Só recentemente ouvi este nome pela primeira vez. Tendo em conta que é um economista americano do século 19 cujas ideias foram abandonadas pelas academias isso não é muito estranho.
Já se torna mais interessante se, de acordo com alguns autores, o esquecimento do seu nome tiver sido premeditado, deliberado e, até, orquestrado.
No seu livro "Progress and Poverty" Henry George considera três meios de produção de riqueza: propriedade, trabalho e capital. As propriedades geram rendas, o trabalho gera salários, o capital gera juros. A riqueza produzida por uma sociedade é a soma das rendas dos salários e dos juros.
A questão que George levantou foi uma questão moral: Porque é que um proprietário de terras há-de beneficiar do simples acto de posse? Sendo que essa posse, em si, não aporta nada à sociedade, e é muito frequentemente fruto de pura sorte?
O pagamento de rendas gera um peso sobre os rendimentos de quem trabalha, como George verificou dramaticamente nas suas viagens pela Irlanda, e a especulação de terras gera pobreza, já que faz aumentar o preço das rendas.
George também defendia que todos as actividades tendencialmente monopolistas, como transportes e comunicações, fossem posse do estado, para benefício de todos.
"Progress and Poverty" foi um "best-seller" no seu tempo. Ainda detém o record do livro de economia mais vendido de sempre. Mas as ideias de George nasceram precisamente na época dos "Robber Barons", magnatas que fizeram as suas fortunas apropriando-se de terras e explorando monopólios. E estes foram os principais financiadores das Universidades Americanas onde nasceria a economia neo-clássica.
A Universidade de Chicago, em particular, terá sido criada para albergar, sob a asa de Rockefeller, os criadores de um discurso económico destinado a obliterar as ideias de George. Foram bem sucedidos. A tal ponto que hoje, ainda, é quase impossivel tentar reenquadrar a disciplina sem ser intitulado fantasista ou utópico.
12 março, 2007
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3 comentários:
"With the growth of population, land grows in value, and the men who work it must pay more for the privilege." .. utópico, de facto .. :)
Gostei de ler.
Bem Vinda, mesmo uma vez por outra.
Devo acrescentar que não sei tanto de economia e fiscalidade que possa avaliar totalmente os méritos de HG. Mas também sei que o que o substituiu já mostrou que não serve e é ainda mais fantasioso e distópico.
O HG é que sabia.
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