24 agosto, 2006

Quebrar o feitiço

É o título do livro que levo para férias. Promete.
O filósofo Daniel Dennett analisa a religião enquanto fenómeno natural. Começa o livro apresentando-nos uma formiga que sobe incessantemente uma folha de erva. Chega ao cimo e cai, e volta a subir, incessantemente. A explicação está num parasita que infectou o seu cérebro. O parasita precisa de se alojar no sistema digestivo de uma vaca ou ovelha para prosseguir o seu ciclo de vida. E assim, "convencida" de que é isso que tem que fazer, a formiga expõe-se ao perigo. Suicida-se em nome de uma coisa que tomou conta do seu cérebro.

Como dizia, promete. Depois conto. Lá mais para Setembro...

16 agosto, 2006

Vozes

Neste feriado tive a "sorte da televisão" do meu lado e pude assistir a dois testemunhos que muito me tocaram, ambos recolhidos bem antes dos actuais acontecimentos no Médio Oriente..

Um de uma jovem palestiniana, habitante de um campo de refugiados palestinianos no Líbano, quando perguntaram com que sonha.
"A minha vida é apenas isto que aqui tenho neste momento. Sonhar... nós aqui não podemos... não tenho sonhos."

O outro do maestro Yehudi Menuhin, falecido já em 1999, judeu como o nome indica. A pergunta que lhe fizeram foi, se a memória não me falha, "que tinha mudado nos judeus desde a fundação do estado de Israel?"

"Perderam a inocência. Os judeus respeitavam os 10 mandamentos(...) Mas quando se tornaram um Estado... perderam isso. O primeiro direito que um Estado reclama é o de matar."

14 agosto, 2006

Legitimocrisias

Recentemente tenho-me cruzado (curiosa palavra...) demasiadas vezes, com argumentos que insistem em fazer uma distinção moral entre actos e políticas que tenho, pessoalmente, dificuldade em distinguir. Que não se pode comparar os actos de Israel aos do Hezbollah... Que não se pode comparar uma democracia ocidental com a ditadura de Cuba... e por aí fora.

Irrita-me de sobremaneira que criticar Israel seja imediatamente identificado com "defender o terrorismo", e que deplorar os actos de alguns opositores de Fidel seja identificado como "defender uma ditadura".

Por um lado, é claro que a morte de inocentes é inaceitável, seja ela descriminada ou indiscriminada. Diz-se que Israel não tenta deliberadamente matar inocentes, que são danos colaterais, e que para isso usa armas sofisticadas e inteligentes. E que pelo contrário, os seus opositores o fazem. No entanto, se olharmos para as estatísticas das mortes de um lado e de outro, vemos uma enormidade de não combatentes mortos no lado libanês, enquanto do lado israelita a maioria das baixas são soldados. Na verdade este tipo de discussão deixa-me indiferente: uma morte é uma morte, seja de que lado for. Mas quando me dizem que há uma superioridade moral, gosto que me demonstrem.

Da mesma forma fiquei a pensar hoje a propósito de diversos comentários que vi a notícias relacionadas com a saúde de Fidel Castro, nas legitimidades das "Democracias Ocidentais". Condena-se uma ditadura socialista por condicionar a liberdade de expressão, e de opinião. E por o fazer violentamente.

O que distingue Cuba dos Estados Unidos, neste aspecto? Tudo, diriam uns. Mas se olharmos para os motivos invocados por sucessivos lideres americanos para justificar toda uma série de acções - desde assassinatos, golpes de estado, patrocínios de ditaduras de sinal oposto à de Castro etc -, a defesa do seu "modo de vida", vemos que não é muito diferente.

Afinal, Castro defende a Revolução. E não adianta tentar dizer o contrário, a maior parte dos cubanos ainda apoia Castro.
A diferença entre os Estados Unidos e Cuba será então que os primeiros matam para fora, e os segundos matam para dentro, em defesa do seu modo de vida.

Cá por mim, fico na mesma conclusão. Uma morte é uma morte, seja em nome de que modo de vida for. Mas não me venham falar de superioridade moral.

10 agosto, 2006

Quando os Shiitas Libaneses são deixados em paz

Entre outras, fazem coisas destas....

Mas há quem não goste. Sempre a rivalidade entre a Academia de Estrelas e os Ìdolos, suponho...