30 junho, 2008

The Wire

Dediquei uma boa parte do meu tempo livre nas ultimas 3 semanas a devorar os DVD's da série "The Wire". Em Portugal, "A escuta".
Creio que finalmente vai aparecer num dos canais do Cabo, um daqueles que eu não tenho, mas fica o alerta para quem ficar com curiosidade depois de ler este post.

Se gostam mesmo é do CSI, podem passar à frente.
The Wire é uma série policial criada por David Simon e passa-se em Baltimore. Quando comecei a ver, lembrei-me de uma série chamada "Brigada de Homicidos" passada na mesma cidade, e que por cá andou nos anos 90, e vim a descobrir ser do mesmo autor, um antigo reporter criminal do Baltimore Sun.

Que tipo de série é The Wire?
Nada como deixar o autor falar:

"The Wire is a Greek tragedy in which the postmodern institutions are the Olympian forces. It’s the police department, or the drug economy, or the political structures, or the school administration, or the macroeconomic forces that are throwing the lightning bolts and hitting people in the ass for no decent reason. In much of television, and in a good deal of our stage drama, individuals are often portrayed as rising above institutions to achieve catharsis. In this drama, the institutions always prove larger, and those characters with hubris enough to challenge the postmodern construct of American empire are invariably mocked, marginalized, or crushed. Greek tragedy for the new millennium, so to speak. Because so much of television is about providing catharsis and redemption and the triumph of character, a drama in which postmodern institutions trump individuality and morality and justice seems different in some ways, I think."

"I pitched The Wire to HBO as the anti–cop show, a rebellion of sorts against all the horseshit police procedurals afflicting American television. I am unalterably opposed to drug prohibition; what began as a war against illicit drugs generations ago has now mutated into a war on the American underclass, and what drugs have not destroyed in our inner cities, the war against them has. I suggested to HBO—which up to that point had produced groundbreaking drama by going where the broadcast networks couldn’t (The Sopranos, Sex and the City, et al…)—that they could further enhance their standing by embracing the ultimate network standard (cop show) and inverting the form. Instead of the usual good guys chasing bad guys framework, questions would be raised about the very labels of good and bad, and, indeed, whether such distinctly moral notions were really the point.

The show would instead be about untethered capitalism run amok, about how power and money actually route themselves in a postmodern American city, and, ultimately, about why we as an urban people are no longer able to solve our problems or heal our wounds. Early in the conception of the drama, Ed Burns and I—as well as the late Bob Colesberry, a consummate filmmaker who served as the directorial producer and created the visual template for The Wire—conceived of a show that would, with each season, slice off another piece of the American city, so that by the end of the run, a simulated Baltimore would stand in for urban America, and the fundamental problems of urbanity would be fully addressed.

First season: the dysfunction of the drug war and the general continuing theme of self-sustaining postmodern institutions devouring the individuals they are supposed to serve or who serve them. Second season: the death of work and the destruction of the American working class in the postindustrial era, for which we added the port of Baltimore. Third season: the political process and the possibility of reform, for which we added the City Hall component. Fourth season: equal opportunity, for which we added the public-education system. The fifth and final season will be about the media and our capacity to recognize and address our own realities, for which we will add the city’s daily newspaper and television components."

The Wire foi já considerada "A melhor série que você nunca viu" por alguns, já que o seu sucesso não foi imenso e imediato. Só na quarta época o público "got it".
Obrigado ao meu amigo Nuno por insistir que eu comprasse a caixa de DVD da primeira série, que a worten vendia por um preço jeitoso.

23 junho, 2008

22 de junho

Isto é só para ver se me lembro de fazer um post daqui a 6 semanas.

18 junho, 2008

Nisto, eu acredito

If everyone could, you know, love Alfred Hitchcock, I think it would be a better world.



Hitchcock, ou mesmo Joe Pesci...

16 junho, 2008

Nuvens escuras

Estou pessimista.
Normalmente sou um optimista, mas ultimamente não encontro muitas razões para isso.

Hoje, podemos preocupar-nos com muita coisa: o dinheiro, a alimentação, o combustível, o clima, as relações sociais (trabalho, família, a organização das cidades e os estilos de vida a que estamos obrigados), a guerra, aqui e ali. Sendo essas coisas más em si mesmas não são elas que me preocupam.
O que me preocupa, é que aqueles “especialistas” que defenderam constantemente as posições e politicas que nos trouxeram até aqui, a este ponto preocupante, são os mesmos que continuam a ser ouvidos quando a maior parte de nós já percebeu que é preciso algo diferente.

Os que diziam que a guerra do Iraque se justificava, os que diziam que por isso o petróleo ia baixar, os que diziam que o clima não estava a mudar, os que diziam que os países mais pobres deviam abrir as suas fronteiras aos alimentos produzidos pelos mais ricos, os que diziam que o mercado imobiliário nunca desvaloriza, os que diziam que não precisamos de industrias e agricultura que agora vivemos todos de ideias, são os mesmos que têm agora os microfones à frente e de onde os nossos “jornalistas” esperam tirar um vislumbre do futuro e das soluções que a ele nos vão levar.

Entretanto, as vozes que tinham razão continuam a ser apelidadas de radicais, malucos, alarmistas, ou agentes da conspiração da Coreia do norte para dominar o mundo.
É por isso que eu acho que isto não vai correr bem.

A não ser que…

12 junho, 2008

E se uma casa

Fosse como um livro, uma história ou uma aventura?
Já agora, alguém se lembra de ler "A família Cherry"?

(Obrigado, José, o Alfredo).

02 junho, 2008

O Ouro Do Brasil

Há meia dúzia de anos, talvez, vi um programa do Prof. José Hermano Saraiva onde ele tentava dar a resposta à pergunta:

“Para onde foi o Ouro do Brasil?”

Depois de inventariar mais ou menos a quantidade de ouro que veio para Portugal nessa altura, se não estou em erro chegou a umas 700 toneladas por ano, e de estabelecer que tínhamos então a maior quantidade de ouro da Europa, pelo menos, partiu à procura dos culpados. Não era o Rei e os seus mosteiros, porque isso representava quando muito 25% do valor oficial, sendo que muito passava debaixo do radar. Não era a corrupção, porque mesmo corrompendo pelo pais fora, sempre era um valor que entrava no pais, e não era isso que o fazia desaparecer. Acho que ainda explorava outra hipótese, mas não me lembro qual.

A conclusão era simples: gastámos tudo em chapéus.

Elaborando. Os nossos ricos pegaram no dinheiro, e compraram tecidos caros, mármores, especiarias, perfumes, tudo o que queriam e desejavam que sublinhasse o novo status adquirido. E portanto compraram. Compraram a quem vendia, que eram os mercadores da Europa.

(Flandres, Itália, devem ter visto passar muito desse Ouro. E não me espantaria que uma boa parte tivesse acabado na China, que era de onde vinham as sedas e as porcelanas e os chás, e que por ter mais ou menos nessa altura passado do papel moeda para a moeda cunhada, tinha uma grande avidez por ouro, prata e cobre.)

Em vez de investirem, criarem industrias, apoiarem ideias, estimularem o crescimento do pais, estoiraram tudo em luxos.

Soa familiar?
Quando ouço perguntar “Onde foram parar os dinheiros da CEE?”, a resposta para mim é clara: foram parar à CEE. Afinal, é lá que se fazem os Audis os Land Rovers e BMWs com que o nosso parque automóvel se renovou tão célere a partir de meados dos anos 80.