Já referi aqui, com mais ou menos leveza, que existem forças que tendem a retirar poder, económico e, indirectamente, político, aos povos. Dito desta maneira, soa a teoria da conspiração. E no entanto....
Uma presença cada vez mais notória no panorama político e dos media, cá e lá fora, mas mais no universp anglo-saxónico, é a dos intitulados "think-tanks". Instituições que se apresentam como instituto de pesquisa e suporte de determinados temas de escolha: energia, geo-estratégia, economia, ambiente etc.. Promovem conferências, seminários, e regularmente vão alimentando os media com artigos que são tratados por aqueles como isentos e idóneos.
E porque não hão-de ser? "Follow the money" dizem os americanos... e quando se faz isso, quando se vê quem lhes paga, vemos que os financiadores destes "think tanks" são normalmente industrias e corporações que tudo têm a lucrar pela disseminação de ideias como "mercados livres", "auto-regulação das industrias", "menos governo" etc etc.
A influência destes grupos não deve ser negligenciada. Promovem agressivamente ideias que interessam a alguns apresentando-as como factos científicos ou tratados académicos, e os media absorvem-nos de forma acrítica, como é tipico dos media actuais, de resto.
Em comparação com verdadeiro trabalho académico, são provavelmente textos muito mais sedutores, já que são construidos para causar impacto.
Há uma máxima que não é nova: uma mentira repetida suficientes vezes, torna-se verdade. As actuais classes políticas, de uma forma geral pouco inspiradas, refugiam-se nesta espécie de senso comum forjado, em vez de fazerem o seu papel e governarem em primeiro a favor dos que têm menos. Porque os que têm mais, sempre se governaram sozinhos.
27 abril, 2006
21 abril, 2006
Pedaços de natureza humana
Enquanto animais sociais estamos equipados com algumas ferramentas para estabelecer, medir e regular as nossas relações com os outros. Não é uma característica exclusivamente humana, mas é uma arte que refinámos de tal modo que chegamos a pensar que é isso que nos distingue das restantes criaturas com que partilhamos este planeta.
A teoria dos jogos* explica como agentes egoístas podem desenvolver estratégias de cooperação e altruísmo.
Quando inseridos num grupo, e sujeitos a repetidas situações que reclamam sacrifícios ora de uns ora de outros, depressa se desenvolve um consenso de que a nossa sorte hoje pode ser azar amanhã, e contamos com os outros para amortecer os nossos azares, e nós os deles.
Um exemplo simples é dado pelas tribos de caçadores, em que os despojos da caça são repartidos por toda a aldeia, independentemente de quem tenha encontrado e caçado a presa.
Um agente egoísta está sempre à espreita de oportunidades de fazer batota, e arranjar um almoço à borla. Para obviar essa tendência, evoluíram comportamentos e emoções como a vingança, a cólera, a culpa, um sentido de justiça, etc.
Prevalece na nossa cooperação o principio da reciprocidade. Ajudamos os outros porque sabemos, ou assumimos, que no futuro podemos ser nós a receber ajuda.
“Saber” pode induzir a ideia de que tudo isto são processos conscientes, mas na verdade esta escolha pode ser bastante inconsciente. Uma prova disso é que este sentimento de obrigação é tanto mais forte quanto maior for a nossa identificação com o outro, começando pelos laços de sangue.
Dizem os etólogos, e corrobora a Teoria dos Jogos que, quando um agente considera que não existe o potencial de receber de volta o seu contributo, exclui-se do jogo e deixa de cooperar.
Dando um salto para a sociologia do século 20, alguns autores descrevem como uma classe média alta surgida das medidas democratizadoras do inicio do século, com melhor e mais acesso a educação, saúde, etc., assume, no ultimo terço do século uma posição de distanciamento em relação às politicas que lhes proporcionaram o bem estar de que usufruem. Assim, vemos por todo o lado o apelo ao desinvestimento no público e o ênfase no privado.
Uns interpretam isto meramente como esquemas de perpetuação do poder conquistado. Visto à luz dos mecanismos sociais mais básicos descritos acima, vejo os sintomas dos “batoteiros”. Algo que também é explicável pela teoria dos jogos: quando o ambiente é mais benigno para todos, quando mais gente age de boa fé, tende a beneficiar o surgimento de agentes oportunistas.
Mas aquilo com que estes podem contar, é com a ira e a vingança dos que se sentem enganados. Se perderam a vergonha, arriscam-se a serem lembrados de que não perderam o medo.
*Teoria dos Jogos é um ramo da matemática que estuda situações estratégicas onde os jogadores experimentam diferentes acções no sentido de maximizar as suas vantagens. John Nash, que inspirou o filme "Beautiful Minds" ganhou um Nobel com isto.
A teoria dos jogos* explica como agentes egoístas podem desenvolver estratégias de cooperação e altruísmo.
Quando inseridos num grupo, e sujeitos a repetidas situações que reclamam sacrifícios ora de uns ora de outros, depressa se desenvolve um consenso de que a nossa sorte hoje pode ser azar amanhã, e contamos com os outros para amortecer os nossos azares, e nós os deles.
Um exemplo simples é dado pelas tribos de caçadores, em que os despojos da caça são repartidos por toda a aldeia, independentemente de quem tenha encontrado e caçado a presa.
Um agente egoísta está sempre à espreita de oportunidades de fazer batota, e arranjar um almoço à borla. Para obviar essa tendência, evoluíram comportamentos e emoções como a vingança, a cólera, a culpa, um sentido de justiça, etc.
Prevalece na nossa cooperação o principio da reciprocidade. Ajudamos os outros porque sabemos, ou assumimos, que no futuro podemos ser nós a receber ajuda.
“Saber” pode induzir a ideia de que tudo isto são processos conscientes, mas na verdade esta escolha pode ser bastante inconsciente. Uma prova disso é que este sentimento de obrigação é tanto mais forte quanto maior for a nossa identificação com o outro, começando pelos laços de sangue.
Dizem os etólogos, e corrobora a Teoria dos Jogos que, quando um agente considera que não existe o potencial de receber de volta o seu contributo, exclui-se do jogo e deixa de cooperar.
Dando um salto para a sociologia do século 20, alguns autores descrevem como uma classe média alta surgida das medidas democratizadoras do inicio do século, com melhor e mais acesso a educação, saúde, etc., assume, no ultimo terço do século uma posição de distanciamento em relação às politicas que lhes proporcionaram o bem estar de que usufruem. Assim, vemos por todo o lado o apelo ao desinvestimento no público e o ênfase no privado.
Uns interpretam isto meramente como esquemas de perpetuação do poder conquistado. Visto à luz dos mecanismos sociais mais básicos descritos acima, vejo os sintomas dos “batoteiros”. Algo que também é explicável pela teoria dos jogos: quando o ambiente é mais benigno para todos, quando mais gente age de boa fé, tende a beneficiar o surgimento de agentes oportunistas.
Mas aquilo com que estes podem contar, é com a ira e a vingança dos que se sentem enganados. Se perderam a vergonha, arriscam-se a serem lembrados de que não perderam o medo.
*Teoria dos Jogos é um ramo da matemática que estuda situações estratégicas onde os jogadores experimentam diferentes acções no sentido de maximizar as suas vantagens. John Nash, que inspirou o filme "Beautiful Minds" ganhou um Nobel com isto.
20 abril, 2006
Mil palavras
Alguns números sobre a desigualdade. À medida que as sociedades ocidentais foram reequilibrando as forças depois do período de "laissez faire" que dominou o século 19, conseguiu-se atingir um máximo de distribuição da riqueza entre as décadas de 50 e principio de 80. Estas curvas representam a percentagem dos ganhos totais do país (EUA, França e Inglaterra) que vão para os 0,1% mais ricos.
É interessante sobrepor estes dados aos do PIB do mundo, per capita, durante o século 20, apurados pelo FMI.
Não sou economista nem pretendo ser, mas é interessante que o período de maior distribuição de riqueza seja também o de maior riqueza. A teoria de cortar os impostos dos mais ricos e os ordenados dos mais pobres, para promover o crescimento económico, parece-me esbarrar na realidade.
18 abril, 2006
Sem ideias, mil ideias
Face aos muitos e diversificados cenários apocalípiticos que se nos deparam, podemos dividir-nos entre indiferentes, pessimistas e optimistas. Como os indiferentes por definição têm pouco a dizer, vale a pena olhar para as outras duas posições.
A questão que se coloca é se vamos ou não ser salvos pelo engenho e tecnologia. É inquestionável que a aceleração a que assistimos nos últimos 100 anos se deve a um inigualável ritmo de inovação e alargamento do conhecimento científico e tecnológico.
Os optimistas afirmam que esse ritmo tende a acelerar ainda mais, já que as redes de circulação de informação são cada vez mais vastas, o número de pessoas com formação é cada vez maior e assim, um pouco como a famosa lei de Moore previa a exponenciação do poder dos computadores, a capacidade de computação do Mundo estará também sujeita a esse efeito multiplicador. Vistas assim, as possibilidades são ilimitadas, seja no campo da engenharia, da biogenética, da energia etc etc. A posição "alguma coisa se há-de arranjar" parece razoável.
A juntar a isto, os optimistas apontam os falhanços das previsões dos pessimistas, que nos principios dos anos 70 apontavam para um fim do mundo que, a estas horas, já devia ter acontecido.
Mas há sempre espaço para ser pessimista. Um senhor esteve a fazer as contas e concluiu que o pico de inovação/per capita da humanidade, aconteceu por volta de 1900. De então para cá, o número de ideias novas por cabeça, ao contrário do que nos diz o senso comum, decresceu. Creio que aqui o critério excluiu da inovação a miniaturização ou a produção em massa. Coisas que são inovações nos nossos quotidianos muitas vezes existem há décadas nos laboratórios.
Para contrariar o efeito multiplicador dos optimistas, os pessimistas apontam para o efeito dos "ramos mais baixos" da árvore do conhecimento. As coisas que estavam ao alcance com poucos recursos já foram todas colhidas e agora, para descobrir algo de novo, são precisos cada vez mais meios. Edison teve o seu tempo, mas para avançar na fisica quantica, na nanotecnolgia, ou na biotecnologia são precisos muitos milhões de tudo.
Outro factor que vem pôr travão no avanço e disseminação do conhecimento é o exacerbar dos direitos de propriedade intelectual que, segundo alguns, foram revistos para proteger os interesses das indústrias de entretenimento e farmacêutica, mais do que para proporcionar um clima saudável para a criação e propagação de ideias.
Os pessimistas sublinham que as matérias primas acabarão por se esgotar, os optimistas que as matérias primas mudam porque as pessoas não precisam de cobre mas sim de meios para transportar energia, por exemplo, o que coloca o limite na criatividade e não nos recursos naturais.
Seja quem for que tenha razão, a sensação que fica é de um braço de ferro a contra-relógio. Queremos que os optimistas tenham razão por um lado, porque é a nossa pele, mas queremos que os pessimistas sejam ouvidos, porque é a nossa pele.
A questão que se coloca é se vamos ou não ser salvos pelo engenho e tecnologia. É inquestionável que a aceleração a que assistimos nos últimos 100 anos se deve a um inigualável ritmo de inovação e alargamento do conhecimento científico e tecnológico.
Os optimistas afirmam que esse ritmo tende a acelerar ainda mais, já que as redes de circulação de informação são cada vez mais vastas, o número de pessoas com formação é cada vez maior e assim, um pouco como a famosa lei de Moore previa a exponenciação do poder dos computadores, a capacidade de computação do Mundo estará também sujeita a esse efeito multiplicador. Vistas assim, as possibilidades são ilimitadas, seja no campo da engenharia, da biogenética, da energia etc etc. A posição "alguma coisa se há-de arranjar" parece razoável.
A juntar a isto, os optimistas apontam os falhanços das previsões dos pessimistas, que nos principios dos anos 70 apontavam para um fim do mundo que, a estas horas, já devia ter acontecido.
Mas há sempre espaço para ser pessimista. Um senhor esteve a fazer as contas e concluiu que o pico de inovação/per capita da humanidade, aconteceu por volta de 1900. De então para cá, o número de ideias novas por cabeça, ao contrário do que nos diz o senso comum, decresceu. Creio que aqui o critério excluiu da inovação a miniaturização ou a produção em massa. Coisas que são inovações nos nossos quotidianos muitas vezes existem há décadas nos laboratórios.
Para contrariar o efeito multiplicador dos optimistas, os pessimistas apontam para o efeito dos "ramos mais baixos" da árvore do conhecimento. As coisas que estavam ao alcance com poucos recursos já foram todas colhidas e agora, para descobrir algo de novo, são precisos cada vez mais meios. Edison teve o seu tempo, mas para avançar na fisica quantica, na nanotecnolgia, ou na biotecnologia são precisos muitos milhões de tudo.
Outro factor que vem pôr travão no avanço e disseminação do conhecimento é o exacerbar dos direitos de propriedade intelectual que, segundo alguns, foram revistos para proteger os interesses das indústrias de entretenimento e farmacêutica, mais do que para proporcionar um clima saudável para a criação e propagação de ideias.
Os pessimistas sublinham que as matérias primas acabarão por se esgotar, os optimistas que as matérias primas mudam porque as pessoas não precisam de cobre mas sim de meios para transportar energia, por exemplo, o que coloca o limite na criatividade e não nos recursos naturais.
Seja quem for que tenha razão, a sensação que fica é de um braço de ferro a contra-relógio. Queremos que os optimistas tenham razão por um lado, porque é a nossa pele, mas queremos que os pessimistas sejam ouvidos, porque é a nossa pele.
12 abril, 2006
Última Estação
Silêncio.
A História termina
no fim do suspiro.
Alguém me colocou, sem intenção e sem saber, um desafio...
A História termina
no fim do suspiro.
Alguém me colocou, sem intenção e sem saber, um desafio...
11 abril, 2006
A Opção Nuclear
Não... não é um desenvolvimento do tema do post anterior.
É só para fazer notar a quem não tenha estado atento que a Casa Branca fez questão de que os estrategas militares, a quem pediram planos para uma acção contra o Irão, não retirassem de cima da mesa o uso de armas nucleares.
Mesmo com alguns a garantirem que se demitem se essa opção não for excluída.
Entre outras coisas, o cenário é plausível se pensarmos que os níveis de aprovação do presidente americano andam por baixo e uma acção destas é mesmo o género de coisa que os criminosos que o rodeiam, aprendizes de Machiaveli, usam para mobilizar o eleitorado.
Nas palavras do Editor do Asiatimes, os Estados Unidos arriscam-se a tornar-se o unico superbombista-suicida do mundo.
Tem a palavra Bob Dylan:
Masters of War
Come you masters of war
You that build all the guns
You that build the death planes
You that build the big bombs
You that hide behind walls
You that hide behind desks
I just want you to know
I can see through your masks
You that never done nothin'
But build to destroy
You play with my world
Like it's your little toy
You put a gun in my hand
And you hide from my eyes
And you turn and run farther
When the fast bullets fly
Like Judas of old
You lie and deceive
A world war can be won
You want me to believe
But I see through your eyes
And I see through your brain
Like I see through the water
That runs down my drain
You fasten the triggers
For the others to fire
Then you set back and watch
When the death count gets higher
You hide in your mansion
As young people's blood
Flows out of their bodies
And is buried in the mud
You've thrown the worst fear
That can ever be hurled
Fear to bring children
Into the world
For threatening my baby
Unborn and unnamed
You ain't worth the blood
That runs in your veins
How much do I know
To talk out of turn
You might say that I'm young
You might say I'm unlearned
But there's one thing I know
Though I'm younger than you
Even Jesus would never
Forgive what you do
Let me ask you one question
Is your money that good
Will it buy you forgiveness
Do you think that it could
I think you will find
When your death takes its toll
All the money you made
Will never buy back your soul
And I hope that you die
And your death'll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I'll watch while you're lowered
Down to your deathbed
And I'll stand o'er your grave
'Til I'm sure that you're dead
1963
É só para fazer notar a quem não tenha estado atento que a Casa Branca fez questão de que os estrategas militares, a quem pediram planos para uma acção contra o Irão, não retirassem de cima da mesa o uso de armas nucleares.
Mesmo com alguns a garantirem que se demitem se essa opção não for excluída.
Entre outras coisas, o cenário é plausível se pensarmos que os níveis de aprovação do presidente americano andam por baixo e uma acção destas é mesmo o género de coisa que os criminosos que o rodeiam, aprendizes de Machiaveli, usam para mobilizar o eleitorado.
Nas palavras do Editor do Asiatimes, os Estados Unidos arriscam-se a tornar-se o unico superbombista-suicida do mundo.
Tem a palavra Bob Dylan:
Masters of War
Come you masters of war
You that build all the guns
You that build the death planes
You that build the big bombs
You that hide behind walls
You that hide behind desks
I just want you to know
I can see through your masks
You that never done nothin'
But build to destroy
You play with my world
Like it's your little toy
You put a gun in my hand
And you hide from my eyes
And you turn and run farther
When the fast bullets fly
Like Judas of old
You lie and deceive
A world war can be won
You want me to believe
But I see through your eyes
And I see through your brain
Like I see through the water
That runs down my drain
You fasten the triggers
For the others to fire
Then you set back and watch
When the death count gets higher
You hide in your mansion
As young people's blood
Flows out of their bodies
And is buried in the mud
You've thrown the worst fear
That can ever be hurled
Fear to bring children
Into the world
For threatening my baby
Unborn and unnamed
You ain't worth the blood
That runs in your veins
How much do I know
To talk out of turn
You might say that I'm young
You might say I'm unlearned
But there's one thing I know
Though I'm younger than you
Even Jesus would never
Forgive what you do
Let me ask you one question
Is your money that good
Will it buy you forgiveness
Do you think that it could
I think you will find
When your death takes its toll
All the money you made
Will never buy back your soul
And I hope that you die
And your death'll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I'll watch while you're lowered
Down to your deathbed
And I'll stand o'er your grave
'Til I'm sure that you're dead
1963
04 abril, 2006
O mundo já está a arder?
A humanidade tem vivido uma situação singular nos últimos 200 anos, mais coisa menos coisa. Os avanços tecnológicos que se foram desenvolvendo a partir da revolução industrial permitiram explorar imensas reservas de energia que se foram acumulando ao longo do tempo geológico da terra. Ou melhor, do tempo Biológico da terra, já que as fontes de energia principais deste período são produto da unica maneira conhecida de armazenar naturalmente a luz do sol: seres vivos.
Porque se pensarmos bem, a única energia que a terra recebe, é a do Sol. A termodinâmica diz-nos que a energia não se produz, apenas se liberta. E é isso que temos vindo a fazer, a libertar energia do Sol que estava presa nos restos de animais e plantas mortos. Carvão, gás natural e petróleo, os combustíveis fósseis. Substâncias de alta densidade energética.
É bom de ver que isto não ia durar sempre. Posto isto, o mundo volta-se agora para alternativas. É no entanto curioso pensar que esse alerta é dado por acontecimentos geo-políticos, que incluem uma guerra, pelo menos. Pensar-se-ia que bastava pensar um pouco e fazer as contas para perceber que isto era insustentável mas foi preciso um país orgulhoso decidir que não podia ser dependente de outros que considera inferiores para soarem os alarmes, alto e bom som.
Mas o problema adensa-se quando pensamos nas alternativas. Há um numero dramático que coloca o problema na devida perspectiva.
O consumo de combustíveis fósseis num ano, actualmente, corresponde a 400 anos de biomassa da Terra. Ou seja: teriamos que queimar todos os seres vivos da Terra 400 vezes, para obter o que precisamos para manter o nosso estilo de vida.
Não costumo fazer destaques, mas este facto achei que merecia.
É por isso que pensar em Bio-Diesel, Etanol, e outros combustíveis renováveis, é uma ilusão que se for alimentada pode tornar-se um problema ainda mais grave que a falta de petróleo.
Substituir esta energia toda pela outra única fonte disponível, a do átomo, pode parecer tentador. Mas se hoje em dia as toneladas de lixo nuclear são já um problema, nem quero imaginar o que seria num mundo completamente convertido...
Então que nos resta?
Eu diria, olhar para o sol, para o vento para a água.
Plantar árvores (tenho este sonho de reflorestar o Alentejo...).
E diria também que apostar na agricultura pode ser uma excelente ideia.
Uma consequência de uma subita e alargada crise de energia pode ser a revitalização de economias locais, tornadas insustentáveis as estruturas de transporte e conservação a grandes distâncias....
Não creio que regressemos à idade da pedra. Mas a nossa melhor esperança é desacelerar, largarmos a dependência da energia de alta densidade em favor de formas mais racionais de vivermos.
(este assunto não fica por aqui... )
Porque se pensarmos bem, a única energia que a terra recebe, é a do Sol. A termodinâmica diz-nos que a energia não se produz, apenas se liberta. E é isso que temos vindo a fazer, a libertar energia do Sol que estava presa nos restos de animais e plantas mortos. Carvão, gás natural e petróleo, os combustíveis fósseis. Substâncias de alta densidade energética.
É bom de ver que isto não ia durar sempre. Posto isto, o mundo volta-se agora para alternativas. É no entanto curioso pensar que esse alerta é dado por acontecimentos geo-políticos, que incluem uma guerra, pelo menos. Pensar-se-ia que bastava pensar um pouco e fazer as contas para perceber que isto era insustentável mas foi preciso um país orgulhoso decidir que não podia ser dependente de outros que considera inferiores para soarem os alarmes, alto e bom som.
Mas o problema adensa-se quando pensamos nas alternativas. Há um numero dramático que coloca o problema na devida perspectiva.
O consumo de combustíveis fósseis num ano, actualmente, corresponde a 400 anos de biomassa da Terra. Ou seja: teriamos que queimar todos os seres vivos da Terra 400 vezes, para obter o que precisamos para manter o nosso estilo de vida.
Não costumo fazer destaques, mas este facto achei que merecia.
É por isso que pensar em Bio-Diesel, Etanol, e outros combustíveis renováveis, é uma ilusão que se for alimentada pode tornar-se um problema ainda mais grave que a falta de petróleo.
Substituir esta energia toda pela outra única fonte disponível, a do átomo, pode parecer tentador. Mas se hoje em dia as toneladas de lixo nuclear são já um problema, nem quero imaginar o que seria num mundo completamente convertido...
Então que nos resta?
Eu diria, olhar para o sol, para o vento para a água.
Plantar árvores (tenho este sonho de reflorestar o Alentejo...).
E diria também que apostar na agricultura pode ser uma excelente ideia.
Uma consequência de uma subita e alargada crise de energia pode ser a revitalização de economias locais, tornadas insustentáveis as estruturas de transporte e conservação a grandes distâncias....
Não creio que regressemos à idade da pedra. Mas a nossa melhor esperança é desacelerar, largarmos a dependência da energia de alta densidade em favor de formas mais racionais de vivermos.
(este assunto não fica por aqui... )
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