Normalmente não comento actualidades, mas acabei de ouvir o nosso Presidente da Republica a falar da pobreza e de como os numeros o envergonhavam. Acrescentou qualquer coisa do género:
"Sou dos que estão convencidos de que não pode ser o Estado a resolver isto, tem o seu papel mas não pode fazer tudo, e é por isso que insisto que os cidadãos se organizem..."
E eu interrogo-me:
O que é que é o c----lho do Estado se não cidadãos organizados???
Citando algo com que me cruzei recentemente acerca deste assunto:
"Charity robs the recipient of the dignity and personal liberty to which all people have a claim, rich, poor or in the middle. Using government to act as the safety net instead of the good will (or good mood) of those of means allows that. Citizen pays in, and someday, god forbid, if he needs some help, he won't have to kiss the ass of some rich busybody or self-righteous hypocrite who thinks he or she has a right to dictate his behavior on the basis of a couple of bucks. (And considering the moral example set by both the private and public scolds these days, that concept is even more distasteful than it used to be.)"
Aos leitores que não estão habituados a este vernáculo mesmo camuflado, as minhas desculpas.
17 outubro, 2007
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6 comentários:
clap, clap, clap, clap, clap... é assim a escrita figurada para o c---lho das palmas, certo? ;)
Pela minha parte, desculpas aceites e concedidas (risada).
"Organizem-se", no discurso do PR, é um eufemismo para "desenmerdem-se!"
ou seja: ajudem-me a ajudar e para isso eu disponho de mais meios que a maior parte de vós .. ?
utópica a questão.
desculpas aceites ;)
e sinónimo perfeitamente entendido tárique .. acho que é isso mesmo.
Ultimamente, tenho de facto verificado que a tua linguagem (a oral) está excessivamente moderada para o que já foi :)
«O que é o Estado se não os cidadãos organizados?»
Isso mesmo. Este é o género de questões que os fundamentalistas do mercado evitam colocar porque isso os obrigaria a colocar as escolhas políticas dos cidadãos ao mesmo nível que as escolhas económicas, o que significaria que o maior bem para o maior número resultaria também de decisões individuais como votar num partido com um programa socializante em detrimento doutro com um programa ultra-liberal.
Quanto a Cavaco Silva, não sei se esse seu «organizem-se» resulta ou não duma perspectiva neoliberal. Sei que já o tenho ouvido louvar a sociedade civil, mas também demonizar, chamando-lhes pejorativamente «corporações», as associações não estatais em que a sociedade civil se organiza.
Há exactamente 6 meses, enquanto o PR urgia "especialmente os jovens" que "não se conformassem", que "se organizassem", etc., a polícia de intervenção, fortemente armada e blindada carregava em força máxima sobre jovens em manifestação pacífica. Alegadamente, para proteger as paredes da Springfield de serem sujas com tinta.
Partiu braços e corações.
As palavras do PR não passam de retórica. O seu governo há pouco mais de uma década mandou espancar polícias que se queriam "organizar".
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