Vou quebrar o que é o tom dominante deste blog e introduzir uma nota pessoal, a propósito de algo que não ocorreu este fim-de-semana que passou. Uma das razões porque o faço é porque tem tudo que ver com o post anterior, mesmo que não seja logo óbvio.
Porque achei que não ia valer a pena. Porque iria estar a fazer horas até às onze, depois de jantar sozinho, porque a distância para o local da festa é daquelas que são suficientemente curtas para irritar um taxista, mas longas o suficiente para não apetecer fazer a pé num dia de chuva, porque já sei que nestas festas acabo por me apagar no meio do ruído e do fumo e estar lá ou não é a mesma coisa…. Etc, etc, etc,...
Passar um bocado a ouvir boa música, potencialmente no meio de gente interessante e eventualmente cruzar-me com a futura mãe dos meus filhos, tudo coisas que uma perspectiva optimista poderia contrapor, não ocorreram ou não conseguiram ter peso.
Isso também funciona para trás, quando usamos a memória para reconstituir as nossas emoções numa situação passada, nessa altura, preenchemos os buracos da memória com pedacinhos de presente. Mas, quando o assunto é o futuro, tudo é um buraco.
Por isso, naturalmente, depois de um dia cinzento em que até me sentia mais só do que o costume, em que não tinha visto nenhum filme que me estimulasse, ou lido qualquer coisa que me pusesse bem disposto, ou falado com alguém que me alegrasse, apenas pude antecipar mais solidão e vazio.
E a prova mesquinha de que isto é capaz de ter sido mesmo assim, é que depois de completar umas voltas bem sucedidas num jogo de corridas de carros manhoso com que me tenho entretido, por momentos até me pareceu boa ideia, e encarei a possibilidade de ir à festa com alegria e optimismo. Mas foi passageiro...
7 comentários:
Deixa-te mas é de metafísicas e anda daí almoçar :)
Já está decidido, para a semana ligo-te a combinar.
Percebo a angústia. Também tenho essas mudanças bruscas de humor de vez em quando...
Isso é, acima de tudo, um problema de imaturidade. Passa quando deixares de te dar maioritariamente com pessoas que ainda nem sequer 40 anos têm. Criancices, no fundo.
Olha um blogger a sério...
Vou dar uma vista de olhos já cá volto...
Aninhas,
Bem vinda e veja à vontade. Mas blogger a sério... não sei se é aqui.
Achei muito interessante este post porque já senti o mesmo. Deixei de ir a alguns jantares se calhar por ter projectado o presente no futuro e estava cansada, chovia e imaginei que não daria para conversar com quem conhecia e que não conheceria ninguém que quisesse conhecer.
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