14 outubro, 2008

A Conclusão a Tirar.

No site DailyKos, em resposta a um post do abaixo citado Jerome, surgiu um comentário eloquente que achei por bem traduzir.
O comentário em si já era uma citação, e entretanto já foi identificado o autor e o texto completo de leitura muito recomendável onde se inclui este trecho que sintetiza tudo o que se passou antes:

Beginning with Margaret Thatcher's election in 1979, government after government -- and party after party -- fell to the onslaught of an extremist faith: the narrow, blinkered fundamentalism of the "Chicago School." Epitomized by its patron saint, Milton Friedman, the rigid doctrine held that an unregulated market would always "correct" itself, because its workings are based on entirely rational and quantifiable principles. This was of course an absurdly reductive and savagely ignorant view of history, money and human nature; but because it flattered the rich and powerful, offering an "intellectual" justification for rapacious greed and ever-widening economic and social inequality, it was adopted as holy writ by the elite and promulgated as public policy."




“Dinheiro para construir e equipar generosamente milhares de escolas, com professores bem pagos e bem treinados, turmas pequenas, programas ricos e inspiradores.

Dinheiro para revitalizar zonas pobres, tornando-as lugares seguros e vibrantes onde crescem famílias, comunidades e negócios.

Dinheiro para providenciar cuidados de saúde, decentes e acessíveis, a cada cidadão, para dar aos mais velhos conforto e dignidade, e protecção e tratamento aos doentes mentais.

Dinheiro para oferecer formação superior acessível a todos os que o quisessem e para tal se qualificassem. Dinheiro para estabelecer e manter negócios locais, e produções familiares, centrados na comunidade local, enriquecidos pelos conhecimentos e necessidades das pessoas que lhes são próximas e não pelos ditames de corporações distantes.

Dinheiro para revitalizar uma infra-estrutura decrépitas, reparar pontes, fortalecer diques, manter estradas e redes eléctricas e de esgotos.

Dinheiro para sistemas de transportes públicos funcionais e acessíveis, para a implementação de formas diversificadas de produção energética, para um desenvolvimento sustentável e recuperação ambiental.

Dinheiro para suportar investigação livre, em ciência tecnologia, saúde, e outras áreas. Pesquisa não condicionada pela máquina de Guerra ou pelos lucros das corporações, mas antes votada ao melhoramento da vida humana.

Dinheiro para suportar cultura, aprendizagem educação continua, bibliotecas, teatros, musica e as infinitas manifestações da demanda humana por sentido, compreensão, entendimento, e uma vida mais rica e profunda.

O dinheiro para tudo isto e muito, muito mais, estava lá, o tempo todo.. Quando eles diziam que não podiam fazer estas coisas, ele mentiam, ou deixavam-se enganar pelos sumos sacerdotes do culto do Mercado. Quando quiseram um trilião de dólares para fazer Guerra no Iraque, o dinheiro apareceu. Agora quando querem triliões de dólares para resgatar especuladores, criminosos fraudulentos, e os que lucraram pela ganância no Mercado global, voltam a tê-los de repente.

Quem pode acreditar então que estes governos não podiam encontrar o dinheiro para boas escolas, boa saúde e todo o resto, que eles não podiam melhorar o bem estar e as vidas de milhões de cidadãos comuns, e ajudarem a criar um mundo mais justo, mais estável e com mais equidade, se quisessem?

Este é um dos principais factos que cidadãos vulgares de todo o mundo devem tirar desta crise. O dinheiro para manter, dar segurança e melhorar as vidas das suas famílias e comunidades, sempre existiu. Mas os seus governos, os seus partidos políticos, fizeram a escolha deliberada, livre, de não o usar para o bem comum.

Em vez disso, subjugaram o bem estar do mundo aos ditados de um culto de extremistas. Um culto de ganância e privilégio, que pregava um disciplina de ferro para os pobres e a classe media, mas libertava os ricos e poderosos de qualquer restrição e de qualquer responsabilidade pelos seus actos.”

7 comentários:

CPrice disse...

This should be a constant -- and "galvanizing -- thought in the minds of the public "
to wash away the brainwashing ..

Fabuloso artigo e excelente tradução caro L.
Obrigada pela partilha.

L. Rodrigues disse...

Obrigado Miss Once.
We aim to please.
O post foi construído aos poucos, e sucessivamente editado. Primeiro fiz a tradução do referido comentário e só depois descobri a fonte, pelo que a frase que destaca ficou de fora.

De certa forma ainda bem, acho que teria alguma dificuldade com "wheeler-dealers"...

CPrice disse...

"especula" Caro L. ;) estou convicta que não teria dificuldade alguma.
(curiosa também a onda de comentários que por lá se gerou)

Anónimo disse...

Gostei muito de ler, L. E que trabalhão te deu a construção, meu caro. Quando acabei de o ler, lembrei-me de uma frase que costumava ler nas paredes dos edifícios há uns anos atrás: os ricos que paguem a crise. Porque será?

L. Rodrigues disse...

Afinal, o seu a seu dono, Mike :). Se são eles que a provocam...

Maria Carvalhosa disse...

"...offering an "intellectual" justification for rapacious greed and ever-widening economic and social inequality, it was adopted as holy writ by the elite and promulgated as public policy."

Esta foi a verdadeira essência do descalabro político-económico, caro Luis: : a capacidade intelectual de "vender" uma ideia, que apenas servia alguns, como igualmente boa para toda a humanidade. E, claro, haver toda uma humanidade crédula que a "comprou"...

Beijos.

L. Rodrigues disse...

Bem aparecida, Maria. Sempre bem vinda.