Desde há uns anos para cá que sinto uma coisa de que este blogue é uma ténue expressão.
Trata-se de um sentimento de dívida.
Lembro-me das palavras de Leonard Cohen que já citei num post passado:
"A lot of those songs are just the response to what struck me as beauty.
Whenever that curious emanation from a being or an object or a situation or a landscape, you know... that had a very powerful effect on me... as it does on everyone...
And I prayed to have some response to the things that were so clearly beautiful to me, and they were alive"
Eu não escrevo canções. Nem poemas. Não pinto quadros. Não faço música. E não faço voluntariado. Não sou um activista. Não tomo posições de que outros se possam orgulhar.
Não chego, talvez, a tentar sequer ser a melhor pessoa que podia ser.
Por isso sinto, talvez de forma desproporcionada, um sentimento de divida para com todas as pessoas que me emprestaram alguma forma de beleza. Amigos, colegas, família, este ou aqueles estranho a quem nunca dirigi a palavra, sequer. Todos os que me tocaram com gestos, com palavras, com olhares, com choros, com objectos, com situações, com reprimendas, com safanões...
Nada do que faço me parece suficiente.
Mas pior, muito pior, nada do que faça me parece suficiente, e acabo por cair numa paralisia. Aquela que dá quando apenas um gesto largo nos satisfaz, e portanto nem um pequeno sabemos fazer.
E assim, posso apenas rezar como Cohen, mas a um deus em que não acredito, para que um dia tenha uma resposta.
22 outubro, 2008
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5 comentários:
"Whenever that curious emanation from a being or an object or a situation or a landscape, you know... "
yes, I know :)
talvez por nada, talvez por tudo o que ao longo dos meses por aqui vou lendo, aprendendo, pesquisando para entender .. o certo Caro L. é que acabei de lhe enviar "um dardo", imagine. Coisa pomposa para "mascarar" o quanto aprecio as suas escritas.
:)
Obrigado, Miss Once.
O texto tem uma omissão imperdoável.
Embora implicitos deviam lá constar, entre os meus credores, os comentadores deste blog.
Oh pá, amigo, créditos, tá bem créditos, mas oh faxavor, tu não fales em créditos que me lembro dos outros, os malparados e assim e tal, chama-lhes antes, pá, avalistas, fiadores sem condição, outro conceito, xiça, quem te quer bem e gosta de ti, carago:)) É mais simples, e lá tou eu com o que é simples, xata do caraças...
Porque me deste ou reconheceste confiança, trust, falo assim contigo com confiança:P Giro não é?
Somos o que somos e o que gostamos de ser.
Eu voto em ti, como pessoa e como bloguista.E mai nada.
Desculpa lá mas pelo menos essa do «não tomo posições de que outros se possam orgulhar» é uma rematada mentira. Shame on you :)
Devia ter dito publicas e ostensivas?
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