Robin Dunbar, um antropólogo e biólogo inglês publicou há anos o estudo CO-EVOLUTION OF NEOCORTEX SIZE, GROUP SIZE AND LANGUAGE IN HUMANS . Neste estudo, (como o título sugere) fez de uma extrapolação da relação verificada entre o tamanho do neo—cortex e o tamanho dos grupos sociais dos primatas, para as sociedades humanas. O número encontrado foi 150. Consultando os dados disponíveis de censos de sociedades humanas caçadoras-recolectoras, o número foi considerado consistente. Para uma análise mais extensa aconselho o link acima.
Este número traduz a quantidade de relações não mediadas, interpessoais, que uma pessoa consegue manter, em média. Assim, uma sociedade sem hierarquias ou autoridades ou outros mecanismos de controlo, estará funcionalmente limitada a esta quantidade de pessoas. Para lá disso (com a ausência de outros factores) deixa de haver coesão social.
Os teóricos das organizações, que estudam as estruturas empresariais, por exemplo, também encontraram este número aproximado para o tamanho máximo que não carece de posições intermédias de controlo para garantir um fluxo eficiente da informação e a devida alocação de responsabilidades.
Aqui há uns tempos, o autor do Afilhado questionava-se da necessidade de haver um "governo" ou "estado".
Creio que é algo inerente à nossa deslocação de clãs familiares para sociedades complexas.
Nas relações interpessoais existem mecanismos de controlo diversos: reputação, honra, vingança, confiança, amizade, ira, compaixão, sentido de justiça, etc. etc.
Na verdade, muitas das nossas emoções, sobretudo as mais incontroláveis, são hoje vistas em grande parte como mecanismos de "certificação" das nossa intenções ou apreciação de qualquer situação.
Por exemplo, se dissermos "Estou chateado com o que fizeste" é uma coisa. Se essa frase for acompanhada de uma alteração de voz, de um olhar fulminante, de um sobrolho carregado e de todos os outros pequenos sinais de "estou pronto para confirmar que estou chateado, se tiveres dúvidas", torna-se muito mais veemente.
Uma sociedade complexa, onde não conhecemos todos os intervenientes de que efectivamente dependemos, apenas pode existir com instituições de mediação, que de alguma forma suprimam a ausência dos mecanismos de controlo interpessoais acima referidos. Não serão necessariamente instituições políticas ou sequer democráticas. As religiões e as tiranias podem ser eficazes instrumentos de controlo e mediação, não preciso de explicar porquê.
Mas felizmente há formas mais benignas de nos organizarmos.
15 julho, 2009
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4 comentários:
Benigno nem sempre significa eficaz. Gostei deste post, L.
De onde também se tira que por vezes a eficácia é maligna.
Isso não será concluir precipitadamente?
Claro que não.
Eu disse "por vezes", tal como tu disseste "nem sempre".
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