Há uns anos demasiado largos para eu me sentir bem, era eu aluno da licenciatura em Biologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, fui levado por um professor a ver o trabalho dos podadores a soldo da Câmara local, numa avenida da cidade.
Era uma iniciativa com cariz de protesto. A poda que tinha sido feita era desastrosa, desadequada às espécies em causa, expondo-as a doenças e não cumprindo o que deve ser a função da poda, que é a revitalização das árvores.
De acordo com a palestra do professor, devia-se isto a fazerem o recrutamento dos podadores numa zona do pais onde a técnica fazia sentido para as espécies dominantes, e na sua maioria com aproveitamento económico.
(A distância no tempo é a única desculpa que tenho para a falta de pormenores técnicos na descrição que acabei de fazer. Estou um cabeça de alho chocho.)
Vem isto tudo a propósito de um post do Eurotrib.com sobre o que correntemente se passa nos bancos. Estes estão numa fase de se desfazerem de todos os maus activos que acumularam nos anos anteriores de tão apregoada prosperidade, é sempre bom lembrar. Estão a fazer isso assumindo prejuízos, ou tentando passá-los a outros: nós. É a poda banqueira.
Neste pânico, estão também a cortar com tudo o que seria investimento, no receio de adquirir mais activos maus. É aqui que entra a história da poda. O sector bancário, e o português parece ser um caso particularmente grave nesse aspecto, revela-se incapaz de cumprir a sua função de lubrificador da actividade económica. Habituou-se a cortar a direito, financiando consumo, e agora não sabe distinguir os ramos que dão frutos dos que estão secos. Estamos todos podados.
Lembro-me sempre de um episódio contado pelo ex-presidente Sampaio, de um industrial de uma fábrica de máquinas que recebeu um representante de um banco com intenção de financiar uma expansão da actividade. O bancário ao ver as máquinas paradas perguntou: mas afinal que é que o senhor faz aqui? Aqui fazemos máquinas para a industria. E respondeu o bancário: Fazer? Mas isso não se compra?
E é com este tipo de mentalidade (se alguém souber de outra diga por amor do Menino Jesus) que temos que encontrar os mecanismos financeiros para revitalizar a actividade económica.
Bom natal.
23 dezembro, 2008
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3 comentários:
Estás com cabeça de alho chôcho mas não perdeste a lucidez, L. E quanto ao escrever, fez-te bem ver o trabalho numa avenida da cidade. Vê-se que ficaste a perceber da poda.
Abraço.
Mas não deves menosprezar a criatividade bancária portuguesa. Depois do Depósito Obama-McCain, do Banco Best, e do Depósito Prognósticos SuperLigaSagres, do Finibanco, aposto que não tarda a aparecer um Depósito Taxa de Desemprego, ou o Depósito Recessão, com as taxas indexadas ao respectivo indicador. Qual dos bancos o fará? Ora aí é que pode estar a aposta.
Isso! Apostas sobre apostas!
Hmm... Isso lembra-me qualquer coisa...
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