23 outubro, 2009

Não tem nada que ver comigo, mas...

Tendo a acompanhar com interesse a política norte americana. Por uma questão lúdica, já que o Daily Show de Jon Stewart é um expoente de comédia como há poucos, e também por uma questão pragmática.
A questão pragmática é que muitos dos que decidem e detêm o poder no mundo ocidental se guiam pelos EUA e confiam na sua liderança.

Recentemente, o debate sobre o sistema de saúde é disso um bom exemplo. Numa altura em que os nossos governos (supostamente socialistas) privilegiam interesses privados nos mais diversos campos, ainda rendidos a alguns mitos económicos ou a mero calculismo político, do lado de lá do Atlântico os americanos questionam precisamente os pressupostos de tais acções.
No dia em que ficar demonstrado na pátria do capitalismo que é mais eficiente, mais barato e mais justo haver um sistema público de saúde que garante a dignidade de todos, espero que isso ajude o resto do mundo a pensar de maneira diferente.

Mas o assunto que queria trazer não tem nada que ver com isto. E é talvez menos universal, mais local. Curiosamente ainda tem alguns pontos de contacto com a minha primeira razão: a comédia.

O recém eleito Senador Al Franken apresentou recentemente a sua primeira proposta de lei. Dizia a proposta que o Governo dos Estados Unidos se deveria a recusar a contratar serviços de companhias que negam, por contrato, certos direitos legais aos seus empregados.
O caso que suscitou esta proposta é o de uma empregada da Halliburton que, poucos dias depois de chegar ao Iraque, foi drogada e e violada por colegas. Quando se quis queixar aos superiores foi detida num contentor durante dias, até que um dos seus guardas acedeu em notificar o pai, que com a ajuda de um congressista finalmente a libertou.
A jovem de 21 anos viu-se depois impedida de apresentar queixa contra os seus agressores ou a companhia que os emprega porque, por contrato, lhes tinha antecipadamente dado imunidade.

A proposta foi aprovada, com o voto contra de 30 senadores republicanos. A violação, para eles, parece ser um preço justo a pagar pela privatização da guerra.
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3 comentários:

CPrice disse...

.. sem palavras.

Posso ir embora deste Mundo?

sei que não.


_
Resta-me desejar um bom fim-de-semana.

L. Rodrigues disse...

Todos tirámos bilhete à entrada Miss Once, não há pressa de ir embora.

Além disso, estou convencido de que este mundo é melhor consigo do que sem.

CPrice disse...

Ok! Eu fico!

;)