A história da Antropologia está cheia de "bons selvagens" que se afinal se matavam todos uns aos outros, por isso li esta referência com alguma cautela.
Mas tudo me leva a crer que desta vez não é o caso de preconceitos bem intencionados a funcionar.
O estudo de 186 sociedades por todo o mundo revelou, segundo a antropóloga Peggy Reeves Sanday, que quanto mais os pais (os homens) são envolvidos no cuidado dos filhos bebés, menos as respectivas sociedades tendem a fazer a guerra.
Li algures que até muito recentemente, princípios do século 20, os pais pouca proximidade apresentavam para com os filhos antes de eles atingirem uma certa idade, pela adolescência talvez. Ocorreu-me que isso acontecesse pela elevada mortalidade infantil desses tempos. Só quando as crianças "vingavam", mereceriam a atenção do chefe da família. Imagino também que este retrato seja uma generalização, mas tenho-a como plausível.
Só alguém muito desatento não vê como, de uma forma geral, essa assimetria de envolvimentos com os filhos se veio a alterar nas nossas sociedades. Levante a mão o pai das duas últimas décadas que não mudou uma fralda, aqueceu um biberon, ou ajudou a adormecer o bebé no colo. Hmmm... ok... ainda assim foram mais as mãos levantadas.
Se o achado se confirmar, pode ser que se tenha encontrado mais uma alavancazinha de civilização.
02 janeiro, 2007
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1 comentário:
Já lá dizia o Éomer à Éowyn, a propósito de mulheres e hobbits quererem o seu lugarzito na guerra: "War is the realm of men". É muito natural que, estando os homens entretidos a cuidar de crianças, tenham menos tempo para andar à trolha. Na maior parte das sociedades ocidentais desenvolvidas (a que poderemos acrescentar o caso de Portugal), mesmo com a natalidade em declínio, a dedicação à PlayStation, ao aeromodelismo e a tanrtas outras actividades igualmente edificantes, tem coincidido com inusitados períodos de paz.
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