23 janeiro, 2006

tic-tac, tic-tac

Este post ecoa a resposta de Esther Dyson à pergunta anual feita pela www.edge.org, na sua edição de 2005.

“vivemos cada vez mais tempo, mas pensamos cada vez mais a curto prazo”

Como a autora nota, isto tornou-se particularmente notório no mundo dos negócios, onde tudo passou a funcionar num horizonte máximo de 3 meses, especialmente depois do 9/11. Ninguém tenta ver a longo prazo. E mesmo a noção de longo prazo parece não ultrapassar o horizonte da próxima mudança politica.

Este ambiente de imediatismo fatalista é especialmente propício a todo o tipo de oportunismos e abusos. Sob o espectro da insegurança, tomam-se medidas “conservadoras”, “prudentes” (como congelar salários).
As galinhas dos ovos de ouro fazem fila para a degola, porque ninguém está para esperar. Sabe-se lá se não nos cai um avião em cima?

Noutro lado do espectro acontece um outro fenómeno que contribui para a sensação de urgência. A avalancha de informação que nos chega exige cada vez mais atenção, e o tempo não nos chega.

Há diversas consequências perversas para este facto: por um lado somos cada vez mais receptivos a informação facilmente digerível. Se nos dão coisas que nos obrigam a pensar, e não temos tempo para isso... descartamos.

Por outro lado temos um ambiente de complexidade crescente, que nos desafia a capacidade de tomar decisões racionais. Se o que nos distinguia dos animais era termos uma maior capacidade de compreender o ambiente e assim antecipar decisões e estratégias, essa diferença esbate-se quando a areia é demais para a nossa camioneta. Ficamos mais prontos a responder por instinto. E portanto mais vulneráveis aos oportunistas de que falei noutro post.

3 comentários:

João Villalobos disse...

Mas afinal qual era a pergunta da edição anual?

L. Rodrigues disse...

"Em que é que acredita, apesar de não poder provar?"
A resposta dela não foi muito a direito, mas levantou algumas questões interessantes

Anónimo disse...

"O Tempo, esse grande escultor"...

Acredito piamente no tempo que o tempo tem. Com tempo, condescendemos, amamos melhor, sentimos o silencio e a alquimia da diferença.
Bom post!
Bota mais destes e dos outros;)de todos:P
A.