05 março, 2007

Alguém me explica?

Porque é que ao abrigo do conceito jurídico de "Direitos adquiridos" uma cimenteira pode continuar a destruir um Parque Natural, mas o mesmo conceito parece ser inaplicável a direitos sociais como horas extraordinárias pagas, ou uma reforma decente, ou assistência médica gratuita?
(Se é uma questão de custos, gostava de ver os primeiros quantificados...)


Porque é que se confunde tanto "criação de riqueza" com "captura de riqueza"?
(Se os ganhos de produtividade revertem exclusivamente para os accionistas e CEO's, estão muito simplesmente a roubar, capturar para ser mais PC, a riqueza de quem produz mais...)


Porque é que, sendo uma premissa do capitalismo que quanto maior for o bolo mais há para todos, nunca parece ser boa altura para repartir o bolo?
(Se há crise, não se aumentam os ordenados para gerar competitividade, se está estável, não se aumentam ordenados para não desestabilizar, se há crescimento, não se aumentam os ordenados para não o travar.)

8 comentários:

marta r disse...

Eu também gostava de ter resposta para essas perguntas...

L. Rodrigues disse...

A resposta na verdade é simples, e apenas uma: porque algumas pessoas com influência têm tudo a ganhar com isso.
Mas não é uma lei natural ou uma fatalidade. Nada de irreversivel, embora esse processo dificilmente seja indolor...

CPrice disse...

verdadeiras "pescadinhas de rabo na boca estas" .. :) fantásticas com arroz de tomate !

Bom fim de semana

Anónimo disse...

Mas isso não é de agora. Concerteza que conheces "tenho a faca e o queijo na mão" ou "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte..."

L. Rodrigues disse...

Houve momentos na História em que quem tinha a faca na mão, acabou com a guilhotina no pescoço.

Anónimo disse...

Não deixas de ter razão, mas no momento em que a guilhotina desceu, pelo menos a faca tinha mudado de mãos (o queijo não sei). Ou seja, há sempre alguém que tem a faca e o queijo nas mãos e na maior parte das vezes não sabe ou não quer repartir. Seja proletário, rico, trabalhador ou patrão. É da natureza humana, infelizmente.

L. Rodrigues disse...

Respondo-te com uma citação:

Charlie Allnut: A man takes a drop too much once in a while, it's only human nature.
Rose Sayer: Nature, Mr. Allnut, is what we are put in this world to rise above.

do filme "A Rainha Africana".

Anónimo disse...

Entendo o que queres dizer. Mesmo assim, meu caro, apesar de concordar com a Katharine Hepburn, o Humphrey Bogart não deixa de ter razão. Lá está, ele há coisas que são da natureza humana. Do que tu te havias de lembrar para citar... Grande filme, realizado com mestria por John Huston nos idos anos 50 (1951?), adaptando o romance de C.S. Forrester. Tudo pesado, bola para cá, bola para lá, estamos de acordo. Por agora.