22 dezembro, 2009
Não sei se é natalício...
e se não ouviram nenhum dos outros, façam-se um favor e ouçam este.
13 dezembro, 2009
10 dezembro, 2009
Intendência
O Designorado está portanto em banho-maria.
Largarei uns links que me pareçam mais interessantes, mas textos só lá mais para a frente, suspeito.
03 dezembro, 2009
Sink tanks
A questão das alterações climáticas não escapa à tendência e, recentemente, no The Observer (jornal irmão do Guardian), um debate promovido sobre o assunto contava com a presença do dr. Benny Peiser "director of the Global Warming Policy Foundation".
Global Warming Policy Foudation. Nome impressionante.
Acontece que esta "fundação" tinha uma semana, à data do debate, tinha apenas um membro, o doutor Peiser, não tinha nenhum trabalho publicado e, olhando para o curriculum do Dr., não admira.
A questão que se coloca é a seguinte: porque é que os media dão igual espaço a um cientista reputado como o Dr. James Hansen, director do instituto Goddard da Nasa, e a um tipo destes.
Em nome de ums qualquer desviada ideia de equilíbrio faz-se mais ou menos o equivalente a ter uma discussão sobre Astronomia em que se convidava Carl Sagan e a Maya.
História gamada, como acontece muitas vezes, ao European Tribune.
26 novembro, 2009
Ponto de Situação
Ontem terminei as 32 aulas de condução a que a lei obriga. O exame deve ser marcado para as próximas duas semanas. O mundo está a mudar.
25 novembro, 2009
O Clima do Clima
22 novembro, 2009
18 novembro, 2009
16 novembro, 2009
Uma questão de pontuação
"Prosperidade sem Crescimento"
Onde traça linhas orientadoras para, enfim... o Desenvolvimento Sustentável.
O Governo Britânico aparentemente desconfortável com a ideia de que possa haver Prosperidade sem Crescimento, obrigou os autores a acrescentarem um ponto de interrogação ao relatório.
É assim que se vão fabricando os consensos.
(via, Ladrões de Bicicletas)
12 novembro, 2009
Mão de obra.
Porque é que num país onde os salários são reconhecidamente baixos, a fatia reservada à mão de obra neste tipo de serviços parece sempre tão exorbitante?
Tenho uma hipótese: A fatia de leão do que se paga pela mão de obra não vai para quem trabalha.
09 novembro, 2009
O Muro
O youtube tem destas coisas....
06 novembro, 2009
Entretanto, no país mais rico do mundo....
Nearly half of all U.S. children and 90 percent of black youngsters will be on food stamps at some point during childhood, and fallout from the current recession could push those numbers even higher, researchers say.
05 novembro, 2009
02 novembro, 2009
o mal
A ultima ocorrência ocorreu por esses blogues fora. Um comunista, presumo, tentava explicar que sim, que houve erros, mas que não se podia ignorar o que tinha acontecido na rússia, e depois na união soviética, em termos de progresso industrial e científico, de artes, de, inclusive, progresso social e outros. De facto a Rússia czarista não tinha nada que ver com o país que mais determinante foi na derrota do nazismo, nem com o que colocou satélites no espaço.
(antes que me alargue, um "disclaimer": não sou nem nunca fui um entendido neste assunto, não conheço mais do que os protagonistas mais salientes e algumas pinceladas muito grosseiras sobre os diversos periodos em que se poderá decompor a história do século 20 à luz da revolução de outubro)
Claro que para um crítico da "experiência soviética" nada disto conta. E criticos não faltaram àquele comunista. A sombra de Estaline paira demasiado escura. Qual buraco negro, suga qualquer luz que pudesse vir daquele periodo histórico.
Acontece que, frequentemente, muito frequentemente, e recentemente tivemos exemplos disso, os que condenam o comunismo, identificando-o exclusiva e totalmente com o estalinismo, são os mesmo que defendem, defenderam, que quando se fala da Igreja Católica, ou da religião em geral, temos que deixar de lado todas as atrocidades cometidas em seu nome, ou de um deus qualquer, para nos concentrarmos nos homens de bem, nos santos, no conforto que as pessoas encontram na religião, etc.
Por outro lado, uma rejeição do comunismo baseada no número de mortos causados pelos regimes por ele inspirados, não pode deixar de ser acompanhada de uma rejeição do capitalismo pelas mesmíssimas razões e ordens de grandeza. É uma história menos contada, mas também está aí para quem quiser. Mas poucos querem fazer as duas críticas, ficando cada um do seu lado da trincheira.
Para mim, isto são dois pesos e duas medidas. E sobretudo ofusca a verdadeira causa do mal.
O comunismo não mata. Tenho para mim que o que mata é o autoritarismo. Mata em regimes comunistas, em regimes fascistas, mata em democracias, mata na Terra Santa e no Cambodja. Matou nas fogueiras da Inquisição, e nos Gulags da Sibéria antes e depois de 1917. O autoritarismo é o que torna o diferente abominável e a dissidência criminosa. É o que motiva multidões cegas de fúria, e legitima os carrascos e a desumanização das suas vitimas.
Podemos discutir se o autoritarismo é intrínseco ao comunismo, se este não pode existir sem aquele, da mesma forma que o é ao fascismo. Não tenho a certeza de que seja, já que por esse mundo fora também inspirou movimentos cuja bandeira foi sobretudo a liberdade, contra ditaduras tão sanguinárias como a de Estaline mas que estavam do lado oposto do espectro político. Mas reafirmo a minha incapacidade para debater profundamente todas as possibilidades abertas por este campo de ideias, e a sua adequação a contextos específicos ou genéricos da experiência humana.
Talvez estejam condenadas a serem o Papão, que mete as crianças na ordem.
Mas às vezes parece que, se não for o medo do Papão, as crianças recusam a sopa e não crescem.
29 outubro, 2009
A esperança tem um preço baixo.
27 outubro, 2009
Tribalismos
Finda a guerra, estava mudo. Alheado do mundo, não dizia uma palavra. Ainda voltou para junto da família, mas o seu comportamento associal (nem anti-social era) acabou por levá-lo a uma instituição onde passou o resto dos seus dias. Sempre calado, alheado.
Sempre não.
Uma vez, ouvia o relato de um jogo importante para o clube da sua devoção. Ao ouvir uma decisão polémica do árbitro, gritou: “Este f...d....p.... ainda nos faz perder o campeonato!”.
E calou-se, dessa vez para sempre.
Isto para dizer que o futebol, ou o desporto porque outros povos têm a mesma relação com outras modalidades, é suportados por sentimentos muito profundos, primitivos, que transcendem família, religião, vizinhos, amigos. Quando dizemos “Sou deste clube” fazemos parte de uma entidade colectiva na qual depositamos os últimos resquícios de identidade mesmo quando um trauma nos esvaziou de todo o resto.
Quando já não somos mais nada, ainda somos aquilo.
Isto explica a irracionalidade de que se reveste a adesão clubista. Explica porque se muda de religião ou partido, mas não de clube.
E explica porque ando tão contentinho, ultimamente.
25 outubro, 2009
Ele há virtuosismo... e ele há genialidade
23 outubro, 2009
Não tem nada que ver comigo, mas...
22 outubro, 2009
A verdade é que....
A propósito da sua vida Joseph Stiglitz, outro premiado na Escandinávia, lembra o seguinte:
Com os agradecimentos do costume ao Eurotrib.
...our societies tolerate inequalities because they are viewed to be socially useful; it is the price we pay for having incentives that motivate people to act in ways that promote societal well-being. Neoclassical economic theory, which has dominated in the West for a century, holds that each individual’s compensation reflects his marginal social contribution – what he adds to society. By doing well, it is argued, people do good.But Borlaug and our bankers refute that theory. If neoclassical theory were correct, Borlaug would have been among the wealthiest men in the world, while our bankers would have been lining up at soup kitchens.
PS: o contexto, no Eurotrib são estas afirmações de um vice presidente da Goldman Sachs:
Vale a pena espreitar a quantidade de comentários que a equipa do Guardian se viu forçada a cortar. Esta gente não imagina o que está a criar.
21 outubro, 2009
20 outubro, 2009
Ideias e identidade
Muitas no sentido de ele ter insultado os crentes, ou simplesmente ter dito um disparate ao caracterizar de forma considerada grosseira uma obra com a(s) dimensão(ões) da Bíblia, manifestando uma intolerância insustentável.
As afirmações dele não me chocam minimamente. Resumindo aquilo que pensei; ele fez a sua leitura parcial da Bíblia, como faz toda a gente que conclui coisas definitivas a partir dali. Porque o Livro dispara em tantas direcções que só mesmo uma leitura parcial permite ser conclusivo. Para viver segundo ele, ou para o condenar.
Nesse sentido, achei simplesmente que ele tinha as suas razões, e aquela era tão somente a sua opinião (que de resto, subscrevo no sentido em que me pareceu dizê-la).
A outra coisa que foi clara é que alguns críticos do "politicamente correcto" provaram um pouco de incorrecção politica e não gostaram. O que é divertido e ajuda a perceber melhor as motivações por trás das suas opiniões.
Finalmente acho que a reflexão mais importante e aquilo que me devia levar a escrever sobre isto, é a das ideias enquanto identidade. Ou seja, até que ponto dizer que a Bíblia é um monte de disparates e um manual de maus costumes é uma opinião ou um insulto?
Só é um insulto se considerarmos que as ideias contidas na bíblia, ou a mera relação dos crentes com esta, fazem parte da sua identidade. E como tal há pessoas que ficam, passo a redundância, pessoalmente ofendidas.
Mas se as ideias são identidade, e a critica é ofensa e ofender é incorrecto, não leva isso a que seja incorrecto criticar ideias? E aí como ficamos? Vamos falar do quê? Do tempo?
16 outubro, 2009
Post contemplativo e paradoxal
De dia, o mais que consigo são uns 150 milhões de quilómetros, em média.
14 outubro, 2009
13 outubro, 2009
12 outubro, 2009
02 outubro, 2009
A realidade
(quase de certeza que alguém já disse isto antes, mas juro que foi o que me ocorreu depois de ler um pequeno texto do João Távora no Corta-Fitas)
30 setembro, 2009
Memória do presente. (um post a dar para o longo).
Corria então o ano de 1984.
Um colega de curso e amigo um dia chegou ao pé de mim e disse: "Tive um sonho, vamos fazer uma República". Devo ter pensado algo do género: "Porque não?" que é o género de coisas que penso.
A nossa motivação era simples. Tínhamos um certo fascínio pela tradição coimbrã, com o fado, as tertúlias, e a vida da Cidade, e a noção de que essa experiência apenas seria vivida em pleno se vivêssemos numa República.
Em pouco tempo arranjaram-se mais 5 interessados e uma casa onde cabíamos todos, e não custava tanto que se tornasse um peso nas nossas semanadas. No ano lectivo seguinte, já lá vivíamos todos.
O passo seguinte era oficializar a República. Sim, porque uma república está sujeita a um estatuto legal, publicado em Diário da República (a de todos). Rezava então que a legalização de uma república depende da aprovação do Conselho de Repúblicas, se estiver em actividade, e na ausência deste, dos órgãos associativos estudantis (a AAC) com o aval da reitoria.
Ao tempo, o Conselho de Repúblicas não reunia desde 1969, altura das crises académicas. Por isso fomos falar com a Associação Académica. "Com certeza, avancem!".
Audiência com o reitor? "Não... com o vice-reitor, sim". Uma formalidade certamente... Aqui começa a conversa do "ah e tal... não sei..." A reitoria aparentemente não se queria comprometer sem ter um parecer das outras republicas.
Como nem sim nem não antes pelo contrario, encolhemos os ombros e pensámos: que se lixe.... Colocámos a placa, "Real República dos Mimosos do Calhabé", um nome adequadamente parvo. Hasteámos a bandeira, e tentámos vender uns autocolantes para arranjar umas massas.
Resultado: por causa de nós, uns miúdos que só queriam brincar aos estudantes, o Conselho de Repúblicas reuniu pela primeira vez em 25 anos.
Cabe aqui dizer que ele não reunia, entre outras razões, porque aquela gente não se falava. Cada República de Coimbra era herdeira de uma qualquer estirpe de "esquerdismo", uns eram alinhados pelo PCP, outros do PS, outros Anarcas, outros trotskistas outros maoistas... era à escolha. Algumas até conviviam com outras, mas não passava dai.
Reúne então este Conselho, para nos dizer que "Não!"
"Não?"
"Não".
"Mas reunimos todas as condições previstas quer na lei quer no código da praxe!"
"Ah, mas nós agora arranjamos aqui umas regras e é preciso ser primeiro "casa comunitária" depois "Solar", e só finalmente "Republica". E Real República (como nós ousadamente nos tínhamos intitulado) isso só mediante mérito reconhecido pela academia... laá lá lá lá llá lá..."
Ok...
Originalmente, no século 19, Republica era qualquer casa em que estudantes viviam autonomamente. Normalmente chamava-se a "Republica de fulano", sendo "fulano" o líder natural e carismático do grupo, caso houvesse um. Eram coisas informais sem mais história do que a vida dos que a constituíam, enquanto a constituíam.
(Pessoalmente foi sempre nesse espírito que encarei o projecto, embora houvesse outros que tinham a esperança de estar a criar algo mais perene.)
Imbuídos desse espírito, e afastado que estava o apoio do conselho (ok.. acho que podíamos ser "casa comunitária".). Borrifámos-nos para eles todos.
"Se numa monarquia é rebelde fazer uma republica, já que estamos em república vamos fazer um Principado. Fazemos as nossas próprias regras."
Quanto às partes práticas, falámos com o director dos serviços sociais que nos deu uma equivalência a republica, no sentido de adquirir produtos frescos para cozinhar em casa (uma das condições de ser republica é comer as refeições em casa, versus na cantina).
E assim foi fundado o Principado, desta vez com o nome de Bu-Falos-Bilis (um nome ainda mais parvo), que havia um membro descontente com o nome inicial. E assim ficou, enquanto durou.
Porque é que me lembrei disto tudo hoje? Porque quando as instituições falham, ou se viram de costas para a realidade, concentradas que estão nas minúcias do poder, a vida das pessoas continua e o que nós queremos individual e colectivamente é muito mais importante.
Porque o poder, o real, está sempre na nossa vontade. Coisa que parece cair no esquecimento logo no dia a seguir às eleições.
Aproveito para mandar um abraço para o José Pedro, para o Miguel, para o José Carlos, para o "Mosca", para o Pina, para o José Paulo, para o Pedro Ivo e para o "Grego" , que não me lêem, mas que comigo viveram esta história. E já agora para o João Vasco, para o "Javali", para o Zé Nuno e o "Garrano" que por lá passaram e marcaram.
28 setembro, 2009
Politica
O meu critério para votar foi relativamente simples. O mundo está a atravessar uma convulsão e neste momento divide-se em dois grandes blocos, mesmo que heterogéneos. Os que reflectem seriamente sobre o que aconteceu, e os que não o fazem. Votei no partido que me está mais próximo e que deu sinais inequívocos de querer fazer essa reflexão.
Se essa reflexão não for feita a nivel mundial, é quase certo que quando estivermos a pensar que saímos desta crise, estaremos de facto a entrar na próxima.
Acho por isso importante que essas vozes se façam ouvir. Mesmo que por vocação ou insensibilidade não sejam os melhores para colocar em prática o que quer que seja que se torne imperativo, depois.
Por outro lado, ninguém espera que a criança que grita "Mas, o rei vai nú!" tome, logo ali, o lugar do rei.
Mas quando crescer, quem sabe?
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18 setembro, 2009
13 setembro, 2009
Mr Gorbachev, Tare down the wall (not really, wink wink, nudge nudge)
É muito curioso:
A oposição (oficiosa) de Thatcher à unificação da Alemanha, ecoando o pensamento do presidente americano de então, Bush pai se não estou em erro, apesar do que era a voz oficial do ocidente.
Miterrand partilhava dos mesmos sentimentos, ambos comunicados oficiosamente a Gorbachev.
A posição favorável de Thatcher à manutenção do Pacto de Varsóvia.
A impressão do lado Russo de que os poderes do Ocidente, falando publicamente uma coisa, e outra "off-the-record" não desejavam de facto a unificação alemã, mas que preferiam que fossem os Russos a fazerem de maus da fita.
Pensamentos de Gorbachev, num diário, 5 dias antes da queda do muro:
"The West does not want German re-unification but wants to use us to prevent it, to cause a clash between us with the FRG [Federal Republic of Germany = West Germany] so as to rule out a possibility of a future ‘conspiracy’ between the USSR and Germany."
(nota: estou convencido de que não pensou em inglês)
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02 setembro, 2009
21 agosto, 2009
19 agosto, 2009
E se a gente quer ser cá do Malthus, tem de beber este copo até ao fim
Se houve coisa que sempre me fez confusão foi a paranóia do "envelhecimento da população" e das "fracas taxas de natalidade". Sempre me disse o senso comum que quantos menos formos mais há para todos, além de que o problema costumava ser a explosão populacional, quando eu andava no liceu. Por outro lado, o crescimento infinito da população num mundo que não estica parecia-me uma proposição absurda.
Hoje em dia estou convencido de que esta paranóia é alimentada por dois tipos de pessoas que por vezes são as mesmas. Os que têm medo que daqui a uns tempos "os seus" sejam menos dos que "os outros" (os de pele mais escura... para generalizar) e os que beneficiam de mão de obra barata e da competição, em geral, entre os que têm que vender o seu trabalho.
A história da falência do estado social por haver menos gente a trabalhar do que a receber reformas para mim também não colhe, porque seria sempre uma questão temporária que se resolvia numa geração. Ou seja, numa forma bruta, quando o excedente de idosos naturalmente morrer. Depois haveria um novo equilibrio, com uma população menor.
Este artigo foca-se na questão da imigração, e tira conclusões que considero questionáveis (a história de gastar mais com os idosos, e portanto achar desejável retardar as idades de reforma), mas coloca a questão certa:
Is population growth a Ponzi scheme?
18 agosto, 2009
A Grande Batalha
O lado republicano tenta usar as mesmas tácticas que foram tão bem sucedidas contra Clinton, em 1993. Sabem que perder esta luta, e permitir que um sistema que não funciona com base no lucro e é controlado pelo governo tenha sucesso, é comprometer o seu futuro político por muitas gerações. É essa a base da sua ideologia: mercados livres, individualismo, governo mínimo (tirando quando se trata de fazer a guerra).
Entretanto vozes como as de Wendell Potter dão o seu contributo. Um ex-director de comunicação de uma Seguradora da área da Saúde, teve o seu golpe de coração quando viu Sicko de Michael Moore e foi obrigado a desmentir o que sabia ser verdade, e também quando resolveu visitar num dia de chuva uma "expedição de saúde".
As expedições de saúde são iniciativas de médicos e associações de solidariedade que montam tenda em municipios onde há carências de saúde, e providenciam o que podem a longas filas de destituidos. A visão de uma América onde cidadãos esperam à chuva por uma consulta que lhe será dada num abrigo para animais ainda lhe dá um nó na garganta e a motivação para lutar pela causa que entretanto abraçou. Traz consigo um conhecimento profundo dos seus oponentes de quem foi aliado ou peão. Para partilhar esse conhecimento vale a pena ler esta entrevista.
12 agosto, 2009
Coisas estranhas-2
Coisas estranhas
Cá para mim, deve ser dos instrumentos. Quando se tem uma bela voz, até a lista telefónica soa bem. É o caso do piano e do violoncelo, provavelmente.
10 agosto, 2009
Excepção
Era mais um dos cartazes do CDS, todos de fino recorte demagógico, que questionava desta vez:
"Rendimento mínimo para quem não quer trabalhar?", ou coisa parecida, e depois mencionava a palavra justiça.
Isto suscitou-me logo uma grande revolta. Eu conheço uma data de gente, a começar por mim próprio, que não quer trabalhar mas mesmo assim trabalha. E considero que tudo o que me paguem para compensar essa violência é pouco.
Além disso, fiquei a pensar na injustiça de não poucos, provavelmente muitos afiliados do dito CDS que têm rendimentos máximos, sem nunca terem feito puto na vida. E que isso será também injusto.
E que pensar dos rendimentos dos que trabalham mal, como é reconhecido normalmente por quem analisa a nossa classe empresarial?
E fico por aqui. Agora vou chupar uma pastilha para a garganta, o que não tem nada que ver com este post, mas tem algo que ver com o de baixo.
07 agosto, 2009
Às vezes tenho a impressão
Tenho que ver o efeito sobre os meus vizinhos de cantar isto. Será que chamam a polícia para me acudir ou para me prender?
Más notícias
Morreu John Hughes.
Fica aqui uma homenagem lateral:
Creio que a Molly Ringwald está bem de saúde, mas não garanto.
31 julho, 2009
E também o dia do contrário.
24 julho, 2009
O topo da pirâmide e a armadilha da ética.
Na altura não pensei nisso, ou não sabia, mas o número de 2% é consistente com o que já se sabia há algumas décadas na psicologia/psiquiatria. Há 2% de pessoas que são indiferentes ao sofrimento dos outros. Milgram, antes de executar a sua famosa experiência (que demonstra que em certas situações todos nos podemos tornar monstros), perguntou aos seus colegas qual a percentagem de pessoas que previam que fosse infligir sofrimento aos "sujeitos" da experiência. E a resposta foi 2%, o número de sociopatas médio.
Agora, imaginemos uma ordem socio/politico/económica, que recompensa de forma substancial os comportamentos egoistas. Imaginemos que o egoismo — tratar apenas de si próprio, deixar que cada um trate de si — é considerado a única atitude verdadeiramente moral. Uma sociedade assim vai forçosamente ter uma proporção muito maior daqueles 2% nos seus exemplos de "sucesso". São esses os que vencem, os que servem de exemplo, e os que acabam por deter o poder, e ter maior capacidade de influenciar as próprias sociedades.
Tenho a certeza de que demonstrar o que digo é simples, matematicamente, e do senso comum sem precisar de fórmulas nenhumas.
Ou seja, imaginando que, por absurdo extremo, acontecia agora algo do género da revolução francesa, iriam morrer muito menos inocentes na guilhotina. Mas, felizmente, para mim e para 98% de quem me lê, isso ainda seria intolerável e por isso, infelizmente, os psicopatas podem continuar tranquilamente no poder.
20 julho, 2009
Man on the moon.
hoje é dia de ir repescar o que eu suspeito foi o primeiro post de youtube no Designorado.
19 julho, 2009
18 julho, 2009
16 julho, 2009
Apolo 11, 40 anos.
Wechoosethemoon.org
Uma reconstituição em tempo real do que aconteceu há 40 anos. Poderemos assistir a tudo, ouvir as comunicações, acompanhar as imagens em directo. Como se não tivéssemos 2 anos quando isto aconteceu.
Depois de concluída a missão será possível rever tudo ao ritmo que quisermos.
15 julho, 2009
Da necessidade de haver "governos".
Este número traduz a quantidade de relações não mediadas, interpessoais, que uma pessoa consegue manter, em média. Assim, uma sociedade sem hierarquias ou autoridades ou outros mecanismos de controlo, estará funcionalmente limitada a esta quantidade de pessoas. Para lá disso (com a ausência de outros factores) deixa de haver coesão social.
Os teóricos das organizações, que estudam as estruturas empresariais, por exemplo, também encontraram este número aproximado para o tamanho máximo que não carece de posições intermédias de controlo para garantir um fluxo eficiente da informação e a devida alocação de responsabilidades.
Aqui há uns tempos, o autor do Afilhado questionava-se da necessidade de haver um "governo" ou "estado".
Creio que é algo inerente à nossa deslocação de clãs familiares para sociedades complexas.
Nas relações interpessoais existem mecanismos de controlo diversos: reputação, honra, vingança, confiança, amizade, ira, compaixão, sentido de justiça, etc. etc.
Na verdade, muitas das nossas emoções, sobretudo as mais incontroláveis, são hoje vistas em grande parte como mecanismos de "certificação" das nossa intenções ou apreciação de qualquer situação.
Por exemplo, se dissermos "Estou chateado com o que fizeste" é uma coisa. Se essa frase for acompanhada de uma alteração de voz, de um olhar fulminante, de um sobrolho carregado e de todos os outros pequenos sinais de "estou pronto para confirmar que estou chateado, se tiveres dúvidas", torna-se muito mais veemente.
Uma sociedade complexa, onde não conhecemos todos os intervenientes de que efectivamente dependemos, apenas pode existir com instituições de mediação, que de alguma forma suprimam a ausência dos mecanismos de controlo interpessoais acima referidos. Não serão necessariamente instituições políticas ou sequer democráticas. As religiões e as tiranias podem ser eficazes instrumentos de controlo e mediação, não preciso de explicar porquê.
Mas felizmente há formas mais benignas de nos organizarmos.
13 julho, 2009
As teias da filosofia moral
No meio da discussão ficou claro que o Tiago Moreira Ramalho entende que não temos nenhuma obrigação de ajudar os outros. Teremos a obrigação de não lhe fazer mal, que é a moral liberal da não coacção, mas não temos a obrigação de fazer seja o que for pelos outros (a não ser que um contrato prévio a isso nos obrigue). Pecados por omissão é coisa que não existe.
Usando as palavras do Tiago :
“É verdade que ajudar os outros é algo de louvável, ainda assim não se pode cunhar como imoral a não-ajuda. Por exemplo, eu tenho plena noção que há imensa gente a morrer à minha volta, sem que faça propriamente algo de substancial para minorar o problema.”
Para rebater este ponto vou fazer apelo a um grande filósofo moral de seu nome Benjamin Parker. São-lhe atribuídas as palavras: “With great power must come great responsibility”
O que para mim encerra o busílis da questão. É quando temos o poder de fazer o bem ou mal que fazemos decisões morais. As pessoas que o Tiago não pode ajudar, não o chamam a tomar nenhuma decisão, porque o seu poder sobre o destino delas é virtualmente nulo, por estar diluído com o resto da sociedade. (Daqui também se podem tomar ilações sobre responsabilidade colectiva, mas fica para outras núpcias).
Num exemplo discutido, há um caminhante no meio de uma estrada de montanha que tem um azar e parte uma perna. Precisa de ajuda. Segundo o Tiago se alguém passa e o ignora, não está a ser imoral. Mas acontece que nesse momento essa pessoa que passa tem o poder de ajudar. E com o poder, vem a proporcional responsabilidade.
10 julho, 2009
09 julho, 2009
06 julho, 2009
Indecision 2008
É também o protagonista deste video.
05 julho, 2009
Há uma razão para The Wire ser a melhor série de sempre.
Parte 1
Parte 2
02 julho, 2009
O Colapso da Classe Média Americana.
Nesta palestra de 2007 traça um retrato claríssimo do que aconteceu às familias americanas nos ultimos 40 anos. Em geral os dados comparativos são entre 1970 e 2005.
Alguns dados interessantes:
Em 1970 as familias americanas confiavam que uma educação de liceu era o suficiente para integrar a classe média.
Hoje acreditam que é preciso um curso superior.
(os que discordam são inferiores em número aos que acreditam que a ida do homem à lua foi uma encenação)
O corolário disto é que em 1970, para fazer parte da classe média bastava ser um cidadão americano. A educação gratuita dos 12 anos de liceu bastava.
Hoje para fazer parte da classe média é preciso pagar. E bem.
Numa adenda, hoje recomenda-se que esse caminho de sucesso comece antes da escola, na pre-escola. Resultado: os dois primeiros anos de educação, na área de Chicago, custam tanto como dois anos na universidade.
A palestra desmonta o mito de que foi o excesso de consumismo que levou as familias à falência. As despesas com bens de consumo pouco mudaram em 40 anos, no essencial. As grandes diferenças colocam-se nos custos das casas e nos custos da saúde. Bens que as familias têm muito menos flexibilidade para influenciar. (Pode-se cortar nas idas ao cinema, ou ao restaurante, na roupa ou nos DVDs, mas na saude e na casa?)
Hoje em dia, nos EUA, há mais crianças em familias em risco de falência do que em risco de divórcio. E por aí fora...
É um retrato americano, é certo. Mas o ponto de partida é familiar: porque é que dantes uma familia conseguia viver bem com um ordenado, e hoje em dia mal consegue viver com dois? Muitas das respostas que estão ali, talvez se apliquem cá, também.
26 junho, 2009
25 junho, 2009
Este é dedicado ao amigo Mike
E já agora mais este.
23 junho, 2009
Mama took our Kodachrome away.
Isto é que deve ser uma tristeza para as massas... fica a canção...
19 junho, 2009
18 junho, 2009
Eu dava... 2 dedos...
17 junho, 2009
A Armadilha
No primeiro Episodio, intitulado “F*ck you, buddy!” mostra-se como uma convergência de ideias originadas na escola de economia Austríaca, nas salas da Rand corporation, onde se delineavam estratégias para a guerra fria, na cabeça de John Nash e nas intuições de um anti-psiquiatra inglês, gerou uma crença popular de que o estado é um mero mecanismo de controlo social que impedia os seres humanos de serem verdadeiramente livres. Por outro lado, estes seres humanos são agentes que apenas procuram a sua própria vantagem, desprovidos de empatia ou altruísmo.
No segundo episódio, “The Lonely Robot”, discute-se uma mudança de paradigma na psiquiatria em que as patologias passaram a ser caracterizadas pelos sintomas e não por causas. E onde coisas como tristeza, ansiedade ou stress passaram a ser medicadas, sem qualquer tentativa de agir sobre as causas. A realidade nunca é questionada, apenas a adequação das pessoas a esta.
Por outro lado, os governos cediam à pressão ideológica de transformar a sociedade num mercado. Tudo passou a ser mensurável, objectivos e quotas fixados. Para atingir as quotas assistiu-se a uma orwelliana forma de requalificação. Por exemplo, para reduzir o numero de pacientes em espera num hospital, foram tiradas as rodas às macas, para passarem a ser consideradas camas, e os corredores passaram a chamar-se alas.
Este segundo episódio percorre ainda algumas posições da antropologia e da biologia que reforçaram na cultura popular a ideia de um ser humano preso a uma herança genética que o condena a comportamentos violentos, egoístas e incontornáveis. No entanto no final Adam Curtis tem umas palavras de redenção:
“the game theory/free market model is now undergoing interrogation by economists who suspect a more irrational model of behaviour is appropriate and useful. In fact, in formal experiments the only people who behaved exactly according to the mathematical models created by game theory are economists themselves, or psychopaths.”
No terceiro episódio "We Will Force You To Be Free" exploram-se os conceitos de liberdade positiva e negativa, tal como propostos por Isiah Berlin na sua famosa palestra.
Daí passamos por um turbilhão de acontecimentos históricos e políticos dos últimos 50 anos. Desde a guerra de independência da Argélia até à invasão do Iraque e as múltiplas tentativas de “impor” liberdade e democracia, mesmo que isso signifique um intolerável derramamento de sangue.
Adam Curtis é um grande documentarista que tem à sua disposição os vastos arquivos da BBC. Os seus filmes são feitos por filmes da época, pelas vozes dos protagonistas no seu tempo, sempre que existam e por alguns comentadores actuais.
Voltarei aqui para falar de outra série do mesmo autor, anterior a esta, intitulada "The Century of The Self".
12 junho, 2009
Mas que caraças...
10 junho, 2009
Diz que o Donald, o pato fez 75 anos
E já agora, a mesma pessoa talvez me possa explicar porque há duas classes de cães na disney. O pateta não podia colocar umas roupitas no pluto e ensiná-lo a andar em duas pernas e falar?
09 junho, 2009
04 junho, 2009
30 maio, 2009
24 maio, 2009
23 maio, 2009
18 maio, 2009
A prova de que a crise ainda está longe de passar
A few weeks ago in the SF Chronicle...Tirado dos comentários do DailyKOS
newspaper of San Francisco, there was an article written by a local reporter who went to Wall Street in New York City to interview some Wall Street guys. One was a 29 year old man. He was eating a $600 breakfast at a super swank restaurant.The SF Chronicle reporter asked him if he thought that was a wise thing to do (this was in April 2009). The young 29 year old Wall Street dude blithely answered, "If you'd ask me back in October 2008 if I'd be eating a $600 breakfast, I'd have said no. But you guys just gave us 30 billion, so it's business as usual."
15 maio, 2009
Refeição para o pensamento
Capitalism and the crisis of nature by Curtis White
My claim is that what is behind these activities is not the stereotypical capitalist mentality of cold logic, a lack of normal feelings, and an unbridled appetite for gain. Rather, I see the Barbaric Heart.
...THE NATURAL MODE of reasoning for the Barbaric Heart is simple enough to describe. It was the logic not only of the ancient northern hordes, clothed in animal skins, but of the Roman Empire and the Western civilization that followed as well. (That must be our first deconstructive insight: the barbarian is not an “other” to be driven away in the name of civilized virtue.) For the Romans, virtue simply meant success, usually military success. Valor. That was the heart of Romanitas. For the Roman forces under Scipio Aemilianus at the end of the Third Punic War against Carthage, the routine was well understood: half of the time would be devoted to violence, to killing every human and dog and cat that crossed their path, and half the time would be given to plunder, to the transfer of every valuable material thing back to Rome, especially gold and silver things. Roman violence was above all orderly. As a consequence, as Polybius wrote, Rome “billowed in booty.”
This is the barbaric calculation: if you can prosper from violence, then you should go ahead and be violent. In short order the Barbaric Heart is led to conclude that in fact prosperity is dependent on violence. Therefore, you should be good at violence, for your own sake and the sake of your country. That was Roman virtu. Which is a way of saying that the barbaric itself is a form of virtue, especially if you think that winning, surviving, triumphing, and accumulating great wealth are virtues, just as, in order, athletes, Darwinians, military commanders, and capitalists do. Ultimately, these types are all the same. The athlete, the soldier, and the businessman all want to “win,” and by whatever means necessary.
11 maio, 2009
Jornais
07 maio, 2009
Sumário de 3 anos de Designorado.
- A pessoas são menos livres do que pensam que são.
- A humanidade tem temas comuns independentes de conjunturas culturais.
- As conjunturas ambientais, por outro lado, condicionam fortemente as culturas.
- Common People é uma grande música.
- Os temas comuns da humanidade não são exactamente, ou apenas, aqueles que têm sido usados para modelar a acção humana na sociedade e na economia.
- Este desfasamento entre a realidade humana e os modelos teóricos simplistas da economia clássica, leva às mais diferentes e nefastas consequências.
- Leonard Cohen é o maior.
- Os modelos teóricos da economia clássica, uma vez consagrados como científicos, servem de alibi para politios preguiçosos, e para elites gananciosas que se reforçam mutuamente
- Isto tudo deu merda.
- Gramo “underdogs”. Mesmo quando são cavalos.
06 maio, 2009
Mina aquele pássaro
Aconteceu no Kentucky Derby deste ano.
Vale a pena ver de outro ponto de vista a vitória de Mine That Bird. Quem apostou um dólar, ganhou 50.
Quanto à razão para falar disto aqui... vou pensar numa...
05 maio, 2009
Reasons to be cheerful, part 5
Em síntese, o Financial Times anuncia que o pior já passou, não porque a economia tenha batido no fundo, mas porque deixou de acelerar a queda. É o que em física se chama atingir a Velocidade Terminal.
(estas expressões e ideias não são minhas, mas sim dos excelentes bloggers do Eurotrib).
04 maio, 2009
30 abril, 2009
Funny
23 abril, 2009
22 abril, 2009
De regresso...
Preciso de um sonho.
O sonho de que preciso não é dos que se cozinham.
Não sei se é uma coisa que se procura ou que se encontra, apenas.
Escrever aqui não depende disso, mas o espaço ocupado na minha cabeça com o tipo de preocupações, problemas e questões que explanei por aqui nos ultimos 3 anos e picos,
tem que ser reduzido para dar espaço a outras coisas.
Quais? Depois digo, se for coisa que se conte.
10 abril, 2009
31 março, 2009
A Carta
E será que os G20 ainda vão a tempo de a ler?
"Dear world leaders:
The winter of 2008-2009 will prove to be the winter of global economic discontent that marks the rejection of the flawed ideology that unregulated global financial markets promote financial innovation, market efficiency, unhampered growth and endless prosperity while mitigating risk by spreading it system wide.
...
This new international financial architecture will aim to create (1) a new global monetary regime that operates without currency hegemony, (2) global trade relationships that support rather than retard domestic development and (3) a global economic environment that promotes incentives for each nation to promote full employment and rising wages for its labor force. "
Henry CK Liu, et all, Asia Times.
O proposto é uma revisitação das propostas de Keynes para Bretton Woods, que nunca foram devidamente consideradas, dada a posição de inferioridade da Grã Bretanha, devedora dos EUA, na altura dos acordos.
Algo que George Monbiot, citado lá mais abaixo, prescrevia no seu "Age of Consent" que tive o prazer de ler.
27 março, 2009
Outra história da Crise
"AIG is what happens when short, bald managers of otherwise boring financial bureaucracies start seeing Brad Pitt in the mirror. This is a company that built a giant fortune across more than a century by betting on safety-conscious policyholders — people who wear seat belts and build houses on high ground — and then blew it all in a year or two by turning their entire balance sheet over to a guy who acted like making huge bets with other people's money would make his dick bigger."
MATT TAIBBI - Rolling Stone
17 março, 2009
E também acho que Portugal vai ficar mais pequeno....
Se agirmos como se não fosse possível fazer mais nada, o pior acontece de certeza.
E o pior é que já não vamos a tempo de evitar o aumento de 2°c de temperatura média do planeta.
Uma redução das emissões de 3% por ano a partir de 2020, poderá deixar-nos com mais 4° no final do século.
Se a estes aumentos estiver associada a expectável subida do nível do mar, todos aqueles cenários apocalípticos irão concretizar-se.
Os que dizem que não é preciso fazer nada, confiam na adaptabilidade do ser humano. O que eles não se lembram é que essa adaptabilidade histórica teve um custo humano distribuído por muitas e muitas gerações.
Um pouco como as coisas más que nos acontecem enquanto bebés e que felizmente não lembramos, como as dores dos dentes a crescer, as dores de crescimento da humanidade são uma coisa remota. Individualmente sempre houve quem se safasse, quem se desse bem, e nós, afinal, somos os filhos desses. Mas por cada um que se safou, quantos ficaram pelo caminho?
Mas agora temos no nosso horizonte um desastre. Não sabemos a sua escala exacta. Se as vitimas vão ser muitas ou poucas, se serão do norte ou do sul, brancas ou castanhas. Mas estaremos preparados para olhar para elas e dizer:
"Tu és o preço que temos que pagar... tem lá paciência..."
?
06 março, 2009
A sabedoria perdida
Gosto do que este senhor diz. Acho que é uma coisa que alguns, apesar de tudo, bem intencionados tecnocratas deviam ouvir. E nós também.
03 março, 2009
Schadenfreude
Neste caso, não com o infortúnio dos islandeses, mas pela demonstração da estupidez que levou ao seu descalabro.
Fiz um pesquisa rápida de "Tigre Islandês", como era conhecido o país nos anos de crescimento a 6%. Saiu-me este texto de um site brasileiro, chamado Instituto Federalista e sobre o qual não sei mais nada.
Apenas algumas citações:
Os economistas falam no novo tigre europeu. Com 6% de crescimento do PIB em 2005, a Islândia ultrapassa outros países europeus. O Instituto Internacional de Desenvolvimento de Gestão Suíço classificou o país como a economia mais competitiva da Europa, em maio de 2005. Desde meados dos anos 90, o governo de centro-direita promoveu reformas de livre mercado, privatizando bancos, reduzindo impostos - empresas pagam somente 18% sobre os lucros, comparados com os 50% anteriormente - e desfazendo-se dos controles sobre os preços. A projeção da taxa de inflação até meados de 2007 é de 3,9% ao ano. A maior parte deste crescimento econômico se deve ao Primeiro Ministro David Oddsson e suas ações liberalizantes.....
Por que a Islândia mudou? A tendência internacional em direção a liberalização econômica foi peça chave. Economistas de livre mercado como Friedrich von Hayek, James M. Buchanan e Milton Friedman visitaram o país nos anos 80, influenciando não somente o Sr. Oddsson mas muitos de sua geração. Na batalha das idéias, havia um reconhecimento em comum de que os velhos métodos não funcionavam. A inflação estava causando malefícios, as empresas estatais eram ineficientes e os subsídios eram caros. As idéias conspiraram com as circunstâncias para trazer as reformas econômicas bem sucedidas. E as idéias têm conseqüências...Oh se têm.
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Double or nothing
“O meu pedido é simples. Na primeira casa do tabuleiro, coloque um grão de trigo, o dobro na casa seguinte, e assim sucessivamente."
O Sultão achou que o matemático era estúpido, mas depressa descobriu que não tinha trigo suficiente no reino para cumprir prometido. Precisaria de (2 elevado a 64) – 1 grãos de trigo. Como não é imediato o que isso significa, aqui fica a ilustração: seria mais ou menos 400 vezes a produção mundial de trigo de 1990.
Esta história ilustra o que acontece numa função exponencial. Continuemos com mais um pedaço de aritmética: se tivermos algo que cresce a um ritmo constante num dado período de tempo há uma característica desse crescimento que é o tempo de duplicação. Por exemplo, algo que cresce 7% ao ano, duplica ao fim de 10 anos.
A fórmula é T2= 70/crescimento %.
Concretizando para os temas que nos interessam: uma economia que cresça 3% ao ano (um numero que é normalmente considerado razoável num pais moderno e industrializado, duplica em...
T2=70/3 = 23,3 anos.
Agora voltemos ao tabuleiro de xadrez. Se repararem, sempre que duplicamos os grão de trigo para a casa seguinte, temos em cada casa mais grãos do que em todas as casas anteriores.
1, 2, 4, 8, 16, 32, nas seis primeiras casas e vemos que na casa 6, 32 grãos são mais do que 1+2+4+8+16=31, os grãos das primeiras 5 casas.
Ou seja, para cada duplicação gastamos mais grãos do que precisámos até então desde o principio do tabuleiro.
É por isto que uma economia que cresce 3% ao ano, em cada 23,3 anos, consome tantos recursos como os que foram gastos desde que se começou a contar.
É por isso que insistir no crescimento quantitativo (de população, produção e consumo) é uma perspectiva suicida para pensar qualquer estratégia de desenvolvimento.
Já aqui tinha abordado este tema, mas a explicação matemática simples, bem como as suas implicações, foi obtida neste vídeo que tem um conteúdo muito mais interessante que o titulo.
27 fevereiro, 2009
Que cores vestimos nós?
...
I wear the black for the poor and the beaten down,
Livin' in the hopeless, hungry side of town,
I wear it for the prisoner who has long paid for his crime,
But is there because he's a victim of the times.
---
Well, we're doin' mighty fine, I do suppose,
In our streak of lightnin' cars and fancy clothes,
But just so we're reminded of the ones who are held back,
Up front there ought 'a be a Man In Black.
---
I wear it for the sick and lonely old,
For the reckless ones whose bad trip left them cold,
I wear the black in mournin' for the lives that could have been,
Each week we lose a hundred fine young men.
---
And, I wear it for the thousands who have died,
Believen' that the Lord was on their side,
I wear it for another hundred thousand who have died,
Believen' that we all were on their side.
Well, there's things that never will be right I know,
And things need changin' everywhere you go,
But 'til we start to make a move to make a few things right,
You'll never see me wear a suit of white.
...
Ah, I'd love to wear a rainbow every day,
And tell the world that everything's OK,
But I'll try to carry off a little darkness on my back,
'Till things are brighter, I'm the Man In Black.