30 outubro, 2008

Agora, coisas sérias

A minha banda sonora e paisagem para a próxima semana, no mínimo.



The Ink Spots, "I don't want to set the world on fire".

29 outubro, 2008

Coisas que me ocorrem

Interrompo o silêncio só para dizer que se tivesse que lançar um boneco tipo chorão, na Babilónia, um bom nome podia ser Nanucodonosor.


PS, com a cumplicidade do meu amigo José, o Alfredo, posso acrescentar que no Egipto Ptolemaico poderiam ter sucesso os cleopatinhos de borracha.

24 outubro, 2008

Grinderman

No Pussy Blues
(não recomendado a pessoas sensíveis)

23 outubro, 2008

On a lighter note

Dedicado ao José, o Alfredo.

Cossack: "What's the source of all evil?"
Rabbi: "The Jews and the chimney sweeps."
Cossack: "Why the chimney sweeps?"
Rabbi: "Why the Jews?"

Retirado da Humorologia do poder.

22 outubro, 2008

...

Desde há uns anos para cá que sinto uma coisa de que este blogue é uma ténue expressão.
Trata-se de um sentimento de dívida.

Lembro-me das palavras de Leonard Cohen que já citei num post passado:

"A lot of those songs are just the response to what struck me as beauty.
Whenever that curious emanation from a being or an object or a situation or a landscape, you know... that had a very powerful effect on me... as it does on everyone...
And I prayed to have some response to the things that were so clearly beautiful to me, and they were alive"


Eu não escrevo canções. Nem poemas. Não pinto quadros. Não faço música. E não faço voluntariado. Não sou um activista. Não tomo posições de que outros se possam orgulhar.
Não chego, talvez, a tentar sequer ser a melhor pessoa que podia ser.

Por isso sinto, talvez de forma desproporcionada, um sentimento de divida para com todas as pessoas que me emprestaram alguma forma de beleza. Amigos, colegas, família, este ou aqueles estranho a quem nunca dirigi a palavra, sequer. Todos os que me tocaram com gestos, com palavras, com olhares, com choros, com objectos, com situações, com reprimendas, com safanões...

Nada do que faço me parece suficiente.
Mas pior, muito pior, nada do que faça me parece suficiente, e acabo por cair numa paralisia. Aquela que dá quando apenas um gesto largo nos satisfaz, e portanto nem um pequeno sabemos fazer.
E assim, posso apenas rezar como Cohen, mas a um deus em que não acredito, para que um dia tenha uma resposta.

20 outubro, 2008

Lições de vida.

Quando resolvi desenvolver um pouco o meu interesse por fotografia, descobri um site de um cromo que é uma espécie de herói popular da fotografia online. Respeitado por uns e desprezado por outros. Espreito o site de vez em quando para ver o que ele tem a dizer sobre este ou aquele equipamento. Tudo, como dizem os ingleses, "with a pinch of salt".

Hoje, ele tinha isto para dizer:

"Showing up.
90% of photography, and life, is showing up. It doesn't matter what kind of camera you have if you're not there. "

Ken Rockwell.

17 outubro, 2008

Dançamos?




Los Campesinos, "You! Me! Dancing!"

16 outubro, 2008

Só para dizer

Que acabei ontem de ver a 5ª e última série de The Wire.

Acaba como começa. Porque afinal, o mundo não é feito de heróis e vilões mas de contextos sociais e económicos e por instituições e nada disto muda apenas porque fulano foi preso, sicrano resolveu um crime, ou Cyrano conquistou Roxanne. Por isso, quando a poeira finalmente assenta, o lugar deixado por uns porque subiram em glória ou cairam em desgraça, é ocupado por outros, e tudo fica na mesma.

Pelo menos, até à crise financeira.

14 outubro, 2008

A Conclusão a Tirar.

No site DailyKos, em resposta a um post do abaixo citado Jerome, surgiu um comentário eloquente que achei por bem traduzir.
O comentário em si já era uma citação, e entretanto já foi identificado o autor e o texto completo de leitura muito recomendável onde se inclui este trecho que sintetiza tudo o que se passou antes:

Beginning with Margaret Thatcher's election in 1979, government after government -- and party after party -- fell to the onslaught of an extremist faith: the narrow, blinkered fundamentalism of the "Chicago School." Epitomized by its patron saint, Milton Friedman, the rigid doctrine held that an unregulated market would always "correct" itself, because its workings are based on entirely rational and quantifiable principles. This was of course an absurdly reductive and savagely ignorant view of history, money and human nature; but because it flattered the rich and powerful, offering an "intellectual" justification for rapacious greed and ever-widening economic and social inequality, it was adopted as holy writ by the elite and promulgated as public policy."




“Dinheiro para construir e equipar generosamente milhares de escolas, com professores bem pagos e bem treinados, turmas pequenas, programas ricos e inspiradores.

Dinheiro para revitalizar zonas pobres, tornando-as lugares seguros e vibrantes onde crescem famílias, comunidades e negócios.

Dinheiro para providenciar cuidados de saúde, decentes e acessíveis, a cada cidadão, para dar aos mais velhos conforto e dignidade, e protecção e tratamento aos doentes mentais.

Dinheiro para oferecer formação superior acessível a todos os que o quisessem e para tal se qualificassem. Dinheiro para estabelecer e manter negócios locais, e produções familiares, centrados na comunidade local, enriquecidos pelos conhecimentos e necessidades das pessoas que lhes são próximas e não pelos ditames de corporações distantes.

Dinheiro para revitalizar uma infra-estrutura decrépitas, reparar pontes, fortalecer diques, manter estradas e redes eléctricas e de esgotos.

Dinheiro para sistemas de transportes públicos funcionais e acessíveis, para a implementação de formas diversificadas de produção energética, para um desenvolvimento sustentável e recuperação ambiental.

Dinheiro para suportar investigação livre, em ciência tecnologia, saúde, e outras áreas. Pesquisa não condicionada pela máquina de Guerra ou pelos lucros das corporações, mas antes votada ao melhoramento da vida humana.

Dinheiro para suportar cultura, aprendizagem educação continua, bibliotecas, teatros, musica e as infinitas manifestações da demanda humana por sentido, compreensão, entendimento, e uma vida mais rica e profunda.

O dinheiro para tudo isto e muito, muito mais, estava lá, o tempo todo.. Quando eles diziam que não podiam fazer estas coisas, ele mentiam, ou deixavam-se enganar pelos sumos sacerdotes do culto do Mercado. Quando quiseram um trilião de dólares para fazer Guerra no Iraque, o dinheiro apareceu. Agora quando querem triliões de dólares para resgatar especuladores, criminosos fraudulentos, e os que lucraram pela ganância no Mercado global, voltam a tê-los de repente.

Quem pode acreditar então que estes governos não podiam encontrar o dinheiro para boas escolas, boa saúde e todo o resto, que eles não podiam melhorar o bem estar e as vidas de milhões de cidadãos comuns, e ajudarem a criar um mundo mais justo, mais estável e com mais equidade, se quisessem?

Este é um dos principais factos que cidadãos vulgares de todo o mundo devem tirar desta crise. O dinheiro para manter, dar segurança e melhorar as vidas das suas famílias e comunidades, sempre existiu. Mas os seus governos, os seus partidos políticos, fizeram a escolha deliberada, livre, de não o usar para o bem comum.

Em vez disso, subjugaram o bem estar do mundo aos ditados de um culto de extremistas. Um culto de ganância e privilégio, que pregava um disciplina de ferro para os pobres e a classe media, mas libertava os ricos e poderosos de qualquer restrição e de qualquer responsabilidade pelos seus actos.”

Prova dos nove

Li, neste ensaio de Paul Krugman, o recém laureado Nobel da Economia, que Schumpeter se considerava o melhor economista, o melhor cavaleiro e o melhor amante da Áustria.

Concedendo que há rankings e honrarias académicas para o primeiro estatuto, concursos hípicos para o segundo, e assumindo que não há nenhum costume austríaco mais estranho que tenha escapado à minha cultura geral... a única forma que concebo de poder afirmar uma coisa dessas é ele falar por experiência própria, o que implica quiçá experimentar os outros todos.

13 outubro, 2008

Um padrão recorrente.

“First they ignore you, then they denounce you, and then they say that they knew what you were saying all the time,”

Gandhi.

Porque é que devemos estar mais tranquilos?

Os mesmos que diziam que estava tudo bem, e que agora insistem que ninguém podia prever nada do que aconteceu, são ainda os mesmos que dizem ter a solução.

No Eurotrib, Jerome à Paris compila alguns artigos com 3 anos, publicados na sua maioria no Financial Times. De uma forma geral foram recebidos com desprezo.

Enquanto eu não vir os media, e através deles o publico em geral, a voltar as costas a quem esteve consistentemente errado, e a tentar dar voz a quem esteve sistematicamente certo, não tenho razões para pensar que o pior já passou.

Parece haver uma classe de pessoas que está acima de qualquer juízo crítico. No Eurotrib são referidas como Very Serious People (TM). Aqueles cuja voz é sempre mais alta e mais ouvida do que os outros, independentemente da barbaridade que digam.

Por cá ainda há poucas semanas uns diziam: Privatize-se a CGD!
Agora os mesmos: "Ainda bem que a CGD continua a ser um instrumento do Estado!".
E os nossos jornalistas não questionam? E quando questionam contentam-se com respostas do género "Agora, tudo mudou".

Bandalhos, todos. E enquanto os bandalhos forem os únicos com o microfone, não tenho razões para estar tranquilo.

10 outubro, 2008

These Days

Well Ive been out walking
I dont do that much talking these days
These days--
These days I seem to think a lot
About the things that I forgot to do
For you
And all the times I had the chance to

And I had a lover
Its so hard to risk another these days
These days--
Now if I seem to be afraid
To live the life I have made in song
Well its just that Ive been losing so long

Ill keep on moving
Things are bound to be improving these days
These days--
These days I sit on corner stones
And count the time in quarter tones to ten, my friend
Dont confront me with my failures
I had not forgotten them

Jackson Browne




Agora reparo que nunca tinha dado atenção suficiente à letra desta canção.
E depois fiquei a saber que o autor a escreveu com 16 anos. É irritante, mas se o talento não estivesse mal distribuído, nunca se dava por ele.
.

08 outubro, 2008

Auto congratulação

Gostei tanto desta frase que escrevi num comentário ao Corta-fitas que acho que merece o seu próprio post:

"Passaram-se 30 anos a eliminar soluções, pensando que se eliminavam problemas."

A palavra "S"

Um pouco por todo o lado, de Washington a Berlim, vastas reservas de dinheiros publicos são usados para tentar manter à tona um sistema financeiro que entrou em auto-fagocitose.
Nos casos em que isso é manifestamente insuficiente (e está por provar que não se generalizará), assume-se discretamente a nacionalização, total ou parcial. Sempre tentando evitar dizer que se está a efectivamente a implementar politicas "socialistas". Usam-se eufemismos vários mas a expressão nunca é usada, a não ser talvez pelos Republicanos mais resistentes, que consideram o plano Poulson "Anti-americano" (haveria muito para dizer, aqui...).

Ocorre-me que se o mesmo acontecer em Portugal poderemos ter um Governo Socialista a tentar explicar com o maior dos pudores que o que estão a fazer não é socialismo:

"é pragmático, é necessário, é o que a comissão europeia mandou fazer, mas não se alarmem que o partido socialista nunca faria nada parecida com,(glup) socialismo."

03 outubro, 2008

Mais uma explicação da situação.

William Blum, um espécime raro (um comunista americano), explica nas suas palavras as causas para o presente colapso financeiro.

why do we have this thing called a "financial crisis"? Why have we had such a crisis periodically ever since the United States was created? What changes occur or what happens each time to bring on the crisis? Do we forget how to make things that people need? Do the factories burn down? Are our tools lost? Do the blueprints disappear? Do we run out of people to work in the factories and offices? Are all the services that people need for a happy life so well taken care of that there's hardly any more need for the services? In other words: What changes take place in the real world to cause the crisis? Nothing, necessarily. The crisis is usually caused by changes in the make-believe world of finance capitalism.

Eu gosto de o ler.
Quanto mais não seja por providenciar um ponto de vista radicalmente diferente, mas vindo de dentro. Muitas vezes simplesmente porque escreve bem e faz sentido.

Ali pelo meio do texto inclui esta definição:

"Capitalism is the theory that the worst people, acting from their worst motives, will somehow produce the most good."

Podemos questionar se o Capitalismo se resume a isso, mas o passado recente leva-me a acreditar que foram alguns dos seus principais promotores que o reduziram a tal esqueleto.





Food for thought

Thought on a diet:

A American Library Association celebra a sua Banned Books Week.
De lá retirei esta lista:

The 10 most challenged books of 2007 reflect a range of themes, and are:
  1. And Tango Makes Three, by Justin Richardson/Peter Parnell
    Reasons: Anti-Ethnic, Sexism, Homosexuality, Anti-Family, Religious Viewpoint, Unsuited to Age Group
  2. The Chocolate War, by Robert Cormier
    Reasons: Sexually Explicit, Offensive Language, Violence
  3. Olive’s Ocean, by Kevin Henkes
    Reasons: Sexually Explicit and Offensive Language
  4. The Golden Compass, by Philip Pullman
    Reasons: Religious Viewpoint
  5. The Adventures of Huckleberry Finn, by Mark Twain
    Reasons: Racism
  6. The Color Purple, by Alice Walker
    Reasons: Homosexuality, Sexually Explicit, Offensive Language,
  7. TTYL, by Lauren Myracle
    Reasons: Sexually Explicit, Offensive Language, Unsuited to Age Group
  8. I Know Why the Caged Bird Sings, by Maya Angelou
    Reasons: Sexually Explicit
  9. It’s Perfectly Normal, by Robie Harris
    Reasons: Sex Education, Sexually Explicit
  10. The Perks of Being A Wallflower, by Stephen Chbosky
    Reasons: Homosexuality, Sexually Explicit, Offensive Language, Unsuited to Age Group