jesus para garantir a Salvação da Humanidade? E como é que isso funciona?



O que eu não daria para ouvir as respostas....

Desafio

Seja quem for que esteja vivo a ficar parado enquanto ouve isto:

There She Goes, My Beatiful World, Nick Cave (para quem não consegue ver You Tubes)

17 outubro, 2007

Organizem-se!

Normalmente não comento actualidades, mas acabei de ouvir o nosso Presidente da Republica a falar da pobreza e de como os numeros o envergonhavam. Acrescentou qualquer coisa do género:

"Sou dos que estão convencidos de que não pode ser o Estado a resolver isto, tem o seu papel mas não pode fazer tudo, e é por isso que insisto que os cidadãos se organizem..."

E eu interrogo-me:
O que é que é o c----lho do Estado se não cidadãos organizados???

Citando algo com que me cruzei recentemente acerca deste assunto:

"Charity robs the recipient of the dignity and personal liberty to which all people have a claim, rich, poor or in the middle. Using government to act as the safety net instead of the good will (or good mood) of those of means allows that. Citizen pays in, and someday, god forbid, if he needs some help, he won't have to kiss the ass of some rich busybody or self-righteous hypocrite who thinks he or she has a right to dictate his behavior on the basis of a couple of bucks. (And considering the moral example set by both the private and public scolds these days, that concept is even more distasteful than it used to be.)"



Aos leitores que não estão habituados a este vernáculo mesmo camuflado, as minhas desculpas.

13 outubro, 2007

Um dia vais agradecer-me, meu filho

Um pouco por todo o lado, empilham-se as provas e demonstrações de que o ser humano é muito menos capaz de fazer boas escolhas do que cada um de nós pensa de si mesmo.

No entanto este mito teima em não cair por terra. Quer seja pela fé liberal na racionalidade maximizadora do ser humano (mais sobre isto adiante) quer pela crença no livre arbítrio entendido à luz da religião e dela herdado, mesmo entre não crentes, que tem a utilidade teológica de diferir para os ombros do seres humanos aquilo em que é inconveniente Deus ter responsabilidade.

No entanto estamos sempre a fazer escolhas menos que boas. Seja porque não temos informação suficiente, seja porque a isso somos induzidos por uma série de mecanismos mais ou menos inconscientes. Se assim não fosse, não comiamos coisas que nos fazem mal, não havia fumadores, as pessoas não corriam a fazer seguros a seguir às tragédias, para os esquecer passado uns tempos, não comprávamos aparelhos com funções que não usamos, mesmo depois de termos essa experiência com outros. De uma forma geral a experiência, que não a intuição, demonstra que as pessoas são melhor servidas pelas escolhas de terceiros do que pelas suas*.

Isto como é evidente vai contra os mais elementares principios liberais. Nenhum sistema é tolerado que reduza a liberdade individual de cada um. Com este problema em mente dois académicos da Universidade de Chicado, criaram um conceito novo, a que chamaram Paternalismo Libertário.

Parece um mero jogo de palavras, paradoxal, mas creio que encerra uma ideia interessante. Se as pessoas fazem sistematicamente más escolhas, mas não devemos colocar em causa a sua liberdade de as fazer, então devemos colocar as escolhas de forma a que as que têm resultados mais desejáveis para quem as faz, sejam as mais fáceis de fazer. No limite, o exercicio da liberdade de não escolher deverá levar ao melhor resultado.

Qualquer organização estabelece procedimemtos e regras. Os libertários paternalistas sugerem que esses procedimentos e regras sejam desenhados de forma a que as escolhas das pessoas por elas impactados seja o mais próximo possivel das que elas fariam se tivessem na posse de informação perfeita.

Os opositores, nomeadamente os libertários, que não gostaram muito de ver a sua ideologia misturada com outras ideias, até aceitam que ao nivel de organizaçoes privadas esta seja uma politica desejável. Mas quando se trata de governos, consideram muito mais complicado.

Um exemplo hipotético. Imaginemos uma cantina ou cafetaria numa escola ou empresa. Vamos assumir que a ordem de disposição das sobremesas é importante para a escolha. Seja porque as pessoas pegam primeiro na primeira coisa que vêem ou no que está à altura dos olhos. O encarregado da cantina pode assim condicionar a dieta dos frequentadores. Se colocar gelado na posição mais eficaz em vez de fruta, estará a contribuir para a taxa de obesos... ou pode ser libertaria paternalista e, continuando a oferecer gelado, colocar a fruta de forma a ser a primeira escolha. Se uma empresa ou escola querem colaboradores ou alunos saudáveis, imagino que a segunda hipótese seja razoável. O facto relevante deste exemplo é que há sempre uma decisão a tomar sobre como organizar a comida, e o resultado dessas decisão não é irrelevante. Um libertário extremo exigiria uma não organização: nada do que o gerente fizesse deveria influenciar as escolhas dos outros. Isto apenas seria conseguido com uma distribuição aleatória o que, do ponto de vista de gestão da cantina, não faz sentido nenhum.

(O exemplo é académico, mas se os hipermercados fazem coisas parecidas com os seus consumidores, é capaz de não ser tão hipotético como isso. )

Em jeito de conclusão, depois de ouvir um podcast de uma conversa entre um libertário puro e duro e um dos proponentes desta filosofia política, fico com a impressão de que o que alarma o libertário é a ideia de que alguém ponha o Governo a ajudar as pessoas... isso para ele é que é inconcebível.


*E mesmo quando escolhem bem, ficam menos satisfeitos do que se a escolha tivesse sido feita por outros, mesmo que não sejam mais qualificados para as fazer.
Para suportar esta afirmação, recorro a Barry Schwarz, autor a que já me referi anteriormente.
Basicamente, os custos de escolher (as alternativas desejáveis que somos forçados a preterir ou a frustração de não escolher a coisa perfeita, seja uma casa, ou um esposo) ficam do lado do agente.

12 outubro, 2007

A desigualdade em perspectiva

Ezra Klein fez este exercício para a realidade americana. Como a nossa desigualdade tem mais em comum com esta, do que com os números médios europeus, dá-me ideia de que isto pode ser relevante.

"if you took a representative 100 Americans and split $5 of income between them, here's how it would look: One guy would get $1.06, forcing the other 99 to split the remaining $3.94, while the bottom 50 would split 64 cents among themselves. The leftover $3.30 would be divided up among the remaining 49 folks"

1,06 + 3,30/49+0.64/50

Para não acabar a semana a zero...

Um momento de trivialidades lexicológicas.

Ficam aqui dois termos que me saltaram à vista, vindos da sempre vibrante, por vezes berrante, paisagem mediática do lado de lá do Atlântico.

De um tenista que ganha no mesmo ano os principais torneios mundiais, diz-se que fez o Grand Slam. De alguém que percorrer os principais programas de debate político de domingo nos estados unidos, a saber: This Week, Meet the Press, Face the Nation, Fox News Sunday, e Late Edition, dizse que fez o "Full Ginsburg". Ginsburg era o advogado de Monica Lewinski e foi o primeiro a conseguir a proeza. Desde então apenas outros três repetiram o feito: Dick Cheney, John Edwards, e Hillary Clinton.

IOKIYAR: Uma sigla a que os americanos se habituaram. Significa "It's Ok If You Are a Republican". E aplica-se a todos os escândalos envolvendo republicanos que rebentam com aparente impunidade, desde os sexuais (em que é condenada a hipocrisia mais do que outra coisa) aos mais graves, como a revelação da identidade de agentes da CIA.

Paul Krugman no seu blog do New York Times, que recentemente passou a fazer parte dos meus regulares, fala da necessidade de criar outra sigla: IACIYAD. It's a Crime If You Are a Democrat. A história que o motivou, para os interessados, está aqui, e é uma daquelas coisas que envolvem financiamentos de campanhas para eleger juízes, que pelos vistos está previsto nas leis do Estado do Mississipi. Conclui Krugman que se Bush não fosse tão incompetente, a América já se teria tornado num sitio muito mais medonho.

04 outubro, 2007

The Boss is back

Depois da sua passagem pela musica tradicional americana, de novo com a E-Street Band.

Os maluquinhos das conspirações

Ainda não li o livro mais recente de Naomi Klein, “The Shock Doctrine”, a que fiz referência através do seu trailer lá mais abaixo.

A tese do livro é a de que o actual “consenso” político e económico, chamado neo-liberal, com a sua primazia do Mercado, a redução do papel do governo, a transferência de bens e serviços da esfera publica para a privada, não é fruto de um movimento inevitável da História mas sim de um oportunismo metódico, tirando partido de crises reais ou percebidas, e da fragilidade politica e social que delas decorre.

Os exemplos de Klein são clássicos: Chile, Inglaterra, China, Rússia, Iraque. Depois da violência, e aproveitando o estado de choque, passam-se medidas e “reformas” que de outro modo seriam bloqueados por aquilo a que se chama democracia ou sociedade.

É interessante, por exemplo, saber que Thatcher tinha 25% de aprovação e se debatia com uma feroz oposição às suas medidas quando eclodiu a guerra das Malvinas. A guerra tem esse efeito, e no ano seguinte, quando foi preciso partir as costas dos sindicatos dos mineiros, a dama de ferro contava com 60% de apoio.

Também é curioso descobrir que em meados dos anos 90, houve pressões de certas elites financeiras canadianas para forçar o abaixamento dos ratings de crédito do Canadá em Wall Street, criando a percepção de uma economia em crise, para suportar as “reformas” que pretendiam ver implementadas.
Isto perante a perplexidade dos operadores das empresas de rating, que estavam habituados a sofrer pressões de sentido contrario...

Os críticos da tese desvalorizam o livro como, por um lado, irrelevante: a ideia de que é preciso uma crise para haver mudança parece demasiado óbvia para justificar o papel em que está escrita, e por outro lado como mais uma teoria de conspiração: que não. que não há aí uns malvados a tentar desequilibrar os pratos da balança para favorecer grupos particulares, e que é tudo apenas a dinâmica natural das coisas.

Talvez. Mas esta semana cruzei-me com esta citação de um tal Irving Kristol, considerado um dos pais do pensamento neo-conservador, acerca da politica económica conhecida como “Reaganomics”:

“This explains my own rather cavalier attitude toward the budget deficit and other monetary or fiscal problems. The task, as I saw it, was to create a new majority, which evidently would mean a conservative majority, which came to mean, in turn, a Republican majority - so political effectiveness was the priority, not the accounting deficiencies of government.”

Irving Kristol (The Public Interest, 1995):


Conspiração? Naa..... Pois se é tudo tão transparente...

02 outubro, 2007

Quem escreveu isto?

"The question is: how can society allow capital to make all the rules? I have never understood shareholder value as it leaves so many things out. Shareholders give their money just once, whereas the employees work every day."

..... eu sei mas não digo já. A resposta não deixa de encerrar uma certa ironia.

Espantalhos

Ao que parece, um estudo aponta para um curioso comportamente de alguns corvídeos. Provavelmente aquelas aves a que chamamos gralhas. Estas têm por hábito manter esconderijos com comida e outros objectos que apanham. Alguns espécimes, se notam a presença de outras gralhas quando estão a guardar coisas, mudam-nas de local, para outro fora de olhares indiscretos.
Dir-se-ia que há ali uma capacidade de ler intenções?
De qualquer modo, o referido estudo terá detectado um padrão ainda mais interessante. Os pássaros mais desconfiados são simultaneamente os que têm mais tendência a assaltar
os esconderijos de outros.

Gostaria de ter acesso mais directo a este estudo. Enquanto tal não acontece, fica a referência onde li isto. Um desabafo (como se traduz "rant"?) de Colman, do Eurotrib, sobre o que se passa na cabeça de quem vê inimigos em todo o lado. Fica aqui um aperitivo:

"In his extended jaw-drop at the stupidity of the Western™ elite Jérôme seems to be having trouble understanding why they’re so terrified of the world. Allow me to offer an explanation: they’re lying, thieving, fundamentally uncivilised scum who are terrified that everyone else is just as small-minded and selfish as them."

Estou Atrasado!

26 setembro, 2007

I've seen the light!

And it's not a bar-code scanner!

Sendo que para esta congregação eu devo ser o equivalente do Demo a tentar Jesus no cimo do monte, de todas as igrejas mais ou menos chanfradas que aparecem todos os dias nos EUA, esta não será a pior de todas.

The Church of Stop Shopping

"Statement of Belief ::
Reverend Billy and the Stop Shopping Gospel Choir believe that Consumerism is overwhelming our lives. The corporations want us to have experiences only through their products. Our neighborhoods, "commons" places like stoops and parks and streets and libraries, are disappearing into the corporatized world of big boxes and chain stores. But if we "back away from the product" - even a little bit, well then we Put The Odd Back In God! The supermodels fly away and we're left with our original sensuality. So we are singing and preaching for local economies and real - not mediated through products -- experience. We like independent shops where you know the person behind the counter or at least - you like them enough to share a story.We ask that local activists who are defending themselves against supermalls, nuke plants, gentrification -- call us and we'll come and put on our "Fabulous Worship!" Remember children... Love is a Gift Economy! — The Rev"


Claro que se os americanos pararem de comprar coisas de que não precisam, os terroristas ganham, de acordo com a recomendação do seu presidente nas sequência do 11/9.

25 setembro, 2007

Homem rico, homem pobre

Favela Paraisopolis, São Paulo.

Não sei quem tem pior vizinhança.

Editado para colocar o link de onde veio.

Acho que, em ficção, já existia uma história destas

Um casal divorciou-se porque se apaixonaram um pelo outro online.

24 setembro, 2007

Uma questão atormentou-me o dia todo.

Alguém por acaso sabe quais foram as últimas palavras de Marcel Marceau?
Só por curiosidade.

A ideia, não era uma grande ideia...

Dedicado ao meu amigo João Villalobos que não percebe o que escrevia o Aquilino Ribeiro nem o que lhe chega por sms.

"Ao largu u tracadu d amrnt marmoreado kom barra azul turkeza dv ser a ilha d paketá trra sglada dax xuas luxuriax. A baia em rposu absltu, akele rposu vexpertinu lembr 1 colxa antig esas clxas cor d sfira semeadax d ppgaios amarelox k kobrem n kuarto ds ospedex a cma em k ngm dorm. XXX"

Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas, Livraria Bertrand, Lisboa, 1979.

Traduzido mal e porcamente* para SMSês, numa altura em que eu devia estar era a trabalhar.

*Corrigido de acordo com as indicações do mike.
E mais um acrescento da minha lavra.

20 setembro, 2007

Momento WTF do dia

Da Wikipedia

"Gog and Magog are mentioned in the New Testament Book of Revelation, which draws on the depiction of them in the older prophetic works. They appear in verses 20:7-8:
7. And when the thousand years are expired, Satan shall be loosed out of his prison, And shall go out to deceive the nations which are in the four quarters of the earth, Gog and Magog, to gather them together to battle: the number of whom is as the sand of the sea.
8. And they went up on the breadth of the earth, and compassed the camp of the saints about, and the beloved city: and fire came down from God out of heaven, and devoured them. (KJV)

Here, Gog and Magog are identified as the nations in the four corners of the earth, and their attack is represented as an eschatological crisis after the Millennium, to be vanquished by divine intervention. The language of Gog and Magog's destruction is very similar to that of their mention in Ezekiel."

Por que é que me deu para falar disto?

Porque a Universidade de Lausanne revelou recentemente uma consulta feita pelo Eliseu, cerca de 2003, sobre Gog e Magog. Aparentemente, na tentativa de convencer Chirac a alinhar na guerra do Iraque, Bush ter-lhe-á dito que Gog e Magog estavam em acção no MédioOriente e que a profecias Biblicas se estavam a cumprir.


19 setembro, 2007

Poderes assimétricos

Se bem entendo a teoria liberal, no mercado de trabalho empregado e empregador devem ser livres de estabelecer os contratos que entenderem, porque estão em posições simétricas da mesma forma que quem compra um pão e um padeiro. A unica coisa que precisam é de concordar com o preço e o resultado é garantidamente o que mais interessa a ambas as partes.

Ou seja, um repositor do Wal-Mart é suposto estar numa posição relativa de poder de negociar as suas condições laborais com uma empresa que é responsável por 11% das exportações da China.

Há quem ache que é nestas alturas que fazem falta sindicatos, porque muitos sempre têm mais peso que um. Mas depois é preciso que as leis ajudem. No caso reportado, ajudam a Wal-Mart.

Depois de despedirem, ilegalmente, um trabalhador por este tentar organizar um sindicato, os responsáveis foram condenados a pagar uns milhares de dólares, correspondentes aos salários desde a data do despedimento. O crime compensa.

13 setembro, 2007

Guerra Perpétua

"The privatization of conflict. This is likely the critical factor that makes perpetual warfare possible. For all intents and purposes, the US isn't at war. The use of a professional military in combination with corporate partners has pushed warfare to the margins of political/social life. A war's initiation and continuation is now merely a function of our willingness/ability to finance it. Further, since privatization mutes moral opposition to war (i.e. "our son isn't forced to go to war to die") the real damage at the ballot box is more likely to impact those that wish to end its financing. To wit: every major presidential candidate in the field today now gives his/her full support to the continuation of these wars."

Daqui.

Por outro lado, se o limite é o dinheiro... o dólar vale cada vez menos. Quando a esperança está no colapso, tristes dias se vivem.

11 setembro, 2007

Já agora

Não sou da opinião de que o mundo mudou em 2001, por este dia.
Dá-me ideia de que ficou só ainda mais descaradamente igual a si mesmo.

Uma questão de direitos humanos

Face às pressões para os gestores de fundos americanos serem obrigados a pagar impostos sobre os seus rendimentos ao nivel do resto dos cidadãos, surge um argumento que é no mínimo surpreendente...

Além de clamarem que é um travão ao crescimento económico, porque penaliza o risco indispensável à inovação (arriscam o dinheiro dos outros, note-se), vêm dizer que são as minorias (mulheres e etnias) que vão ser mais penalizadas.

O artigo é curto e diz tudo melhor do que eu saberia.

10 setembro, 2007

Em jeito de apoio

...ao meu amigo João Villalobos, envolvido que está na vinda a Portugal do Dalai Lama, aqui ficam alguns ensinamentos budistas. Neste caso por alguém que já tem no curriculum tornar o mundo mais belo, quanto mais não seja pela presença da filha.


24 agosto, 2007

Eu estou de férias...

Mas felizmente há quem não esteja.

America to the rescue!

14 agosto, 2007

Uma ciência inútil?

Ontem tive oportunidade de assistir a uma entrevista com o economista Miguel Beleza (creio ser este o nome do senhor) na Sic Notícias . Independentemente do enorme ego evidenciado que me implicou com os nervos, não me considero minimamente qualificado para questionar as suas afirmações sobre a presente crise financeira.

No entanto retive uma frase, que ele pediu emprestada ao seu Guru, o economista Paul Samuelson, autor dos manuais escolares de uma grande maioria dos economistas que por aí andam:

"Os economistas não devem nunca fazer previsões, mas se forem mesmo obrigados a isso devem fazer muitas, uma delas pode acertar, e as pessoas pode ser que esqueçam todas as que estavam erradas." Isto ou qualquer coisa do género.

Ora, uma das caracteristicas da Ciência é a sua capacidade de permitir fazer previsões, que a experiência e o método confirmam ou não.

Se a realidade não confirma a teoria, esta deve então ser colocada em causa, e outras serem chamadas ao quadro.

Uma ciência que não permite fazer previsões é por definição inútil. Significa que os pressupostos, metodologias, o edificio intelectual, não encontram eco na realidade.
Para que servem então as coisas que aquele senhor ensina na sua cátedra? Mais valia ensinar astrologia... sempre era mais colorido.

Entretanto, o guru Samuelson, ao que parece, tem uma vasta experiência em previsões erradas por isso sabe do que fala
.

03 agosto, 2007

Bom fim de semana

Jornalismo de cloaca

A propósito da aquisição por parte de News Corp de Ruppert Murdoch do Wall Street Journal, tomei conhecimento de um pequeno episódio ocorrido com uma estação subsidiária da Fox News, de Murdoch.

Dois jornalistas foram despedidos de uma estação por se terem recusado a distorcer factos numa notícia. No litígio que se seguiu, a defesa da estação apelava à primeira emenda da Constituição Americana, que de acordo com eles lhes conferiria o direito de mentir ou distorcer a verdade, em nome da liberdade de expressão.

Este e outros casos são analisados no documentário OutFoxed, disponível no Google Video

31 julho, 2007

Tenho um cérebro simples

Natalidade lembrou-me Nathalie.

Crescei e multiplicai-vos todos?

Não percebo esta obsessão com a Natalidade. Pois se ainda há uns anos se apontava o excesso de população como um dos maiores problemas a enfrentar neste inicio de século...

A não ser que a população em excesso só seja um problema quando não tem a mesma cor que nós.

Mas tirando do caminho as teorias de conspiração baseadas na supremacia racial, o que nos fica no colo é uma obsessão irracional com o crescimento. O crescimento em geral. Dir-se-ia que todos os modelos que servem para fazer as contas e projectar o futuro só dão resultados positivos se continuarmos a crescer indefinidamente.

O meu senso comum diria que tendo como exemplo Portugal, com a sua população de 10 milhões, mais 500 000 menos 500 000, e não sendo um pais muito rico em recursos teria vantagem e não se esticar muito em termos de população.

Se o nosso ponto de equilíbrio população/recursos for, por exemplo, 7 milhões, pois que seja. Nascem menos uns bebés durante uns anos, porque a vida não anda fácil, e depois a coisa naturalmente equilibra, quando a fatia do bolo que calha a cada um for maior. Ou assim se desejaria.

Mas pelos vistos esta perspectiva ou não ocorre ou, se ocorre, não tranquiliza. Normalmente é apontada como principal fonte de preocupação a situação da segurança social. Mas eu diria que essa preocupação seria forçosamente temporária. Eventualmente, as pessoas morrem.

Por outro lado, num pais onde, segundo um número que ouvi algures, 400 000 portugueses vivem de rendimentos e que é um dos países da OCDE onde maior percentagem de valor do trabalho é apropriado pelo patronato, desenha-se de facto um cenário preocupante, mas para quem vive do trabalho dos outros. Haverá cada vez menos gente cujo trabalho explorar.

Outra perspectiva. Numa sociedade com uma classe dominante que captura uma grande parte dos recursos, o sucesso reprodutivo deve ser assegurado por aquela. Normalmente isso coincide com a prática de poligamia. Mas quem fica de fora não acha graça, como se pode ver com os exemplos do artigo do Psychology today.

Enfim, não sustento que estas visões sejam mais esclarecidas do que a predominante. Apenas acho que há mais factores em jogo nesta questão do que normalmente é discutido. E sobretudo questiono modelos que se baseiam em crescimento indefinido. Que eu tenha notado, o planeta não cresceu muito no último milhão de anos.

29 julho, 2007

Primeira vez

A primeira vez que ouvi Tom Waits foi a ver este clip, num daqueles programas de "Telediscos" que davam por alturas de 1985. Rod Stewart nunca devia ter chegado perto da partitura...



A guitarra é Keith Richards.

26 julho, 2007

Serviço Postal



Quando há uns meses descobri a versão de William Shatner do "Common People" dos Pulp, fiquei curioso acerca dos músicos que com ele alinhavam. Tratava-se de Ben Folds e amigos.
Tem ao que parece uma discografia própria, mas de tudo o que vi até agora concluo que se trata de um grande instrumentista que faz grandes covers. Como esta do tema "Such great heights" dos Postal Service.

25 julho, 2007

Memetismo

Creio que esta pequena palestra (quinze minutos) de Dan Dennett fica bem depois do post anterior.




Para quem não conseguir ver tudo, em principio pode fazer o download aqui.

Ou ver na fonte aqui.

23 julho, 2007

Psicologia ontem

O artigo abaixo levanta o véu sobre o que a psicologia moderna, pelo menos na sua vertente evolucionista, considera motivos básicos da nossa vivência, mas em que temos dificuldade em nos revermos. Poligamia, preferencias sexuais, estratégias reprodutoras... etc.

Para já, percebemos que tudo tem mais ou menos que ver com sexo. Quase parece um regresso ao mais elementar Freud. Mas neste ponto há que ter uma coisa em consideração. A psicologia evolucionista procura precisamente estabelecer quais os traços da nossa natureza que são resultado de adaptação evolutiva. Que resultaram da selecção natural, não esquecendo que 99% da história humana ocorreu em sociedades primitivas de caçadores recolectores.

O decisor último da permanência de uma característica é a sua contribuição para o sucesso reprodutivo de um individuo, colocando a coisa de forma simplificada. Se ajuda a ter mais filhos, tende a ficar. Se estorva, tende a desaparecer. Por isso, muito do que a psicologia evolucionista tem para afirmar, tem que ver com sexo. Não apenas, mas muito.

Quando confrontados com estes factos tendemos a ficar incomodados. Quanto mais não seja por uma forma de determinismo que em si nos repugna, e à nossa noção de livre arbitrio, e também porque não nos revemos muitas vezes na natureza "humana" que é retratada. Afinal, dizem que os homens preferem as louras, mas eu prefiro morenas. Como é que é?

Um facto que por vezes é negligenciado, e aquele artigo é um exemplo disso, é a explicação de que estes dados se aplicam a populações mas não a individuos. Podemos dizer que os portugueses preferem as louras se 99% o fizerem. Mas não podemos dizer que "este português prefere louras" porque ele pode sempre pertencer aos 0,7% que preferem morenas (os outros 0,3 deixei para as ruivas, mas não se ofendam que posso inventar outras estatisticas de que gostem mais) . Isto invalida descriminações individuais com base em características do grupo. Por exemplo, é comum dizer-se que as mulheres são menos dadas à Matemática ou à Fisica Quantica, mas não faltam as excepções. Do mesmo modo há homens que conseguem dar atenção a mais que uma coisa ao mesmo tempo. (Mas sempre os achei enfeminados...)

Além de todas estas considerações estatisticas, há que ter em conta que a cultura conta. Se há coisa que já mostrou que pode ser mais poderosa que os genes, são os memes, as ideias enquanto agentes autoreplicadores.

No artigo há uma explicação para a facilidade em encontrar jovens suicidas entre muçulmanos. De acordo com ela, são os que perderam o bilhete na lotaria da reprodução, nesta terra, e tentam comprar um novo para a vida eterna. Se os genes fossem tudo, isto não pegava.

Ainda sobre este assunto li, a propósito das ultimas tentativas falhadas em Inglaterra, alguns comentários do tipo "Estes individuos eram médicos, bem na vida, não tinham nenhuma razão para fazer uma coisa destas". Se a tese dos jovens perdedores fosse a única que conta, esses comentários talvez tivessem razão de ser. Mas o que eles também traduzem é o entranhado individualismo de quem os faz.

Para estas pessoas parece plausível, mesmo que não a tenham presente, a tese defendida no artigo. É o que está implicito nas suas palavras.
Já não lhes ocorre que alguém que tenha bastante a perder, ainda assim o faça por uma causa maior, solidário para com os seus.

Psicologia

Este artigo da Psychology Today já não é de hoje, mas levanta algumas questões interessantes.
Ten Politically Incorrect Truths About Human Nature

É coisa para depois dar a minha colherada.

20 julho, 2007

Sitting too close

to the Television

Excepção

Normalmente não comento noticias nacionais e actualidades, há suficientes blogues para fazer isso por aí. Mas isto é demasiado grave para não ser comentado, denunciado, o que quer que seja.

As confederações patronais pretendem que venha a ser possível o despedimento por motivos políticos ou ideológicos, defendendo por isso o fim do artigo da Constituição que impede esta possibilidade. Em conunicado, estas confederações defendem ainda a limitação da greve aos interesses colectivos profissionais.


Não sei o que esta gente tem na cabeça, mas a impunidade tem que ter limites. Não os podemos despedir do país? Por razões ideológicas.

Adenda: Um pouco mais a frio creio que isto é capaz de ser um caso clássico de uso da Janela de Overton. Propõem-se uma série de medidas, uma das quais completamente escandalosa, e as outras face a esta ficam a parecer mais razoáveis. O importante é perceber isso e não ceder a nenhuma.

17 julho, 2007

2 tipos de vinho

Hans Rosling tem um vizinho que conhece centenas de tipos de vinho. Hans Rosling diz que apenas conhece dois, branco e tinto. Mas em compensação, o vizinho de Hans Rosling conhece apenas dois tipos de países, "industrializados" e "em desenvolvimento". Hans Rosling conhece quase duas centenas. E sabe que são todos diferentes.

São cerca de 20 minutos.



Para quem tiver outros 20, recomendo a apresentação de 2006, um marco.

16 julho, 2007

Back to basics

Os proponentes da Agricultura Biológica frequentemente são descartados como a ultima forma da ecologia caviar. Uns "luditas" que defendem uma espécie de regresso às origens e se todos fizessem como eles o mundo morria à fome.

Pois bem, um estudo feito na Universidade do Michigan concluiu que as explorações de agricultura biológica podem dar resultados pelo menos tão bons como a agricultura intensiva e, em alguns casos, melhores.

Assim concluiram que com a actual área cultivada daria perfeitamente para produzir biologicamente para toda a população mundial, e mais uns que vierem.

E já agora, sem estragar todo o resto à volta.

Citado da noticia:(Reuters)
"Corporate interest in agriculture and the way agriculture research has been conducted in land grant institutions, with a lot of influence by the chemical companies and pesticide companies as well as fertilizer companies, all have been playing an important role in convincing the public that you need to have these inputs to produce food"

Mas há que produzir Roundup, porque assim se pode vender trangénicos à prova de Roundup, para assim se monopolizar a produção de comida mundial.
Além disso é muito melhor para o PIB....

13 julho, 2007

First of the gang to die

Nunca fui um grande fan dos Smiths nem segui a carreira de Morrisey. Mas recentemente descobri que gosto bastante desta canção.




Por falar em canção, fiquei a saber no outro dia que não era "bem" dizer canção. Mas como então chamar a uma coisa que se canta?

12 julho, 2007

Vai ser óptimo mesmo antes do fim.

Com um agradecimento a Starvid.

Lembrou-me o Império dos Sentidos.

10 julho, 2007

Classe

Hoje em dia, em certos meios e quadrantes políticos é usual ouvir dizer que não faz sentido falar em classes. Que é uma linguagem antiga, que ninguém está preso à condição em que nasce, porque no maravilhoso mundo onde vivemos qualquer um, com esforço e dedicação pode ascender socialmente a qualquer posição, assim tenha o talento e o mérito.

O que me leva a um artigo de Bernard Chazelle sobre os acontecimentos que tiveram lugar em França já há uns tempos, os célebres levantamentos dos Banlieu.

A tese de Chazelle é que a Igualdade decretada pela República Francesa impediu aquele país de implementar medidas de integração dos franceses de segunda geração. Afinal, se todos são iguais por lei, não faz sentido haver leis com base nas diferenças.

E a verdade é que basta ver os comportamentos dos empregadores e a discriminação que fazem entre quem tem um nome francês ou outro oriundo do Norte de África para perceber quão racista é ainda a França.

Ou seja, não é por sermos iguais perante a lei que nos passamos a ver como tal.

Da mesma forma, não é por dizermos ou decretarmos que não há classes que elas deixam de existir. Talvez o formalismo hereditário de outrora tenha sido substituído pelo estatuto económico, e este teoricamente esteja ao alcance de todos numa “democracia liberal”.

Mas hoje sabe-se que em países como os Estados Unidos a mobilidade social é muito menor do que na maior parte dos países da Europa. O sonho americano, consagrado na ideia de que qualquer que seja a condição do seu nascimento, todos podem vir a ser Presidentes, é de facto um sonho, porque como diz George Carlin (que, como prometi, passarei a citar e referir sempre que possa): é preciso estar a dormir para acreditar nele.

Em França a intenção não seria perpetuar o racismo, mas o resultado foi esse. Mas não estou certo de que os detractores da ideia de classe sejam tão inocentes assim.

Negar que existem classes é a melhor forma de as perpetuar. Não reconhecendo que a mobilidade social é mínima, não se implementam as medidas que tendem a aumentá-la – correndo o risco de me repetir: educação, saúde, segurança social.

07 julho, 2007

Modern Man



Aviso toda a gente que se depender de mim este blog vai ter muito mais George Carlin.

05 julho, 2007

5 de Julho

Ontem, quando me lembrei que era 4 de Julho já eram 23:59....

03 julho, 2007

Há coincidências curiosas.

Este fim de semana, por sugestão d’O Bitoque, tive oportunidade de ver online o documentário “The trap-What happened to our dreams of freedom?” de Adam Curtis, produzido para a BBC. Nele o autor explora as origens da cultura de individualismo que assola a Grã-Bretanha e não só, as raízes do neo-liberalismo, e as consequências deste na destruição das instituições públicas, da ideia de sociedade, e no fomento das desigualdades e de um sem número de “doenças mentais” que afinal são apenas reacções de pessoas saudáveis a uma sociedade doente.

A coincidência ocorreu por, este fim de semana também, na minha lenta leitura de Karl Polianyi, chegar à parte de “The great transformation” em que ele enuncia os princípios “naturalistas” em que os liberais do século 19 se basearam para legitimar uma ideia de equilíbrio atingido pela ausência de interferências.

Assim, enquanto os neo-liberais se apoiavam na matemática da Teoria dos Jogos, desenvolvida por Nash, para demonstrar como agentes autónomos e egoístas (self-interested) podiam ganhar consistentemente no confronto com outros, os liberais de antanho olhavam para os equilíbrios nas populações de predadores-presas para defender que a “ordem” podia emergir naturalmente quando não existe interferência externa, de onde concluíam que o mercado atingiria o equilibrium desejado se fosse deixado à sua dinâmica própria.

O mesmo mecanismo intelectual reemergiu, portanto, desta vez suportado por uma imensidade de números. No documentário de Curtis, é salientado o papel dos estrategas da guerra fria sediados na Rand Corporation, na elaboração de modelos matemáticos à volta desta visão “racional”, egoísta e isolacionista da natureza humana.
É sintomático que quando pessoas normais participavam nos “jogos”, não escolhessem as estratégias “ganhadoras” mas sim as que privilegiavam a cooperação. Mas isso pelos vistos não fez recuar quem insistiu em manter esse retrato “robot” do ser humano em todos o modelos de interacção desde a economia até à psicologia familiar.

Polanyi escreveu o seu livro cerca de 1940. Acreditava que a guerra que eclodia então era o ultimo e mais terrível estertor provocado pelos 100 anos de liberalismo que o haviam antecedido. Acreditava que a sua época ia ser recordada como o fim de uma perigosa e destruidora experiencia social. Infelizmente, nisso estava errado, em todo o resto parece ter visto bem.

28 junho, 2007

Será desta?

O economista Chefe da Agencia Internacional de Energia, numa entrevista recente ao “Le Monde” afirmou que se o petróleo do Iraque não fluir, e fazendo alguma fé nas reservas anunciadas pelos países produtores, o mundo vai ter problemas sérios em 2015.

O principio do fim do petróleo deverá coincidir com o pico do crescimento na China. Como o mundo vai reagir a esses dois acontecimentos, é uma incógnita, embora seja de prever muita angústia e ranger de dentes.

As alternativas renováveis estão aí, prontas a eclodir, mas nem todas são sensatas, e nem todas estarão à altura da procura em tempo útil.

O Bio-fuel é o maior barrete e o maior perigo. Sobretudo o de primeira geração que essencialmente tira da boca de quem tem fome para meter no depósito de quem tem carro. Para terem uma ideia, as metas de substituição de 7,5 % do petróleo no mercado americano por bio-fuels implicaria o deslocamento de TODA a produção de milho e soja americanos para produção de energia.
Isso não se espera que aconteça, o que se espera é que sejam os países do 3ª mundo a abraçar esta “oportunidade”, o que muitos já parecem prontos a fazer, à custa das suas florestas, da auto-suficiência alimentar das suas populações e das suas reservas de água, já que é preciso regar isto tudo.

O nuclear, com todos os perigos, tem que ser considerado, mas dificilmente se construiria a capacidade necessária em tempo útil.

Há os outros meios de produção considerados mais limpos e sensatos mas ainda com fracos investimentos. A pressão das elites económicas para deixar ser o mercado a decidir, favorece soluções de baixo investimento inicial, como o regresso ao carvão, em vez de tecnologias mais sustentáveis a longo prazo mas mais exigentes e menos rentáveis a curto.

A única solução viável é uma pulverização da produção de energia, com os estados a manterem uma rede e uma capacidade de produção em larga escala de papel estratégico, para responder a picos de procura e falhas ocasionais, mas o grosso da produção a ser garantida ao nivel local e até individual.
Assim, a energia deveria ser um mix, de energia solar, fotovoltaica e outras, eólica, geotérmica, nuclear, etc. E deverá acima de tudo ser atacado o factor “procura” através de mais eficiência por um lado, e por outro de redesenho das concepções das cidades e dos hábitos das pessoas.

Algumas destas coisas podiam ser começadas já, outras teria que ser pensadas e implementadas á medida que as concepções obsoletas chegam ao fim do seu ciclo e há oportunidade para renovar. De qualquer modo, não vai ser fácil.

O fim do petróleo deve preocupar-nos? Sim porque implica dificuldades e mudanças. Mas deve ser visto como a grande oportunidade para melhorar o mundo, que é.

Dito isto. Is it the end of the world as we know it?

26 junho, 2007

Homens a sério



Numa altura em que tanta blogosfera se preocupa com as questões do orgulho gay, achei por bem marcar uma posição dando o exemplo de Sean Connery (para quem não tenha reconhecido). Um homem a sério.

25 junho, 2007

Altruismo congénito

Com o recurso a imagiologia cerebral, foi possivel já identificar as partes do cérebro que são activadas quando participamos em actos de generosidade. Em principio o que os neurologistas estão a ver é o sujeito da experiencia a sentir-se bem consigo próprio.

Isso já seria um facto interessante. Mas os cientistas são cientistas porque tentam colocar mais perguntas e obter mais respostas. Assim, um grupo de neurocientistas e economistas da universidade do Oregon tentou perceber melhor as nuances do altruismo.

Traduzindo por alto:
Os sujeitos, estudantes como é costume nestas coisas, recebiam 100 dolares e depois com o auxilio de um computador, o seu dinheiro era redistribuido segundo padrões diversos. Eles podiam voluntariamente auxiliar uma causa nobre, um banco alimentar, podiam ver o seu dinheiro ser diminuido e aplicado no banco alimentar, como um imposto, e outro resultado possivel era o dinheiro ser distribuido aleatoriamente quer aumentando o proprio peculio, quer indo parar ao banco.

O resultado interessante desta experiencia é que do ponto de vista da reacção cerebral dos sujeitos, além dos esperados resultados para os que doavam voluntariamente, foi o facto de a mesma reacção acontecer quando o "imposto" fazia o dinheiro ir parar ao banco alimentar. Além disso foi identificado um grupo chamados de puros altruistas que tinham uma reacção mais positiva quando no processo aleatório o dinheiro ia parar ao banco alimentar em vez de engordar a carteira.

Isto dá a devida relevância ao facto de que, para um numero significativo de pessoas e é pena o artigo não quantificar, o bem público é de facto mais importante que o pessoal. Que um imposto bem aplicado é visto como um bem e não um roubo. E que, mais importante do que tudo, a natureza humana tem muito mais nuances do que o que pintam os comodistas dos economistas neo-clássicos.

Os exemplos multiplicam-se. Uma multitude de dados da psicologia moderna sustentam a visão de um ser humano social, solidário, que vive melhor com regras e limites, que precisa de ancoras relacionais, de controlo sobre a sua vida, de capacidade de prever minimamente o futuro e ter projectos de vida com os quais possa crescer pessoal e socialmente.

Mas há um paradoxo dificil de ultrapassar quando se imagina como colocar este conhecimento no quadro de uma visão politica. De uma forma geral as pessoas não se vêem como são, e tendem a rejeitar a sugestão, e nem falo da imposição, de normas que dirijam as suas escolhas. Mesmo que o resultado final fosse melhor para cada individuo e para todos.

Um exemplo típico é o abordado por Barry Schwartz, de que já aqui falei, no seu "O paradoxo da escolha". Como convencer as pessoas de que é melhor escolher entre 5 do que entre 50?
Limitar a escolha a priori parece contra intuitivo. Mas a verdade é que a posteriori, a escolha que foi feita entre menos opções tende a gerar mais satisfação.

Historicamente, as religiões têm sido os instrumentos humanos mais eficientes para encarar este tipo de problemas. O argumento sobrenatural é bastante eficaz em condicionar a vida das pessoas dando-lhes por um lado as regras de que precisam e por outro um sentido, bem como a sensação exaltante de pertencer a algo maior.

Uma sociedade humanista e materialista, é claro, não pode aceitar esse mecanismo, que de resto tem os lados negros que todos conhecemos. Parece-me que é um dos grandes desafios que se colocam actualmente: a construção de uma narrativa cativante para uma ideia de humanidade mais próxima de si mesma.

Uma sugestão: mais psicologia nas escolas, mais cedo. A exposição das pessoas aos resultados de muitas das experiências feitas nos laboratórios das universidades, leva muitas vezes os sujeitos a uma mudança de percepção sobre os outros e sobre si mesmo. Uma melhor compreensão das forças que actuam sobre as decisões e dos resultados das mesmas. Há que começar por algum lado...

22 junho, 2007

E esta deve ser

Uma das minhas canções favoritas.





Bom Fim de Semana.

35 000 anos



Uma escultura de mamute, encontrada na Alemanha.

21 junho, 2007

Se não fossem os jogos de computador

Eu não sabia quem eram os "Ink Spots"



o grupo dos anos quarenta que canta "Maybe"

19 junho, 2007

Urgência

Podia ter deixado esta citação para amanhã, mas achei que não valia a pena esperar.


Every gun that is made, every warship launched, every rocket fired, signifies in a final sense a theft from those who hunger and are not fed--those who are cold and are not clothed. This world in arms is not spending its money alone--it is spending the sweat of its laborers, the genius of its scientists, the hopes of its children.

Dwight Eisenhower, Speech (1953)

Alguma coisa se perdeu na América.

Blockbusters

Há uns anos, pela edição das versões revistas dos primeiros episódios da saga Star Wars, li um interessante artigo cujo norte perdi, que defendia a tese de que a obra de Lucas era responsável pela interrupção abrupta de uma das mais promissoras épocas do cinema americano.
Depois de Star Wars, nada foi como dantes. A receita de bilheteira do primeiro filme passou a ser a bitola. Qualquer coisa que desse menos retorno seria preterida em favor de outra mais promissora.
A tese do artigo é que passou a haver uma “infantilização” das audiências. E é difícil não concordar, atendendo a que no ano anterior a Star Wars o filme mais visto nos EUA havia sido Táxi Driver.

Passou-se no mesmo, nos anos 70 na economia global. Uma combinação de novas técnicas financeiras e a saída do Dólar do padrão ouro estipulado pelo acordo de Bretton Woods (onde a seguir à segunda guerra mundial se estabeleceram as instituições financeiras FMI e Banco Mundial, teoricamente destinadas a revitalizar os países devastados pela guerra no sentido de restabelecer um equilíbrio mundial), encheu o mercado financeiro mundial de dinheiro barato, e operações financeiras de elevada rentabilidade, que passaram a ser a bitola para a actividade económica. Qualquer negócio que não atinja esse nível de lucros passa a ser “underperformer”. Assim, a actividade económica passou a ser protagonizada por especuladores financeiros em busca de lucros elevados e rápidos em detrimento do industrialista com visão de longo prazo que era o paradigma até aos anos 70.

Hoje vivemos as consequências disso. Todos tentam ser um blockbuster económico, e não olham a meios porque a única medida que lhes interessa é quanto é que vai haver no box-office.
Não lhes interessa a alienação causada, o desperdício de recursos, a qualidade, a sustentabilidade. Nada. Mas os “fan-boys” insistem que lucros é bom, quanto mais melhor, e se nos voltamos contra isso é porque temos inveja.

17 junho, 2007

Domingo

Tinha aqui um link para o youtube mas alguém reclamou do copyright. O rato mickey volta a atacar....

14 junho, 2007

“Liberdade” e “igualdade”

O antagonismo entre liberais (económicos) e qualquer outra visão com maior componente social, é normalmente caracterizado por aqueles em termos de "liberdade" versus "igualdade".

O esquema é simples, todos queremos ser livres, e nenhum de nós quer ser mais um, igual, no meio de muitos, por isso é fácil conseguir uma adesão emocional imediata a este pressupostos. Mesmo sendo completamente falaciosos.

Qualquer pessoa que fale responsavelmente de igualdade sabe que não se trata de igualdade no final, todos vestidos de túnicas azuis, já que a variabilidade da experiência humana torna isso impossível, mas sim de uma igualdade a priori, nas oportunidades.

Um estudo recente demonstrou em Inglaterra que as crianças mais pobres, (20% em Inglaterra, como cá...) quando entram para a primária já levam um considerável atraso educacional e social, em relação à classe média.
Para um liberal, a culpa é dos pais, que são pobres. Mas para um liberal, haver pobres é uma consequência natural de haver ricos. E é melhor haver alguns pobres, do que não haver ricos. Mas se perguntarmos quantos pobres é razoável haver, e quando é que é legitimo dizer aos ricos que já chega e está na hora de partilhar um pouco isso, a resposta é “nunca” porque a liberdade está primeiro, e isso seria tolher a liberdade do rico.

O que nunca pode acontecer para um liberal, é a sociedade reconhecer que há uma desproporcional distribuição de recursos, fruto de assimetrias nas relações de poder, e obrigar a que parte desses seja conduzido para atenuar as desigualdades, proporcionando educação, saúde e segurança aos menos afortunados (Porque é de sorte que se trata, ninguém escolhe a condição do seu nascimento) Isso seria um atentado à “liberdade” de cada um.

Um outro argumento é que as sociedades menos igualitárias têm um melhor desempenho económico. Isto já seria um mau argumento, porque significava que se assumia que é bom haver pobres para os ricos poderem ser mais ricos, já que a redistribuição da riqueza não acontece.
Nem isso sequer é verdade. Por um lado, podíamos dar o exemplo nórdico, mais igualitário, e compará-lo com uma Argentina. Ou podíamos comparar a Noruega com a Venezuela pré-Chavez, ambos com petróleo...

Mas não é preciso no entanto usar estes exemplos carregados. Basta olhar para os Estados Unidos nos últimos 60 anos, e ver a diferença entre os primeiros 30 e os últimos 30. A produtividade no primeiro período, de maior igualdade, é em média 0.6% maior do que no segundo. E se for corrigida para “produtividade útil” (que se traduz em nível de vida) é superior em 1,3%.
Mais desigualdade não significa uma economia mais vibrante.

Por fim, ficou-me na memória, mal, algo que li num blog. “Mesmo que o liberalismo economicamente fizesse toda a gente miserável, seria preferível.” Não sei que espécie de liberdade estes liberais acham que um miserável tem. Experimentem não ter trabalho, não ter que comer, não ter o respeito dos outros, não ter futuro, nem esperança, não ter dignidade, e vão ver a vontade que têm de sorrir e dizer “Ah... Mas sou livre!”.

12 junho, 2007

Mercado de trabalho

Deixar que o mecanismo do mercado seja o único director do destino dos seres humanos e do seu ambiente natural (…) resultaria na demolição da sociedade.
Porque o alegado produto “trabalho” não pode ser movido, usado indiscriminadamente, ou mesmo ser deixado sem uso, sem afectar também o indivíduo humano que acontece ser o depositário deste peculiar produto. Ao dispor assim da força de trabalho de uma pessoa, o sistema iria consequentemente dispor da entidade física, psicológica e moral “pessoa” apensa a esse trabalho. Desprovidos da cobertura protectora das instituições culturais, os seres humanos pereceriam sob os efeitos da devassidão social: morreriam vítimas de deslocação social aguda, pelo vício, perversão, crime e fome.
A natureza seria reduzida aos seus elementos, povoações e paisagens profanadas, rios poluídos, a segurança militar colocada em risco, o poder de produzir alimento e matérias-primas destruído.

Karl Polanyi “The Great Transformation”

(tradução minha… )

10 junho, 2007

Meta jogos

Há uns anos, Visahs, um clérigo morto-vivo costumava aventurar-se com os seus companheiros de Guilda, enfrentando monstros, procurando tesouros, e divertindo-se.

Quando havia tesouros para dividir, tirava-se à sorte. Quando alguém se escusava de participar do sorteio, Visahs lembrava sempre:”Se cada um cuidar de si, é melhor para todos.”. E chegava a ficar genuinamente irritado quando alguém, como o guerreiro Bonesnap, este vosso criado, sistematicamente declinava participar da partilha dizendo “Passo”.

Para quem achar que me passei de vez, tudo isto se passava no universo virtual de World of Warcraft. Nunca conheci o jogador por trás de Visahs, mas é bom de ver que acreditava devotamente no poder da mão invisível.

Mas esta não foi a minha experiência mais marcante no mundo dos Jogos para múltiplos jogadores online. Essa está reservada para um jogo mal sucedido chamado Jumpgate. Uma espécie de star wars, mas em que 3 facções competiam entre si pelo domínio do espaço conhecido, e todas contra um alienígenas cor-de-rosa com ar de moluscos.

Este jogo tinha dois servidores, um europeu e outro norte-americano, independentes. Formavam assim duas comunidades que usavam recursos idênticos de forma muito diferente. O servidor americano era conhecido por ser muito competitivo, agressivo, e uma quantidade infinda de recursos era necessária para alimentar aquele estilo de jogo. Assim a “economia do jogo” estava sempre a ser alimentada artificialmente pelos gestores garantindo que todas as naves e equipamentos estavam permanentemente disponíveis para todos. Se isso falhava, surgia logo um coro de protestos.

O servidor europeu era bem diferente, havendo bastante conflito, os europeus tinham um grande prazer em cooperar para gerar e gerir internamente os recursos, aceitando com naturalidade os períodos de escassez que aconteciam depois de um conflito em larga escala, e cooperando, mesmo com inimigos, por vezes, para restabelecer níveis mínimos de prosperidade económica.

Imagino que isto seja tudo um pouco abstracto para quem não está familiarizado, mas acreditem que é uma bela metáfora para o que são as sociedades, e os mitos de um lado e outro do atlântico.

Mas Jumpgate ainda tinha algo maior reservado. Entre os jogadores, havia alguns com estatuto especial, voluntários que ajudavam a criar eventos, lidar com a comunidade, etc. Em dada altura um desses jogadores, na sua vida real, teve diagnosticado um cancro. Pelo Sistema de Saúde inglês, o tratamento que o poderia salvar não lhe podia ser facultado gratuitamente e ele não tinha pura e simplesmente os meios para o pagar.

Isto espalhou-se entre a comunidade, e não demorou muito que se criasse uma conta para recolhas de fundos. Eventualmente o dinheiro suficiente foi reunido e mais tarde soubemos que o tratamento tinha tido sucesso.

Desde então passei a ver com outros olhos estas comunidades virtuais. Pessoas que apenas se conheciam de um ambiente competitivo, em que o objectivo era superiorizarem-se numa espécie de guerra virtual, que usavam linguagem agressiva para insultar adversários ou humilhar, não hesitaram chegada a hora, em fazer tudo ao seu alcance para salvarem uma vida que nem conheciam.

“Se cada um cuidar de si, é melhor para todos”? Não me parece nada.

07 junho, 2007

Assim de repente

Não me ocorre nada... ando para fazer um post sobre umas coisas que aconteceram há mais de 30 anos. Outro para falar outra vez de politicas de felicidade. Também teria qualquer coisa para dizer dos candidatos americanos republicanos e democratas...

Mas esta semana acho que fico por aqui, mesmo.