31 dezembro, 2008

Furry Happy Monsters

Em tempos de crise,uma canção para alegrar os monstros.

Rocket Man

O ano não podia acabar sem William Shatner.
"Mars is no place to raise a kid"

30 dezembro, 2008

Espelho meu

Por vezes fico chocado com coisas que leio na blogocena. Não me chocam os alarves, os perversos, os violentos, claro. Já não sou propriamente um menino. E nunca choca verdadeiramente aquele que se comporta conforme o esperado.

Mas choca-me sempre quando alguém que tenho por inteligente, culto, sensível parece perder todas essas características em determinados assuntos, sejam o aborto, israel/palestina, ou a ministra da educação. E de repente ficam alarves, perversos e violentos.

A dúvida que tenho é se de vez em quando choco quem me lê. Se tenho a mesma honestidade intelectual que estou claramente a cobrar aos outros. Ou, mais complicado, se sou eu que mudo a forma de ler, face a assuntos como aqueles.

Uma coisa aprendo com esses exemplos que encontro: não somos os melhores para ajuizar isso sobre nós mesmos.

Ainda sobre jornalistas

Dean Baker, incansável, revela:

"While the policies of fiscal discipline advocated by proponents of the conventional wisdom may not have much positive impact on growth, they can get a country's growth reported in a far more positive way. "

Ou seja, coisas do género*:
"o crescimento do PIB mexicano atingiu uns espectaculares 1,7% graças à esclarecida disciplina fiscal do seu governo."
ou
"o esbanjamento do governo argentino fez o crescimento quedar-se por uns miseros 2,2%"

Podem ler-se em jornais como o Washington Post e, adivinho, o Wall Street Journal.

*estas frases foram inventadas por mim para ilustrar mais facilmente o tópico

29 dezembro, 2008

O natal

Todos os anos é a mesma coisa.
"Vem aí o Natal. É desta. Vou resistir."

E de repente.
"Tio, que é que me vais dar?"

Como dizia o Filipe da Mafalda,
até as minhas fraquezas são mais fortes do que eu.

Continuando a citar

Através, mais uma vez, vindo do A Tiny Revolution, deixo aqui umas ideias de John Milton, que dedico a todos os bloguistas que acontece serem jornalistas ou simplesmente são "fazedores de opinião" nos media mais vistos e não perdem uma oportunidade de malhar nos portugueses e nos nossos inúmeros defeitos.


"No marvel if the people turn beasts, when their teachers themselves, as Isaiah calls them, "are dumb and greedy dogs, that can never have enough, ignorant, blind, and cannot understand; who while they all look their own way, every one for his gain from his quarter"...

Had they but taught the land...then the poor mechanic might have so accustomed his ear to good teaching, as to have discerned between faithful teacher and false. But now, with a most inhuman cruelty, they who have put out the people's eyes, reproach them of their blindness."



Plagiado mas não resisto.

Como qualquer Sagitário com ascendente de Capricórnio, não acredito na astrologia.

(adaptação de uma assinatura que li num forum)

Sugestão para a Panini

Uma colecção de cromos com os Prémios Nobel.


Só a inexistência de uma explica que eu nunca tivesse ouvido falar de Harold Pinter.
Depois de ler este discurso escrito para George Bush no a Tiny Revolution, fiquei com uma melhor noção de como posso ser lamentável.

'God is good. God is great. God is good. My God is good. Bin Laden's God is bad. His is a bad God. Saddam's God was bad, except he didn't have one. He was a barbarian. We are not barbarians. We don't chop people's heads off. We believe in freedom. So does God. I am not a barbarian. I am the democratically elected leader of a freedom-loving democracy. We are a compassionate society. We give compassionate electrocution and compassionate lethal injection. We are a great nation. I am not a dictator. He is. I am not a barbarian. He is. And he is. They all are. I possess moral authority. You see this fist? This is my moral authority. And don't you forget it.'

23 dezembro, 2008

Saber da poda

Há uns anos demasiado largos para eu me sentir bem, era eu aluno da licenciatura em Biologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, fui levado por um professor a ver o trabalho dos podadores a soldo da Câmara local, numa avenida da cidade.

Era uma iniciativa com cariz de protesto. A poda que tinha sido feita era desastrosa, desadequada às espécies em causa, expondo-as a doenças e não cumprindo o que deve ser a função da poda, que é a revitalização das árvores.

De acordo com a palestra do professor, devia-se isto a fazerem o recrutamento dos podadores numa zona do pais onde a técnica fazia sentido para as espécies dominantes, e na sua maioria com aproveitamento económico.

(A distância no tempo é a única desculpa que tenho para a falta de pormenores técnicos na descrição que acabei de fazer. Estou um cabeça de alho chocho.)

Vem isto tudo a propósito de um post do Eurotrib.com sobre o que correntemente se passa nos bancos. Estes estão numa fase de se desfazerem de todos os maus activos que acumularam nos anos anteriores de tão apregoada prosperidade, é sempre bom lembrar. Estão a fazer isso assumindo prejuízos, ou tentando passá-los a outros: nós. É a poda banqueira.

Neste pânico, estão também a cortar com tudo o que seria investimento, no receio de adquirir mais activos maus. É aqui que entra a história da poda. O sector bancário, e o português parece ser um caso particularmente grave nesse aspecto, revela-se incapaz de cumprir a sua função de lubrificador da actividade económica. Habituou-se a cortar a direito, financiando consumo, e agora não sabe distinguir os ramos que dão frutos dos que estão secos. Estamos todos podados.

Lembro-me sempre de um episódio contado pelo ex-presidente Sampaio, de um industrial de uma fábrica de máquinas que recebeu um representante de um banco com intenção de financiar uma expansão da actividade. O bancário ao ver as máquinas paradas perguntou: mas afinal que é que o senhor faz aqui? Aqui fazemos máquinas para a industria. E respondeu o bancário: Fazer? Mas isso não se compra?

E é com este tipo de mentalidade (se alguém souber de outra diga por amor do Menino Jesus) que temos que encontrar os mecanismos financeiros para revitalizar a actividade económica.

Bom natal.

Tema para este Natal

Anões, Cowboys e Punks

18 dezembro, 2008

O medo do conhecido

Nestes tempos de incerteza mesmos alguns dos que se consideram mais informados, esclarecidos e influentes parecem paralisados. O mundo tem que mudar, mas ninguém sabe como nem para o quê. Alguns percebe-se porquê. No meio de todos os tumultos e depressões mantém posições de poder. Mexerem-se numa qualquer direcção pode significar descer um degrau, dois ou todos.

Mas a maior parte de nós não tem tanto a perder. Tem apenas a convicção de que nada pode ficar como dantes. Mas quando se fala em “antes” há que esclarecer.

A situação a que chegámos é fruto de uma série de movimentos intelectuais, políticos e económicos que tiveram lugar nos últimos 30 e poucos anos.
Se formos mais antes, podemos observar de ambos os lados do atlântico, segundo todos os indicadores, o que foi o período de maior riqueza e justiça social da história da humanidade.

No pós-guerra foi possível criar projectos de sociedade e governação que eram inclusivos, que mantinham as economias saudáveis, que proporcionavam saúde e educação a largas faixas da população. De uma forma geral é a isto que chamo Social Democracia. Se era feita por Socialistas ou trabalhistas ou democratas cristãos, republicanos ou democratas é indiferente. Mas foi um período melhor do que os anteriores, melhor do que os que vieram depois.

A história não é circular, as coisas evoluem. Hoje não é o aço ou o carvão. Ou pelo menos não deveria ser. Hoje não há (formalmente) colónias em África, e os direitos humanos são reconhecidos por quase todos.

Mas estou convencido de que não há que ter medo de experimentar o que já resultou antes. Refrescado, aligeirado aqui e ali, reforçado onde for preciso.

Nunca esquecendo que não é um sistema perfeito. Porque se fosse, não teria dado origem ao que lhe sucedeu.

17 dezembro, 2008

Truques da mente

Estava eu a ler o blog de Paul Krugman no New York Times quando deparei com o seguinte parágrafo citando Mathew Yglesias:

"The harsh reality is that this was not a noble undertaking done for good reasons. It was a criminal enterprise launched by madmen cheered on by a chorus of fools and cowards."

Juro que pensei que ele estava a falar da versão da Economia de Mercado que nos trouxe a este lindo estado.

Afinal, falava do Iraque. Vá-se lá perceber.

16 dezembro, 2008

O Don Branco

Não conheço bem os detalhes do último escândalo financeiro envolvendo o ex-presidente do NASDAQ. Na verdade na altura, pareceu-me apenas mais um, sendo que desta vez, pelos vistos, até pelas regras actuais aquilo era crime.

Um esquema de pirâmide, afinal, era aquilo em que consistia toda a "riqueza criada" nos ultimos anos, a base das fortunas que se fizeram na área financeira, (que inclusive expulsaram os advogados ricos das zonas mais caras das Hamptons), e que deu a ilusão a alguns de poderem fazer algo a partir de nada.

Talvez por o negócio legal e institucional ser um esquema de pirâmide, em que no fim quem paga é o estado/contribuinte/nós todos que não temos dinheiro em off-shores, este senhor tenha sido tão bem sucedido. Afinal, qual era a diferença entre o que ele fazia e o que era prática corrente?


Nota: Uma das razões para ter abrandado substancialmente nos ultimos dias, tirando o facto de ter tirado umas férias curtas, é o facto de já não ser preciso sublinhar que o mundo em que vivemos está podre precisamente onde parecia estar mais brilhante. Agora espero que entre pelos olhos adentro de qualquer pessoa minimamente informada.

O que está por fazer é enorme. Potencialmente a maior revolução da história da humanidade: a criação de um sistema que não pressupõe crescimento linear infinito. Um sistema em que não temos que invadir vizinhos, queimar florestas, esventrar solos, deixar morrer à fome os que têm azar ao nascer, idealmente fazer com que nascer fosse sempre uma coisa boa. Eu acho que é possível. Mas só se


...

09 dezembro, 2008

Dúvida de cidadania

Como é que se faz para, nas próximas legislativas, não votar em deputados absentistas?

.

04 dezembro, 2008

Reverse covers (1)

Que é como quem diz: os originais menos conhecidos. Uma série que espero manter graças ao youtube, e o seu stock inesgotável de coca bichinhos.

F. Wilson and the Cavaliers, "Last Kiss"

03 dezembro, 2008

Preço a pagar

O governo dos Estados Unidos, de acordo com uma estimativa da CNBC, já gastou com a corrente crise financeira sensivelmente o mesmo que gastou com a Segunda Guerra Mundial, ajustando para a inflação.

Confiança

Dizem os entendidos que a crise do crédito foi sobretudo uma crise de confiança.
Agora, ninguém sabe quem paga, e os bancos viram-se para os governos em busca de segurança e garantias.

Há uma séria dissonância nisto tudo. Durante anos andou-se a encorajar o endividamento privado, e a desencorajar o endividamento público. A disciplina do déficit e da estabilidade financeira, diziam-nos.

Mas se o crédito tem como base a confiança, como é que um qualquer investidor, que abre e fecha negócios e empresas e de identidade volátil e idoneidade duvidosa, pode merecer mais confiança do que um país?

Um país típico tem centenas de anos de história, responsabilidades nacionais e internacionais, território e, em principio, futuro. Parece-me uma coisa bastante mais sólida, vista daqui.
Por exemplo, eu confio mais depressa na Venezuela do que no Vale e Azevedo.

02 dezembro, 2008

A corda

Na blogosfera, este fim de semana, foi bastante referido o congresso do nosso PCP. Sempre igual a si mesmo, o partido comunista lá vai mantendo a sua unidade e linha programática, recusando adaptações, revisões, e muito menos, renegações.

Dei por mim, que nunca tive qualquer laço, influência ou simpatias especiais por aqueles lados a achar que talvez não seja mau que assim seja.

Se virmos a batalha das ideias como uma corda, com uns a puxar de um lado e outros do oposto, é fácil perceber que a corda ficou muito mais curta do lado esquerdo, assim que se instalou a convicção de que o comunismo tinha morrido.Houve uma série de ideias que deixaram de fazer parte das opções a considerar.

Do lado oposto, não só houve esta vantagem como se aproveitou para acrescentar uns metros. Com os resultados que se vêem.

Sou dos que acreditam que nestas coisas a realidade está algures no meio. Mas não no meio que fica depois de se cortarem as pontas. Antes na tensão da corda que se quer grande, com uma utopia individualista numa ponta e uma utopia colectivista na outra.

28 novembro, 2008

Exclusivo da internet

A internet apresenta em exclusivo os ultimos minutos de Mao.

Aviso: inclui um breve trecho de Billy Joel.

A todos os que se preocuparam

O new bizz não pára, é a crise...
Além disso ando muito fora das notícias e do mundo.
Se alguém finalmente descobrisse a fusão fria, eu era moço para só dar por isso para a semana que vem.

Quando não estou a trabalhar, estou a "trabalhar". Agora já sabem. Mas isto costuma passar-me.

19 novembro, 2008

O Designorado adverte

A conjugação de New-Bizz e febre intestinal pode prejudicar seriamente a capacidade de blogar.

12 novembro, 2008

Oh Lord, wont you give me....

Entretanto, na industria automóvel, surgem notícias de desespero na GM e Ford.
Mas a crise não é para todos.

10 novembro, 2008

Agora, é preciso apanhar as canas.

Através dos Ladrões de Bicicletas cheguei a este artigo de Joseph Stiglitz "Turn left for Growth".
Acho que nunca encontrei uma síntese tão boa sobre o que deve ser a economia política do século 21. Trata-se essencialmente de contrapor posições de direita e esquerda e filosofias de recuperação económica opostas. Note-se que "esquerda" aqui tem mais que ver com o espectro politico americano do que Europeu. Presumo que o pensamento de Stiglitz não seja propriamente Marxista,... Ainda assim, é à esquerda do que tem sido a politica económica europeia.

Ao inicio do artigo, ia de pé atrás. Já deixei de acreditar no imperativo do crescimento, pelo menos contabilizado como tem sido. Uma economia que cresce 3% duplica em 23 anos, mais coisa menos coisa. Nesse período consome tantos recursos como em toda a sua história. Ou seja, se desde que há petróleo se consumiram 100, nos próximos 23 anos, vão ser consumidos outros 100. Qualquer medida responsável de performance económica deverá focar-se em factores de sustentabilidade.

Assim aqui ficam alguns, poucos, destaques. (sendo que o artigo não é assim tão grande):

"Growth is not just a matter of increasing GDP. It must be sustainable: growth based on environmental degradation, a debt-financed consumption binge, or the exploitation of scarce natural resources, without reinvesting the proceeds, is not sustainable."
....
"Growth also must be inclusive; at least a majority of citizens must benefit. Trickle-down economics does not work: an increase in GDP can actually leave most citizens worse off. America’s recent growth was neither economically sustainable nor inclusive. Most Americans are worse off today than they were seven years ago. "
.....
"A modern economy also requires risk-taking. Individuals are more willing to take risks if there is a good safety net. If not, citizens may demand protection from foreign competition. Social protection is more efficient than protectionism. "
...

"Defenders of markets sometimes admit that they do fail, even disastrously, but they claim that markets are “self-correcting.” During the Great Depression, similar arguments were heard: government need not do anything, because markets would restore the economy to full employment in the long run . But, as John Maynard Keynes famously put it, in the long run we are all dead. "

Vale mesmo a pena ler . No final, fala em escolhas e em votos, numa clara alusão às eleições agora resolvidas. Tomara que o candidato vencedor o tenha lido e, já agora, quem por aqui afirmando-se de esquerda, acha que não precisa de realmente o ser.

07 novembro, 2008

06 novembro, 2008

Foram precisos 30 anos.

Para ir de "There is no alternative" até "Yes we can".

Mas como diriam os americanos, "we are not out of the woods, yet".
Especialmente nós, europeus, com uma ordem institucional largamente construída à volta da primeira ideia.

05 novembro, 2008

da Desilusão anunciada.

Alguns bloguistas e não só, animados da mais profunda preocupação pela sanidade emocional dos simpatizantes do novo presidente dos Estados Unidos, acham por bem alertar para os perigos de uma desilusão futura.

A eles recomendo este textinho de Ezra Klein.

"My basic emotion is relief. The skill of an Obama administration has yet to be proven. The structure of our government will prove a more able opponent of change than John McCain. But for the first time in years, I have the basic sense that it's going to be okay. Not great, necessarily. And certainly not perfect. But okay. The country will be led by decent, competent people who fret over the right things and employ the tools of the state for recognizable ends. They may not fully succeed. But then, maybe they will. At the least, they will try. And if they fail in their most ambitious goals, maybe they will simply make things somewhat better. After the constant anxiety and uncertainty of the last eight years, maybe that's enough."

Estão a perceber???

O mais fácil já está

Agora que Obama é presidente
falta o mais difícil.
A mudança.

03 novembro, 2008

O Designorado comprometido

Chris Hayes, editor do "The Nation", no seu blogue pessoal chamou a este video "Inspiration Porn"
Na véspera das eleições americanas, o Designorado manifesta o seu apoio Barack Obama, esperando que isso não lhe custe muitos votos.


Porque é que o economista atravessa a rua?

Porque os outros também.

O recorrente Dean Baker alerta-nos para um artigo de Robert Shiller no NYT, onde este revela que uma das razões porque não houve mais vozes dissonantes a alertar para a bolha imobiliária e os concomitantes sinais de crise financeira, foi mais ou menos a mesma que leva bons meninos a fazer más acções: pressão do grupo.

Ser do contra, no meio dos economistas, é mais grave do que estar certo.

Se se é contra, coloca-se a carreira em perigo, não se é convidado para as universidades ou para aparecer na TV, ou para ter uma coluna num jornal influente. Errar não tem problema porque se pode sempre dizer que ninguém podia acertar. Os que previram não pertenciam ao grupo e portanto não eram ouvidos, nem vão ser...
E o melhor de tudo, no fim ninguém é penalizado por aquilo que afinal é incompetência grosseira.

Usando os exemplos de Baker, se o meu ofício for lavar pratos e regularmente partir a louça toda, não duro muito tempo... Já os economistas (os do Grupo), são todos cunhados do patrão.

30 outubro, 2008

Agora, coisas sérias

A minha banda sonora e paisagem para a próxima semana, no mínimo.



The Ink Spots, "I don't want to set the world on fire".

29 outubro, 2008

Coisas que me ocorrem

Interrompo o silêncio só para dizer que se tivesse que lançar um boneco tipo chorão, na Babilónia, um bom nome podia ser Nanucodonosor.


PS, com a cumplicidade do meu amigo José, o Alfredo, posso acrescentar que no Egipto Ptolemaico poderiam ter sucesso os cleopatinhos de borracha.

24 outubro, 2008

Grinderman

No Pussy Blues
(não recomendado a pessoas sensíveis)

23 outubro, 2008

On a lighter note

Dedicado ao José, o Alfredo.

Cossack: "What's the source of all evil?"
Rabbi: "The Jews and the chimney sweeps."
Cossack: "Why the chimney sweeps?"
Rabbi: "Why the Jews?"

Retirado da Humorologia do poder.

22 outubro, 2008

...

Desde há uns anos para cá que sinto uma coisa de que este blogue é uma ténue expressão.
Trata-se de um sentimento de dívida.

Lembro-me das palavras de Leonard Cohen que já citei num post passado:

"A lot of those songs are just the response to what struck me as beauty.
Whenever that curious emanation from a being or an object or a situation or a landscape, you know... that had a very powerful effect on me... as it does on everyone...
And I prayed to have some response to the things that were so clearly beautiful to me, and they were alive"


Eu não escrevo canções. Nem poemas. Não pinto quadros. Não faço música. E não faço voluntariado. Não sou um activista. Não tomo posições de que outros se possam orgulhar.
Não chego, talvez, a tentar sequer ser a melhor pessoa que podia ser.

Por isso sinto, talvez de forma desproporcionada, um sentimento de divida para com todas as pessoas que me emprestaram alguma forma de beleza. Amigos, colegas, família, este ou aqueles estranho a quem nunca dirigi a palavra, sequer. Todos os que me tocaram com gestos, com palavras, com olhares, com choros, com objectos, com situações, com reprimendas, com safanões...

Nada do que faço me parece suficiente.
Mas pior, muito pior, nada do que faça me parece suficiente, e acabo por cair numa paralisia. Aquela que dá quando apenas um gesto largo nos satisfaz, e portanto nem um pequeno sabemos fazer.
E assim, posso apenas rezar como Cohen, mas a um deus em que não acredito, para que um dia tenha uma resposta.

20 outubro, 2008

Lições de vida.

Quando resolvi desenvolver um pouco o meu interesse por fotografia, descobri um site de um cromo que é uma espécie de herói popular da fotografia online. Respeitado por uns e desprezado por outros. Espreito o site de vez em quando para ver o que ele tem a dizer sobre este ou aquele equipamento. Tudo, como dizem os ingleses, "with a pinch of salt".

Hoje, ele tinha isto para dizer:

"Showing up.
90% of photography, and life, is showing up. It doesn't matter what kind of camera you have if you're not there. "

Ken Rockwell.

17 outubro, 2008

Dançamos?




Los Campesinos, "You! Me! Dancing!"

16 outubro, 2008

Só para dizer

Que acabei ontem de ver a 5ª e última série de The Wire.

Acaba como começa. Porque afinal, o mundo não é feito de heróis e vilões mas de contextos sociais e económicos e por instituições e nada disto muda apenas porque fulano foi preso, sicrano resolveu um crime, ou Cyrano conquistou Roxanne. Por isso, quando a poeira finalmente assenta, o lugar deixado por uns porque subiram em glória ou cairam em desgraça, é ocupado por outros, e tudo fica na mesma.

Pelo menos, até à crise financeira.

14 outubro, 2008

A Conclusão a Tirar.

No site DailyKos, em resposta a um post do abaixo citado Jerome, surgiu um comentário eloquente que achei por bem traduzir.
O comentário em si já era uma citação, e entretanto já foi identificado o autor e o texto completo de leitura muito recomendável onde se inclui este trecho que sintetiza tudo o que se passou antes:

Beginning with Margaret Thatcher's election in 1979, government after government -- and party after party -- fell to the onslaught of an extremist faith: the narrow, blinkered fundamentalism of the "Chicago School." Epitomized by its patron saint, Milton Friedman, the rigid doctrine held that an unregulated market would always "correct" itself, because its workings are based on entirely rational and quantifiable principles. This was of course an absurdly reductive and savagely ignorant view of history, money and human nature; but because it flattered the rich and powerful, offering an "intellectual" justification for rapacious greed and ever-widening economic and social inequality, it was adopted as holy writ by the elite and promulgated as public policy."




“Dinheiro para construir e equipar generosamente milhares de escolas, com professores bem pagos e bem treinados, turmas pequenas, programas ricos e inspiradores.

Dinheiro para revitalizar zonas pobres, tornando-as lugares seguros e vibrantes onde crescem famílias, comunidades e negócios.

Dinheiro para providenciar cuidados de saúde, decentes e acessíveis, a cada cidadão, para dar aos mais velhos conforto e dignidade, e protecção e tratamento aos doentes mentais.

Dinheiro para oferecer formação superior acessível a todos os que o quisessem e para tal se qualificassem. Dinheiro para estabelecer e manter negócios locais, e produções familiares, centrados na comunidade local, enriquecidos pelos conhecimentos e necessidades das pessoas que lhes são próximas e não pelos ditames de corporações distantes.

Dinheiro para revitalizar uma infra-estrutura decrépitas, reparar pontes, fortalecer diques, manter estradas e redes eléctricas e de esgotos.

Dinheiro para sistemas de transportes públicos funcionais e acessíveis, para a implementação de formas diversificadas de produção energética, para um desenvolvimento sustentável e recuperação ambiental.

Dinheiro para suportar investigação livre, em ciência tecnologia, saúde, e outras áreas. Pesquisa não condicionada pela máquina de Guerra ou pelos lucros das corporações, mas antes votada ao melhoramento da vida humana.

Dinheiro para suportar cultura, aprendizagem educação continua, bibliotecas, teatros, musica e as infinitas manifestações da demanda humana por sentido, compreensão, entendimento, e uma vida mais rica e profunda.

O dinheiro para tudo isto e muito, muito mais, estava lá, o tempo todo.. Quando eles diziam que não podiam fazer estas coisas, ele mentiam, ou deixavam-se enganar pelos sumos sacerdotes do culto do Mercado. Quando quiseram um trilião de dólares para fazer Guerra no Iraque, o dinheiro apareceu. Agora quando querem triliões de dólares para resgatar especuladores, criminosos fraudulentos, e os que lucraram pela ganância no Mercado global, voltam a tê-los de repente.

Quem pode acreditar então que estes governos não podiam encontrar o dinheiro para boas escolas, boa saúde e todo o resto, que eles não podiam melhorar o bem estar e as vidas de milhões de cidadãos comuns, e ajudarem a criar um mundo mais justo, mais estável e com mais equidade, se quisessem?

Este é um dos principais factos que cidadãos vulgares de todo o mundo devem tirar desta crise. O dinheiro para manter, dar segurança e melhorar as vidas das suas famílias e comunidades, sempre existiu. Mas os seus governos, os seus partidos políticos, fizeram a escolha deliberada, livre, de não o usar para o bem comum.

Em vez disso, subjugaram o bem estar do mundo aos ditados de um culto de extremistas. Um culto de ganância e privilégio, que pregava um disciplina de ferro para os pobres e a classe media, mas libertava os ricos e poderosos de qualquer restrição e de qualquer responsabilidade pelos seus actos.”

Prova dos nove

Li, neste ensaio de Paul Krugman, o recém laureado Nobel da Economia, que Schumpeter se considerava o melhor economista, o melhor cavaleiro e o melhor amante da Áustria.

Concedendo que há rankings e honrarias académicas para o primeiro estatuto, concursos hípicos para o segundo, e assumindo que não há nenhum costume austríaco mais estranho que tenha escapado à minha cultura geral... a única forma que concebo de poder afirmar uma coisa dessas é ele falar por experiência própria, o que implica quiçá experimentar os outros todos.

13 outubro, 2008

Um padrão recorrente.

“First they ignore you, then they denounce you, and then they say that they knew what you were saying all the time,”

Gandhi.

Porque é que devemos estar mais tranquilos?

Os mesmos que diziam que estava tudo bem, e que agora insistem que ninguém podia prever nada do que aconteceu, são ainda os mesmos que dizem ter a solução.

No Eurotrib, Jerome à Paris compila alguns artigos com 3 anos, publicados na sua maioria no Financial Times. De uma forma geral foram recebidos com desprezo.

Enquanto eu não vir os media, e através deles o publico em geral, a voltar as costas a quem esteve consistentemente errado, e a tentar dar voz a quem esteve sistematicamente certo, não tenho razões para pensar que o pior já passou.

Parece haver uma classe de pessoas que está acima de qualquer juízo crítico. No Eurotrib são referidas como Very Serious People (TM). Aqueles cuja voz é sempre mais alta e mais ouvida do que os outros, independentemente da barbaridade que digam.

Por cá ainda há poucas semanas uns diziam: Privatize-se a CGD!
Agora os mesmos: "Ainda bem que a CGD continua a ser um instrumento do Estado!".
E os nossos jornalistas não questionam? E quando questionam contentam-se com respostas do género "Agora, tudo mudou".

Bandalhos, todos. E enquanto os bandalhos forem os únicos com o microfone, não tenho razões para estar tranquilo.

10 outubro, 2008

These Days

Well Ive been out walking
I dont do that much talking these days
These days--
These days I seem to think a lot
About the things that I forgot to do
For you
And all the times I had the chance to

And I had a lover
Its so hard to risk another these days
These days--
Now if I seem to be afraid
To live the life I have made in song
Well its just that Ive been losing so long

Ill keep on moving
Things are bound to be improving these days
These days--
These days I sit on corner stones
And count the time in quarter tones to ten, my friend
Dont confront me with my failures
I had not forgotten them

Jackson Browne




Agora reparo que nunca tinha dado atenção suficiente à letra desta canção.
E depois fiquei a saber que o autor a escreveu com 16 anos. É irritante, mas se o talento não estivesse mal distribuído, nunca se dava por ele.
.

08 outubro, 2008

Auto congratulação

Gostei tanto desta frase que escrevi num comentário ao Corta-fitas que acho que merece o seu próprio post:

"Passaram-se 30 anos a eliminar soluções, pensando que se eliminavam problemas."

A palavra "S"

Um pouco por todo o lado, de Washington a Berlim, vastas reservas de dinheiros publicos são usados para tentar manter à tona um sistema financeiro que entrou em auto-fagocitose.
Nos casos em que isso é manifestamente insuficiente (e está por provar que não se generalizará), assume-se discretamente a nacionalização, total ou parcial. Sempre tentando evitar dizer que se está a efectivamente a implementar politicas "socialistas". Usam-se eufemismos vários mas a expressão nunca é usada, a não ser talvez pelos Republicanos mais resistentes, que consideram o plano Poulson "Anti-americano" (haveria muito para dizer, aqui...).

Ocorre-me que se o mesmo acontecer em Portugal poderemos ter um Governo Socialista a tentar explicar com o maior dos pudores que o que estão a fazer não é socialismo:

"é pragmático, é necessário, é o que a comissão europeia mandou fazer, mas não se alarmem que o partido socialista nunca faria nada parecida com,(glup) socialismo."

03 outubro, 2008

Mais uma explicação da situação.

William Blum, um espécime raro (um comunista americano), explica nas suas palavras as causas para o presente colapso financeiro.

why do we have this thing called a "financial crisis"? Why have we had such a crisis periodically ever since the United States was created? What changes occur or what happens each time to bring on the crisis? Do we forget how to make things that people need? Do the factories burn down? Are our tools lost? Do the blueprints disappear? Do we run out of people to work in the factories and offices? Are all the services that people need for a happy life so well taken care of that there's hardly any more need for the services? In other words: What changes take place in the real world to cause the crisis? Nothing, necessarily. The crisis is usually caused by changes in the make-believe world of finance capitalism.

Eu gosto de o ler.
Quanto mais não seja por providenciar um ponto de vista radicalmente diferente, mas vindo de dentro. Muitas vezes simplesmente porque escreve bem e faz sentido.

Ali pelo meio do texto inclui esta definição:

"Capitalism is the theory that the worst people, acting from their worst motives, will somehow produce the most good."

Podemos questionar se o Capitalismo se resume a isso, mas o passado recente leva-me a acreditar que foram alguns dos seus principais promotores que o reduziram a tal esqueleto.





Food for thought

Thought on a diet:

A American Library Association celebra a sua Banned Books Week.
De lá retirei esta lista:

The 10 most challenged books of 2007 reflect a range of themes, and are:
  1. And Tango Makes Three, by Justin Richardson/Peter Parnell
    Reasons: Anti-Ethnic, Sexism, Homosexuality, Anti-Family, Religious Viewpoint, Unsuited to Age Group
  2. The Chocolate War, by Robert Cormier
    Reasons: Sexually Explicit, Offensive Language, Violence
  3. Olive’s Ocean, by Kevin Henkes
    Reasons: Sexually Explicit and Offensive Language
  4. The Golden Compass, by Philip Pullman
    Reasons: Religious Viewpoint
  5. The Adventures of Huckleberry Finn, by Mark Twain
    Reasons: Racism
  6. The Color Purple, by Alice Walker
    Reasons: Homosexuality, Sexually Explicit, Offensive Language,
  7. TTYL, by Lauren Myracle
    Reasons: Sexually Explicit, Offensive Language, Unsuited to Age Group
  8. I Know Why the Caged Bird Sings, by Maya Angelou
    Reasons: Sexually Explicit
  9. It’s Perfectly Normal, by Robie Harris
    Reasons: Sex Education, Sexually Explicit
  10. The Perks of Being A Wallflower, by Stephen Chbosky
    Reasons: Homosexuality, Sexually Explicit, Offensive Language, Unsuited to Age Group

30 setembro, 2008

A sinfonia da Crise, em 2 andamentos, por REM

1º Andamento, o Fim:

That's great, it starts with an earthquake, birds and
snakes, an aeroplane and Lenny Bruce is not afraid.
Eye of a hurricane, listen to yourself churn - world
serves its own needs, dummy serve your own needs. Feed
it off an aux speak, grunt, no, strength, Ladder
start to clatter with fear fight down height. Wire
in a fire, representing seven games, a government
for hire and a combat site. Left of west and coming in
a hurry with the furies breathing down your neck. Team
by team reporters baffled, trumped, tethered cropped.
Look at that low playing! Fine, then. Uh oh,
overflow, population, common food, but it'll do. Save
yourself, serve yourself. World serves its own needs,
listen to your heart bleed dummy with the rapture and
the revered and the right, right. You vitriolic,
patriotic, slam, fight, bright light, feeling pretty
psyched.

It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it and I feel fine.



2º Andamento, o Principio.



Birdie in the hand for life's rich demand
The insurgency began and you missed it
I looked for it and I found it
Miles Standish proud, congratulate me

A philanderer's tie, a murderer's shoe

Life's rich demand creates supply in the hand
Of the powers, the only vote that matters
Silence means security silence means approval
On Zenith, on the TV, tiger run around the tree
Follow the leader, run and turn into butter

Let's begin again, begin the begin
Let's begin again like Martin Luther Zen
The mythology begins the begin
Answer me a question I can't itemize
I can't think clear, you look to me for reason
It's not there, I can't even rhyme here in the begin

A philanderer's tie, a murderer's shoe
Example: the finest example is you.


As letras dos REM nunca foram muito fáceis de perceber. Mas a realidade que vivemos também não é...

28 setembro, 2008

O post da crise financeira.

Este blogue deve o seu início a uma inquietação que me começou a assolar há uns, poucos, anos. Á minha volta sentia que o mundo tinha mudado numa direcção que não me agradava. Uma consciência algo tardia, talvez, mas desde logo intensa.

Tomei consciência de uma crescente desvalorização do trabalho. De uma prepotência desumana disfarçada de exigência ou até "excelência", palavra que me dá pele de galinha. De uma aposta estratégica em ganhar mais, mais depressa, indo pelo caminho mais fácil: pagar menos a quem trabalha, mais a quem decide.
"Decidir é trabalhar, oh palhaço!", já estou a ouvir. Decidir é poder, respondo eu. E assistimos a um poder irresponsável e ingrato.

Adiante. Tentei perceber o que se passava. Daí a minha leitura de alguma história económica, que me levou ao campo mais próximo da psicologia, e da sociologia. Sempre sem maiores pretensões do que construir um retrato global. O destilado desse percurso foi vertendo aqui neste espaço.

A partir de certa altura, estava sinceramente céptico. Não via uma forma mais ou menos pacífica de dar a volta à coisa. O discurso dominante era de tal modo insidioso que impregnava mesmo os que historicamente tinham nascido da luta contra essas mesmas ideias, lá longe no século 19.

Achava eu que as catástrofes que iriam colocar tudo em causa seriam de ordem ambiental, ou energética. Elas estão aí anunciadas, no horizonte das gerações agora activas.

O mercado antecipou-se. E na verdade faz sentido, porque vive em ciclos muito mais curtos, mensais, trimestrais. O aquecimento global é uma coisa que "não se sabe bem", e o pico do petróleo dói mas aperta-se um pouco o cinto e lá se vai andando.
Mas os milhares de prestações que não se pagam, por não haver emprego, por a gasolina estar cara, por a comida ainda mais, por o ensino e a saude serem cada vez mais caros para responder às leis do mercado... aí o prazo é curto, é o fim do mês. E o resto é uma questão de massa crítica.

Por isso acho que é desta. Na verdade, espero que seja desta, que as leis de Murphy obrigam à prudência.

Aquando da crise de 29, foi o "New Deal" que salvou a coisa, reza a história. O New Deal era tão somente investimento publico (Keynesianismo, dizem os entendidos) que gera emprego e dinamiza uma economia em estado de choque e crise de confiança. É o trabalho das pessoas, que tão mal tratado tem sido, que é a economia real. É esse que tem que ser valorizado, protegido, dignificado. E não esquemas de pirâmide.

A verdadeira razão pela qual escrevo este post, cheio de coisas que se podem ler em qualquer lado, é partilhar a minha esperança acerca desta situação toda.
Em 29, acabou por ser a Guerra o grande dinamizador. De resto, a América nunca deixou de ser Keynesiana, mesmo quando esse nome passou a palavrão, graças ao seu investimento (público) na coisa militar. Dá trabalho a muita gente, mesmo.

Agora dava jeito era não ser preciso outra guerra mundial.
E é por isso que as outras crises anunciadas, que podem tranformar-se numa questão de vida ou de morte se considerarmos os cenários mais negros, são a Grande Batalha que deve canalizar os recursos e de caminho criar empregos, paz, prosperidade e um mundo mais limpo.
Criar novas fontes de energia, casas e carros mais eficientes, redesenhar cidades, repensar as relações de trabalho e com o trabalho, reestruturar o comercio internacional numa optica de desenvolvimento e justiça, tudo isso pode e deve ser feito.

Naomi Klein publicou há meses o seu "The Shock Doctrine" onde cunha o termo "disaster capitalism" onde retrata casos em que o mais diverso tipo de calamidades serve de oportunidade para implementar a filosofia politica que nos deu esta crise financeira, o aquecimento global e o petróleo a 100 dólares.

Está na altura de emergir um "Disaster humanism", à falta de melhor termo. Eu terei os dedos cruzados durante os próximos meses. Mas espero que isso não me impeça de escrever aqui :P.

23 setembro, 2008

As crianças dos homens.





Aqui há uns meses tive oportunidade de ver o filme "Children of Men". É uma história passada num futuro próximo, hipotético, onde uma epidemia esterilizou a espécie humana. Há 18 anos que não nasce um bébé.
A acção está envolta em contorno politicos para mim pouco claros. Há um estado policial. Há uma forte repressão a imigrantes, presumo que ilegais mas nem isso é evidente, que são arrebanhados em campos para repatriação. Há uns terroristas que não se percebe bem o que querem.
Nem tudo me parece coerente com o facto enorme de a humanidade enfrentar o fim.

Que é que significaria então a vida sem crianças?
Que é que poderia haver de errado numa vida de sexo sem preocupações, sem a responsabilidade de educar ainda mais outra geração, sem ter que gastar dinheiro em escolas e vacinas e no canal Panda? Poder falar à vontade, dizer palavrões, ter uma televisão para todos que é para maiores de 18 anos. Não ter que ouvir uma birra num restaurante ou na secção de brinquedos do hipermercado, que continuaria a existir mas com uma Barbie diferente. Não ter que explicar aqueles complicados factos da vida. Não pisar legos no corredor quando vamos descalços para a casa de banho.

Seria assim tão mau? Cada um viveria a sua vida na mesma, afinal. Ninguém está destinado a mais do que isso. Ninguém vive a sua vida impregnado da noção de espécie. Ninguém se reproduz para conscientemente perpetuar o seu pool genético e daí tirar o significado e valor da sua existência.

O filme dá a resposta, ou pelo menos eu tirei-a dali. Formulo-a invertendo o ditado. Só há vida se houver esperança. E sem crianças, ela morre à nascença.

22 setembro, 2008

Á atenção das leitoras.

Como é que se chega melhor ao eleitorado feminino?

Com uma mulher,




Ou com um homem carinhoso?

A comédia tem tudo que ver com "timing"

Assim o notam Bernard Chazelle, e primeiro Paul Krugman, acerca de declarações publicadas pelo candidato Republicano John McCain sobre o destino a dar à saúde Norte Americana:

"Opening up the health insurance market to more vigorous nationwide competition, as we have done over the last decade in banking, would provide more choices of innovative products less burdened by the worst excesses of state-based regulation."


Publicado recentemente na revista Contingencies, da Associação Americana de Actuários, número de Set/Out.

Os americanos que não se ponham a pau...

15 setembro, 2008

The land of opportunity



história de sucesso da Economia americana (recente).

10 setembro, 2008

O fim do mundo em directo:

Aqui

Se virem um buraco negro a formar-se à vossa frente, façam-se leves.

Adenda:

O pessoal do CERN fez um rap para explicar tudo:



Sorry, Miss Once.

08 setembro, 2008

E um belo cozido à americana?

Depois de alguns anos a ler sobre politica americana, fartei-me de não saber exactamente do que se fala quando se alude a Barris de Porco e Marcas de Orelha. E fui ver...

Uma curiosa terminologia, tão exótica, para algo que afinal nos é tão familiar: dinheiros públicos ao serviço de "empreendedores" privados.

De volta

Hoje volto ao trabalho. Não sei ainda porque hei-de ter mais vontade ou ensejo para escrever, agora que vou ter menos tempo para o fazer. Mas a ver vamos.

Temas que me andam na cabeça:

"O coração tem razões que a razão desconhece"
Sabedoria popular confirmada pela ciência. Ando a descobrir George Lakoff e afins...

Será que alguma vez tirarei a carta de condução?

Não basta gostar, é preciso saber gostar, e isso implica mostrar que se gosta. Isto falando de pessoas.

Deve estar quase a ser editada em DVD a 5ª época do The Wire.

O sentido da vida? São as crianças. Não acreditam? Vejam um filme chamado "Children of Men".

Por falar nisso, tenho um sobrinho com 6 anos que faz rodas só com uma mão. Este ano vai para a Ginástica (é rodas dessas). Daqui por uns anos vamos ter outra medalha olímpica numa disciplina onde não é costume.
Mas já agora é caso para perguntar, em que disciplina é que é costume?

Para principio de conversa não está mal. Tirando a carta, sou tipo para voltar a falar nestes assuntos.
(Quero dizer, não contando com o assunto da carta, e não condicionado ao facto de de facto tirar a carta. Já pareço o José, o Alfredo...)

07 agosto, 2008

Revelação



Já disse que gramo mesmo o youtube?

01 agosto, 2008

Beijing Round

Nos finais do século XIX um embaixador inglês apresentou-se perante o imperador da China para propor um acordo comercial.
Ficou famosa a resposta do imperador "Volte para casa, jovem. Vocês não têm nada que nós queiramos".
À época, a China era a maior potência económica do mundo. O comércio com a Europa representaria talvez um décimo de todo o comércio que se fazia na Ásia, de acordo com Andre Gunder Frank. Era ali o centro do mundo, apesar do que o nosso ponto de vista possa querer dizer.
Mesmo aqueles 10% apenas foram conseguidos por via do ouro e prata apropriados no Novo Mundo. A Europa era, para todos os efeitos, pobre.

Depois o equilíbrio mudou. As causas do declínio da China são matéria de disputa: os advogados do mercado livre consideram que foi o acto do imperador que ditou a derrocada. Outros, que me sabem melhor ao intelecto, confesso, apontam para uma crise ambiental, e depois social e política na China,motivada inicialmente pelo desvio de importantes porções de terra arável, que antes eram destinadas a alimentar a população, para "cash crops" destinadas à exportação, nomeadamente chá e seda.

200 e tal anos depois, há sinais de que o ciclo se esteja a inverter. Com o desenvolvimento da China e Índia, com a sua capacidade tecnológica, e a sua capacidade actual de competir pelos recursos naturais, que como se sabe não estão na Europa, China e Índia (e Brasil, também um pouco) terão dito aos "nossos" representantes na ronda de Doha:
Não têm nada que nós queiramos.

.

30 julho, 2008

Doah a quem doer.

Sempre foi para mim um pouco obscuro o mundo da OMC. Parte da confusão deve vir das leituras muito oblíquas que faço dos segmentos de economia. Fico com a impressão de que há, por exemplo, uma reunião qualquer em Doha que já dura há anos e que tardava em chegar a uma conclusão. Antes disso teria havido uma reunião idêntica no Uruguai mas posso estar enganado.

Felizmente posso contar com pessoas como Dean Baker ou os Ladrões de Bicicletas para me ir guiando, quando a minha capacidade cognitiva entra em colapso.

Parece então que a ronda de Doha que teve lugar em Genebra (?) ficou largamente em águas de bacalhau. Presumivelmente porque diversos intervenientes preocupados com o desenvolvimento de países em vias do mesmo, não estarão confortáveis com as propostas de mais liberalização do comércio internacional.

Imaginem que iam a um médico por terem falta de peso, e ele receitava uma pílula. Tomavam a pílula durante meses sem qualquer melhoria significativa, antes pelo contrário. Mas depois mudavam de dieta e engordavam demais, e iam ao mesmo médico, e ele receitava a mesma pílula.

É mais ou menos isso que se passa ali.
Aqui há uns tempos, os defensores de Doha garantiam que com a liberalização do comércio, os produtos alimentares aumentariam de preço, melhorando as condições de vida dos agricultores do hemisfério Sul.
Agora que os alimentos subiram de preço por causa de outros factores, nomeadamente os combustíveis e a competição por terra arável para produzir biodiesel a partir do milho, os defensores de Doha garantiam que exactamente as mesmas medidas fariam baixar os preços.

Hmmm...

28 julho, 2008

Hoje, 28 de julho, é dia neste blogue da poesia e este um post em 3 partes

Um amigo meu, que talvez queira permanecer anónimo(?) sugeriu que publicasse este poema:

having the flu and
with nothing else to do

I read a book about John Dos Passos and according to
the book once radical-communist
John ended up in the Hollywood Hills living off investments
and reading the
Wall Street Journal
this seems to happen all too often.
what hardly ever happens is
a man going from being a young conservative to becoming an
old wild-ass radical

however:
young conservatives always seem to become old
conservatives.
it's a kind of lifelong mental vapor-lock.

but when a young radical ends up an
old radical
the critics
and the conservatives
treat him as if he escaped from a mental
institution.

such is our politics
and you can have it all.
keep it.

sail it up your
ass.

Charles Bukowski


Agora, não sei exactamente porque me foi sugerido o texto, que de resto honra muito este blog.
Acho que nunca fui um radical. Já não sou novo, mas ainda não estou velho.
Se calhar, estou no tal asilo, já fora das paredes, mas ainda dentro dos muros...

Entretanto, também fiquei a conhecer Saul Williams,



E Charlie Christian



Para um dia apenas, não está nada mal.

23 julho, 2008

Volt fax

Houve um tempo em que o modelo de negócio dos media era este:
Vender notícias aos leitores.
Hoje em dia o modelo é, na sua maioria:
Vender audiências aos anunciantes.

Passámos de consumidores a consumidos, com um sorriso nos lábios.

.

21 julho, 2008

Mississippi John Hurt

Lá pelos 2 minutos, a guitarra faz umas coisas engraçadas pela mão daquele homem.

No sábado fui ouvir este senhor.

"I read with some amusement my reputation as a ladies' man. My friends are amused by that, too, because they know my life. Even when I was younger I was never aware of it, to tell the truth, so I could not take advantage of it. But for someone who has that sort of reputation and has spent so many nights alone, it has a special bitter amusement attached to it."

Leonard Cohen.

Se para um homem como ele tem sido assim, das duas uma, ou não há esperança ou não há critério.

.

16 julho, 2008

Este blogue é Patriota

"Patriotism is the conviction that this country is superior to all other countries because you were born in it."

George Bernard Shaw

(Felizmente nunca habituei os meus leitores a receberem explicações sobre porque é que escolho este ou aquele tema para escrever)

.

09 julho, 2008

Field of dreams

"If you build it, they will come."

"Campo de Sonhos" é um daqueles filmes lamechas sobre baseball, protagonizado por Kevin Costner, um actor que entra em alguns dos piores e alguns dos melhores filmes que vi.

Ele transforma um campo de milho num campo de baseball onde fantasmas de outras gerações se reúnem para jogar, instigado por uma voz que lhe dissera: “Se o construíres, eles vêm”.

Quando ouço dizer que problemas como a crise energética, o aquecimento global, a pobreza, devem ser resolvidas pelo “Mercado”, lembro-me muitas vezes deste filme.

Quando ouço os advogados da mão invisível a dizer que os governos devem fazer o menos possível, incentivando ou inibindo e deixar o Mercado agir, imagino as vozes na cabeça de Kevin Costner a adoptar a postura liberal:

“Se não fizeres nada, eles vêm.”.
"Se não fizermos nada, podemos ter zero emissões de carbono mesmo a tempo de salvar o planeta para os nossos netos. Se não fizermos nada, quando correr o ultimo pingo de petróleo, estará a ser ligada a última central eólica precisa para o substituir.
Se não fizermos nada, vai tudo correr pelo melhor."

Mas a verdade é que se não fizermos nada, o campo de milho será sempre um campo de milho e os fantasmas continuarão a vaguear. E não haverá filme.

China vs Taiwan

Alguém deu por isto ser notícia cá por estes lados?

Para quem tem preguiça de clicar em links, refere-se ao primeiro voo comercial em 60 anos entre o Taiwan e a China continental. Assim a modos que uma declaração de paz, feita por turistas em vez de diplomatas...

08 julho, 2008

Como salvar o que não está em perigo?

Nesta aproximação às eleições presidenciais americanas, um dos temas recorrentes é o que fazer para salvar a "Segurança Social".

A Social Security americana prende-se essencialmente com os programas de apoio à terceira idade, garantindo niveis minimos de subsistência e de saúde a quem não tem outros meios.
O envelhecimento dos "baby-boomers" lançou o alarme sobre a viabilidade do sistema. Com base nesta visão pessimista, George Bush tentou privatizar o programa, com o argumento de que cada um era o melhor indicado para gerir as suas próprias poupanças, e não o governo.

Acontece que a Segurança Social americana, tal como está, sem alterações, tem solvência garantida até 2046. Ou seja, não existe nenhum problema especifico com o programa e a sua sustentabilidade. Este facto é repetido frequentemente por Dean Baker, um economista que costumo ler e que dedicou o seu blog a criticar as incongruências da imprensa económica.

Se o sistema está garantido até 2046, porquê esta insistência?
Será que alguém sabe alguma coisa sobre como será a economia ou demografia em 2047, e não quer partilhar com o resto do mundo?

Adenda:E será que cá, reconhecendo que somos um país muito mais pobre e com um estado com mais responsabilidades sociais, não haverá quem insista no desmantelar dessas responsabilidades apenas porque tem uma fé ideológica qualquer ou, mais provavelmente, interesses particulares num banco ou seguradora?

04 julho, 2008

Paradoxo geneticamente modificado

O principio de "equivalência substancial" foi estabelecido em 1993 de forma a facilitar a introdução no mercado de derivados das então novas Biotecnologias. Basicamente assume que, por exemplo, um grão de soja GM é a mesma coisa que um grão de soja natural, e como tal não precisa da bateria de testes e verificações que um produto sem "equivalência substancial". Mas depois, um grão de soja GM, é protegido por uma patente com o argumento de que é uma coisa única.

Posso consumir com segurança? Pode, porque é igual.
Posso plantar sem pagar direitos? Não pode, porque é diferente.

Isto não diz nada sobre a segurança ou validade dos produtos GM, mas diz bastante sobre a honestidade e o critério de quem faz as regras do jogo.

02 julho, 2008

Cao Dai

Volta e meia surge um post como este, que me lembra o propósito original do Designorado.

Hoje fiquei a saber que há uma religião Vietnamita fundada em 1926 que conta entre os seus santos o escritor francês Victor Hugo.
Aparentemente, foi num templo de Cao Dai que se refugiou Kim Phuc, a pequena vietnamita que fugia do bombardeamento de napalm da sua aldeia. Uma das imagens iconográficas da Guerra do Vietname.
Hoje, ela é uma embaixadora da boa vontade da Unesco. Mas ainda guarda marcas daquele dia.

Dúvida existencial

Vamos supor que num futuro próximo um bebé é concebido com auxilio a terapia genética, com a inserção no ovo fecundado de um gene patenteado.
O bebé cresce, saudável.
Conhece alguém, casa.
Se tiver filhos estará a infringir direitos de propriedade intelectual?

01 julho, 2008

Complementando o post anterior

Esta cena, feita no CSI, teria um diálogo do género:
"A vitima tinha o corpo inclinado 35 graus, e isso explica o ponto de entrada e saída da bala. Pelo orificio, era uma calibre 40, disparada a um metro da janela."
"Mas onde foi ter a bala sargento?"
"Verificámos o estuque e foi todo colocado há mais de 6 meses, a data do crime. Mas como naquele dia estavam 35 graus de temperatura é natural que alguém ido buscar uma bebida fresca ao frigorifico. Aqui está!" e trocavam um olhar entendido e de admiração mutua.

Mas isto é The Wire, fuck that,
Ou: como fazer boa televisão e não chamar idiota ao espectador.


30 junho, 2008

The Wire

Dediquei uma boa parte do meu tempo livre nas ultimas 3 semanas a devorar os DVD's da série "The Wire". Em Portugal, "A escuta".
Creio que finalmente vai aparecer num dos canais do Cabo, um daqueles que eu não tenho, mas fica o alerta para quem ficar com curiosidade depois de ler este post.

Se gostam mesmo é do CSI, podem passar à frente.
The Wire é uma série policial criada por David Simon e passa-se em Baltimore. Quando comecei a ver, lembrei-me de uma série chamada "Brigada de Homicidos" passada na mesma cidade, e que por cá andou nos anos 90, e vim a descobrir ser do mesmo autor, um antigo reporter criminal do Baltimore Sun.

Que tipo de série é The Wire?
Nada como deixar o autor falar:

"The Wire is a Greek tragedy in which the postmodern institutions are the Olympian forces. It’s the police department, or the drug economy, or the political structures, or the school administration, or the macroeconomic forces that are throwing the lightning bolts and hitting people in the ass for no decent reason. In much of television, and in a good deal of our stage drama, individuals are often portrayed as rising above institutions to achieve catharsis. In this drama, the institutions always prove larger, and those characters with hubris enough to challenge the postmodern construct of American empire are invariably mocked, marginalized, or crushed. Greek tragedy for the new millennium, so to speak. Because so much of television is about providing catharsis and redemption and the triumph of character, a drama in which postmodern institutions trump individuality and morality and justice seems different in some ways, I think."

"I pitched The Wire to HBO as the anti–cop show, a rebellion of sorts against all the horseshit police procedurals afflicting American television. I am unalterably opposed to drug prohibition; what began as a war against illicit drugs generations ago has now mutated into a war on the American underclass, and what drugs have not destroyed in our inner cities, the war against them has. I suggested to HBO—which up to that point had produced groundbreaking drama by going where the broadcast networks couldn’t (The Sopranos, Sex and the City, et al…)—that they could further enhance their standing by embracing the ultimate network standard (cop show) and inverting the form. Instead of the usual good guys chasing bad guys framework, questions would be raised about the very labels of good and bad, and, indeed, whether such distinctly moral notions were really the point.

The show would instead be about untethered capitalism run amok, about how power and money actually route themselves in a postmodern American city, and, ultimately, about why we as an urban people are no longer able to solve our problems or heal our wounds. Early in the conception of the drama, Ed Burns and I—as well as the late Bob Colesberry, a consummate filmmaker who served as the directorial producer and created the visual template for The Wire—conceived of a show that would, with each season, slice off another piece of the American city, so that by the end of the run, a simulated Baltimore would stand in for urban America, and the fundamental problems of urbanity would be fully addressed.

First season: the dysfunction of the drug war and the general continuing theme of self-sustaining postmodern institutions devouring the individuals they are supposed to serve or who serve them. Second season: the death of work and the destruction of the American working class in the postindustrial era, for which we added the port of Baltimore. Third season: the political process and the possibility of reform, for which we added the City Hall component. Fourth season: equal opportunity, for which we added the public-education system. The fifth and final season will be about the media and our capacity to recognize and address our own realities, for which we will add the city’s daily newspaper and television components."

The Wire foi já considerada "A melhor série que você nunca viu" por alguns, já que o seu sucesso não foi imenso e imediato. Só na quarta época o público "got it".
Obrigado ao meu amigo Nuno por insistir que eu comprasse a caixa de DVD da primeira série, que a worten vendia por um preço jeitoso.

23 junho, 2008

22 de junho

Isto é só para ver se me lembro de fazer um post daqui a 6 semanas.

18 junho, 2008

Nisto, eu acredito

If everyone could, you know, love Alfred Hitchcock, I think it would be a better world.



Hitchcock, ou mesmo Joe Pesci...

16 junho, 2008

Nuvens escuras

Estou pessimista.
Normalmente sou um optimista, mas ultimamente não encontro muitas razões para isso.

Hoje, podemos preocupar-nos com muita coisa: o dinheiro, a alimentação, o combustível, o clima, as relações sociais (trabalho, família, a organização das cidades e os estilos de vida a que estamos obrigados), a guerra, aqui e ali. Sendo essas coisas más em si mesmas não são elas que me preocupam.
O que me preocupa, é que aqueles “especialistas” que defenderam constantemente as posições e politicas que nos trouxeram até aqui, a este ponto preocupante, são os mesmos que continuam a ser ouvidos quando a maior parte de nós já percebeu que é preciso algo diferente.

Os que diziam que a guerra do Iraque se justificava, os que diziam que por isso o petróleo ia baixar, os que diziam que o clima não estava a mudar, os que diziam que os países mais pobres deviam abrir as suas fronteiras aos alimentos produzidos pelos mais ricos, os que diziam que o mercado imobiliário nunca desvaloriza, os que diziam que não precisamos de industrias e agricultura que agora vivemos todos de ideias, são os mesmos que têm agora os microfones à frente e de onde os nossos “jornalistas” esperam tirar um vislumbre do futuro e das soluções que a ele nos vão levar.

Entretanto, as vozes que tinham razão continuam a ser apelidadas de radicais, malucos, alarmistas, ou agentes da conspiração da Coreia do norte para dominar o mundo.
É por isso que eu acho que isto não vai correr bem.

A não ser que…

12 junho, 2008

E se uma casa

Fosse como um livro, uma história ou uma aventura?
Já agora, alguém se lembra de ler "A família Cherry"?

(Obrigado, José, o Alfredo).

02 junho, 2008

O Ouro Do Brasil

Há meia dúzia de anos, talvez, vi um programa do Prof. José Hermano Saraiva onde ele tentava dar a resposta à pergunta:

“Para onde foi o Ouro do Brasil?”

Depois de inventariar mais ou menos a quantidade de ouro que veio para Portugal nessa altura, se não estou em erro chegou a umas 700 toneladas por ano, e de estabelecer que tínhamos então a maior quantidade de ouro da Europa, pelo menos, partiu à procura dos culpados. Não era o Rei e os seus mosteiros, porque isso representava quando muito 25% do valor oficial, sendo que muito passava debaixo do radar. Não era a corrupção, porque mesmo corrompendo pelo pais fora, sempre era um valor que entrava no pais, e não era isso que o fazia desaparecer. Acho que ainda explorava outra hipótese, mas não me lembro qual.

A conclusão era simples: gastámos tudo em chapéus.

Elaborando. Os nossos ricos pegaram no dinheiro, e compraram tecidos caros, mármores, especiarias, perfumes, tudo o que queriam e desejavam que sublinhasse o novo status adquirido. E portanto compraram. Compraram a quem vendia, que eram os mercadores da Europa.

(Flandres, Itália, devem ter visto passar muito desse Ouro. E não me espantaria que uma boa parte tivesse acabado na China, que era de onde vinham as sedas e as porcelanas e os chás, e que por ter mais ou menos nessa altura passado do papel moeda para a moeda cunhada, tinha uma grande avidez por ouro, prata e cobre.)

Em vez de investirem, criarem industrias, apoiarem ideias, estimularem o crescimento do pais, estoiraram tudo em luxos.

Soa familiar?
Quando ouço perguntar “Onde foram parar os dinheiros da CEE?”, a resposta para mim é clara: foram parar à CEE. Afinal, é lá que se fazem os Audis os Land Rovers e BMWs com que o nosso parque automóvel se renovou tão célere a partir de meados dos anos 80.

28 maio, 2008

Plágio descarado e repetido

Não contente com, constantemente, roubar ideias ao Eurotrib,
acho que é a segunda vez que estou a roubar esta*:

Regras para as relações de trabalho e repartição da riqueza ao longo dos ciclos económicos segundo o consenso económico vigente:

— Quando as coisas estão a melhorar, não se deve colocar em causa o movimento ascendente da economia.
— Quando as coisas estão a correr bem, não se deve causar a desaceleração da economia.
— Quando as coisas estão a piorar, não se deve tornar as coisas ainda piores.
— Quando as coisas estão realmente mal, é a altura de fazer “reformas” e flexibilizar o mercado de trabalho, já que os trabalhadores não estarão em posição de resistir.

Corolário: Num ciclo económico completo nunca há uma boa altura para partilhar a riqueza com quem trabalha.

*Mas nunca é demais e eles não se chateiam.

27 maio, 2008

Sem querer ser demasiado chato



The Impact of Inequality: How to Make Sick Societies Healthier
by Richard G. Wilkinson

Uma obra de um epidemologista que procura descortinar o impacto das desigualdades económicas na saúde pública.
Como ele proprio afirma: não é uma diatribe moral sobre desigualdade mas um estudo empírico sobre os seus efeitos.

Neste link dá para ler uns bons pedaços.

Números avulso

Variação das reservas de petróleo da Arábia Saudita entre 1988 e 2008: ±0%


Total de bónus a atribuir a financeiros da City londrina relativos a 2007: 12.6 biliões de libras.
Buraco no sistema financeiro inglês devido à crise: 15 biliões de libras.

Será a isto que se chamam jogos de soma zero?

26 maio, 2008

Fair Play

Durante a era Michael Jordan fui um razoavelmente fanático seguidor da NBA. Ao que sei, poder-se-iam tirar do modelo organizacional da competição algumas ilações interessantes. Tudo é feito em nome do espectáculo, sabendo que apenas um espectáculo de elevado nível mantém os pavilhões cheios e as estações de tv interessadas.

Assim, há uma série de regras que promovem a competitividade das equipas tentando evitar que haja vencedores crónicos. Havendo equilíbrio, há incerteza nos resultados, garantindo emoção e adesão. Comparando com a realidade que nos é próxima: Evita-se que haja 3 grandes que distribuem títulos entre si, com o ocasional “penetra” de quando em quando.

Assim, a NBA equilibra a distribuição dos proventos de contratos televisivos, acesso aos novos jogadores promissores, e tecto salariais das equipas, entre outros factores, para evitar que as hegemonias “estraguem” a liga.

Discute-se em alguns ciclos se uma liga desequilibrada é menos susceptível de atrair fans. Mas isso será outra questão.

Nesta altura os meus leitores mais frequentes deverão estar a estranhar o aparente afastamento dos temas habituais. Mas eu sou mais previsível do que isso.

Ocorreu-me precisamente este contraste entre NBA e Liga BWIN, como uma metáfora com alguma utilidade para suportar algumas posições que tenho defendido em relação a um tema que, pelos vistos, desperta reacções viscerais em muito boa (e também menos boa) gente. A questão da igualdade. Ou a questão da desigualdade. Depende de onde se vem.

Quando vejo pessoas que dedicam longos parágrafos a alertar para os perigos da igualdade (lembrando indiscutíveis e terríveis exemplos da história para ilustrar a sua posição), fico sempre perplexo.

“A igualdade é uma coisa nobre, de que até os Evangelhos falam mas como houve uns chineses ou uns russos que fizeram umas atrocidades, há a liberdade que é mais importante e pronto”.
(Nunca lhes ocorre no mesmo parágrafo lembrar o que Hitler fez em nome da desigualdade, vá-se lá saber porquê.)

De qualquer modo, tento ser mais construtivo que isso. E porque não aprender com a experiência de igualdade, não do Cambodja, ou da China, mas dos Comissários da NBA?

Afinal, são capitalistas insuspeitos, mas reconhecem que se um vencedor se apanhar numa posição de vantagem, é muito difícil tirá-lo de lá, se não houver regras mínimas de redistribuição de vantagens, e às tantas a competição deixa de ser… como direi… justa?

Quando (pelo menos eu, que não falo em nome de ninguém) se fala em igualdade, trata-se tão somente de nivelar minimamente o campo de jogo, de forma a que cada um possa dar o melhor de si, sem arrastar o peso de resultados de outras competições do passado, pelas quais não tem nenhuma responsabilidade.

Contaram-me uma vez a seguinte história atribuída a David Crockett, que nunca pude confirmar:

Ainda com 16 – 17 anos ter-se-à travado de razões com um homem muito maior que ele, que o desafiou para uma luta. Pretendia o seu oponente que fosse uma luta justa, um contra um. David Crockett terá pegado numa faca e espetado na perna do adversário, ferindo-o e respondendo: agora sim, podemos ter uma luta justa”.

A igualdade de que falo é apenas e simplesmente a igual oportunidade de aprender, de ter saúde e acesso à justiça. E, porque não, uma mais justa distribuição dos frutos do trabalho. O resto, então sim, é com a Liberdade de cada um.

Porque só com este sentido de justiça (me parece que) se pode falar verdadeiramente em Liberdade.

(alguns poderão dizer que estou a defender que para jogar basquete com o michael jordan apenas aceitaria faze-lo, qual pieguinhas, se ele tivesse uns pesos amarrados aos pés, e já agora que lhe cortassem as pernas para não ter mais que 1.71. Se fosse para jogar basquete, não senhor. Mas, e se fosse para jogar a minha vida…?)

21 maio, 2008

O caminho da podridão

Primeiro paladinos da liberdade e democracia,

depois, polícias do mundo,

agora, cães de fila de outros...

o que virá a seguir?

16 maio, 2008

Muita força por pouco dinheiro

O estudo que referi no texto publicado no Corta-fitas continha o seguinte parágrafo relativo aos seus pressupostos e conclusões.

“The conclusions from this work are that capuchin monkeys respond negatively to unequal reward distributions, that this effect can be explained neither by individual expectations of better rewards based on the past (frustration) nor by the mere presence of such rewards (greed), and that the sensitivity to reward inequity is combined with a sensitivity to individual energy expenditure. The highest performance is obtained when food is distributed equitably and the effort to obtain it is small, and the lowest performance is when a monkey has to expend great effort for less reward than its partner. If, as we propose, this complex evaluation of reward distribution and energy investment evolved in conjunction with cooperative enterprises, it may characterize a great variety of social animals.”

E lembrei-me de outra citação que já aqui havia trazido, do CEO da Porsche.

how can society allow capital to make all the rules? I have never understood shareholder value as it leaves so many things out. Shareholders give their money just once, whereas the employees work every day.”

Nós não somos menos que os macacos. Somos sensíveis a injustiças, e ao valor que é dado ao nosso esforço quando o comparamos com outros que trabalham para o mesmo, ou com outros ainda que dele beneficiam sem qualquer esforço.

Perante sinais de iniquidade, surge a insatisfação, desanimo, revolta, fúria, toda uma gama de sentimentos e sinais que nas sociedades originais serviria para colocar em cheque os elementos “abusadores”, gerando culpa, arrependimento, medo etc. Numa empresa moderna a suprema distância entre accionista e trabalhador impede esse regulador social natural que é o confronto de emoções. É assim que é tão fácil instalar-se a pouca vergonha.

Por essa Europa fora levantam-se vozes questionando a iniquidade dos rendimentos de gestores, que mantendo os seus trabalhadores com salários congelados anos a fio, não hesitam em aumentar-se regularmente e compensar-se com chorudos bónus, e ainda dar-se as mais chorudas compensações quando são despedidos mesmo que por incompetência.

Ninguém diz que quem está no topo não deva receber mais do que os que estão na base de uma hierarquia de responsabilidades, (e assumo aqui que o investimento pessoal de um operário não é necessariamente diferente do de um gestor) mas dificilmente se justifica que as coisas corram tão mal para uns quando correm tão bem para outros.

Não faltam as vozes que dizem que ninguém tem nada com isso, cada empresa sabe de si. Alguns ainda concedem que é bom ver o que se passa, porque se está a defraudar o accionista. E ficam-se por aí.

Mas será realmente comparável o esforço de um accionista que dedica 10 minutos por semana a gerir a sua carteira de investimentos ao do operário que entrega toda uma vida ao seu trabalho? A mim parece-me que não.

O patrão da Porsche está comigo. Os macacos capuchinhos, apostaria que também.

15 maio, 2008

The Humans are Dead



Flight of the Conchords

12 maio, 2008

Outsourced

Numa clara manifestação de amiguismo, este vosso criado foi convidado a postar, que é como quem diz largar posta, no Corta Fitas, a convite do prestigiado devorador de croquetes, poeta e semibudista João Villalobos, que não hesitou, portanto, arriscar a sua reputação ao expor a tão vasta audiência as minhas divagações sobre ecosocioetobioantropologia.
Uma pequena macacada que no entanto me despertou uma reflexão reflexa, à qual darei espaço aqui em breve.

04 maio, 2008

Jardim da Estrela


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Originally uploaded by el.rodrigues

Está em obras....

02 maio, 2008

Exmo. Sr. Presidente e Terrorista

Nobel Peace Prize winner and international symbol of freedom Nelson Mandela is flagged on U.S. terrorist watch lists and needs special permission to visit the USA.

Esta notícia é interessante de diversos ângulos.
Por um lado, podemos rir da sempre eterna inércia das burocracias, que periodicamente criam casos caricatos. Por outro, temos o facto de que o terrorista de uns é o heroi de outros, segundo se diz. Mas também se consta que, com o tempo, o terrorista de um se torna o herói do mesmo.
E vice-versa.

Staples Office

30 abril, 2008

Fat business

"For 30 years, global trade policies have been based on the assumption that what's good for business is good for all of us too. And food price rises have certainly been good for business. It may seem outrageous that some of the poorest people in the world can't buy food, while shareholders are laughing all the way to the bank. But, in the insane logic of the world economy today, we should all be happy because company profits are growing."


O caso do Haiti, citado abaixo, é apenas mais um. A administração Clinton apoiou o regresso de Aristide ao poder em 95, depois de um golpe de estado que o depôs, na condição de que ele "abrisse" a economia do país. E o resto, como eles dizem, "is History". Houve um forte desincentivo aos agricultores locais face à concorrência americana, ficaram provavelmente algumas"cash crops", e agora que os preços das importações apertam, não há meios internos de produção de comida nem dinheiro para pagar a que vem de fora.

29 abril, 2008

Qualquer coisa não bate certo...

No Haiti, fazem-se bolos de lama para enganar o estômago.

No Canadá, o governo subsidia o abate de porcos, numa tentativa de ajudar os suinicultores, face à queda do preço da carne e ao aumento das rações.

Destes porcos, alguns serão transformados em comida para cães e gatos.
Dos que não forem, não se prevê que algum chegue ao Haiti.

26 abril, 2008

Ontem não disse nada

Mas sem 25 não há 26, não é?



24 abril, 2008

Altruismo

Ocorreu-me que um bom exemplo de altruísmo, é convidarmos alguém de quem não gostamos a ir ao cinema sem nós.

23 abril, 2008

O último homem da terra

O último homem da terra subiu a um ponto elevado, olhou em volta, e pensou:

“Acho que posso afirmar que a Terra toda me pertence. “

Como a querer testar esta convicção gritou o mais alto que pôde:

“E agora? Alguém pode contestar os meus sagrados direitos de propriedade?”

Contente com o silêncio, desceu do monte. Depois, veio um leão e comeu-o.

01 abril, 2008

Moldes do discurso

Via Beat the Press cheguei a este artigo do Washington Post sobre um novo boom de vida familiar em Manhattan. O artigo merece destaque porque se refere a estas famílias como "typical white, middle-class". Dean Baker lembra que esta "classe média" ganhar mais de 200 000 dólares por ano, ou seja, está nos 2% mais ricos do país, ou seja, de média não tem nada.

Lembrou-me uma coisa que acho que Pacheco Pereira, acho que na Quadratura do Círculo, dizia aqui há uns tempos, sobre a classe média portuguesa reduzir os seus hábitos de consumo, com as suas férias no Brasil e os seus Audis. Na altura fiquei a pensar se de facto aquela classe média seria vagamente média, ou apenas o seria numa visão enviesada da sociedade, em que tudo o que está perto parece muito maior do que o que está longe.

Eu vivo rodeado de gente que faz férias no Brasil e tem carros medianamente caros, mas sei que os publicitários não representam a classe média do país. E muito menos constituem o português médio. Pelo menos por enquanto, que isto não vai para melhor.

Isto é um problema, porque quando alguém que tenha responsabilidades, usa esta "classe média" como bitola, e decide agir de forma a beneficiar ou penalizar esta classe, (nomeadamente colectando mais ou menos impostos) essa medida corre sérios riscos de ser irrelevante num panorama mais amplo e realista.

Pior ainda é o problema se o tal responsável aceitar que a "classe média retórica" é privilegiada, mas depois aplicar a medida de "justiça social" à classe média real por via de um qualquer mecanismo burocrático.

Ainda pior, é esta noção de classe média tomar conta do discurso e relegar para as franjas da relevância política mais de 90% da população. Exagero? Talvez...

25 março, 2008

09 março, 2008

05 março, 2008

Porque gosto da internet.

Há poucos dias atrás, não sabia quem era Jeff Mangum. Nem os Neutral Milk hotel. Nunca tinha ouvido falar. O nome apareceu num blogue de um jornalista americano que costumo ler, Christopher Hayes. Fazia uma referência ao nome e à banda, a propósito de um artigo sobre os mesmos na revista Slate. Acrescentava que para ele o álbum “In the Airplane over the sea” era um dos cinco melhores de sempre.
A Slate conta a história breve da banda, que se dissolveu logo após o seu assomo de sucesso.

Fui ao Youtube e procurei Neutral Milk Hotel. Não parecem ter feito vídeo clips oficiais, tudo o que se encontra são gravações ao vivo de algumas aparições públicas, e videoclips realizados por fans.

O artigo da Slate aguçou o apetite já que referia que para a revista Magnet, dedicada à musica “Independente”, “In the airplane over the sea” era o melhor disco da década de noventa.

Ora, eu vivi nessa década e não conhecer o álbum começou a ser inaceitável. Verifiquei que existia na Amazon. Mas seguindo um conselho de um amigo, tentei ouvir antes de me decidir a comprar.
Para isso recorri a meios que me abstenho de divulgar, porque quem sabe sabe, quem quer saber, descobre e quem não quer escusa de se preocupar.

Em pouco tempo obtive 1.2 GB com o que suspeito serem todas as gravações conhecidas da banda.

Dediquei a minha atenção ao celebrado Álbum. Tem tocado em continuo no meu i-tunes. Não sei se é o melhor da década ou um dos cinco de sempre. Mas vai ficar para sempre comigo.
Vou comprar. O autor vive dos cerca de 25000 discos que vende por ano, ao que parece.

Jeff Mangum saiu de cena. A música não foi o escape que ele procurava para os seus fantasmas pessoais, ser Rock Star nunca foi a sua ambição e encontrou alguma paz noutro modo de vida. Ao que sei ainda faz música, mas diz que não é nada que faça sentido outras pessoas ouvirem. E diz que se ouvirem dizer que ele gravou num estúdio para não ficarem muito excitados, que pode ser apenas um minuto de música e não um disco. Eu, dele e da sua banda, já tenho o que queria e não sabia.