Quem me tem lido de há uns tempos para cá sabe que me interesso pela felicidade. Não porque faça questão de ser feliz, coisa que já deixou de me preocupar, mas porque é um tema central à órbita de assuntos recorrentes neste blog, nomeadamente psicologia e economia, e tudo o que está pelo meio.
Em princípio, por exemplo, a teoria económica tenta prescrever as melhores práticas para atingir máximo bem estar das pessoas. No caso da economia neo-clássica assume-se que esse bem estar está directamente associado à acumulação de riqueza e daí o enfoque nos PIBs e no crescimento. Além disso acreditam que quando há muita riqueza em cima ela acaba por cair para baixo, beneficando todos.
Isto revela duas falhas importantes no entendimento da natureza humana. Por um lado angustiam-nos muito mais as perdas do que satisfazem os ganhos. Logo, quem tem riqueza não encara com bons olhos políticas que conduzam à redução do que possuem. Por outro, todos os indicadores de bem-estar ao longo da história apontam para o mesmo facto. As sociedades de hoje, materialmente imensamente mais ricas que as de há 100 anos, não são em média mais felizes.
Isto é mais claro na esfera Anglo Saxónica, onde as sucessivas gerações são menos felizes que as anteriores. Diga-se em abono da Europa (Continental), que os primeiros 50 anos do século 20 foram maus, mas a felicidade dos Europeus aumentou consistentemente no último meio século. Efeitos da UE? Do estado social que tantos querem destruir?
De qualquer modo, um novo dado vem sobrepor-se a estas considerações. A curva de felicidade pessoal é em U. Aparentemente uma pessoa média, inicia a vida adulta num estado de euforia, afunda-se numa depressão que bate no fundo aos 45 anos, e volta a ser gradualmente mais feliz. Explicações para isto ainda não há muitas.
Muito provavelmente, suponho, é provocado pelo contraste entre expectativas e realidade. Nem a vida adulta é tão boa com pensamos aos 20, nem a velhice é tão má como pensamos aos 40.
03 abril, 2007
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2 comentários:
e curvas à parte a coisa funciona mesmo é como um pequeno puzzle não é? pecinhas de encaixe, algumas mal encaixadas que mais tarde percebemos e recolocamos .. outras que até estavam bem mas esta nossa "mania" de mudança .. ah pois ;)
Abraço
É verdade, o progresso está em perceber o que é melhor não mudar.
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