28 dezembro, 2006
Nasceu um Salvador
O submarino estava equipado com torpedos nucleares e o capitão, colocando a hipótese de já estar em curso uma guerra, adoptou a filosofia de "vamos levar alguns connosco".
Por sorte estava presente um comandante de Sub-brigada chamado Vassily Arkhipov, que bloqueou as suas ordens e acalmou o capitão.
Se alguma vez se pôde atribuir o título de Salvador da Humanidade a um Homem só, foi a este.
Bom Ano Novo.
21 dezembro, 2006
Feliz Natal
(esqueci-me de avisar que são quase 10 minutos... eu vi tudo...)
19 dezembro, 2006
Timbalalão, cabeça de cão...
Sobre este blogue, era para ser uma coisa, e tornou-se outra. A ideia inicial era partir do princípio optimista de que aprendemos algo novo todos os dias, e ir partilhando aqui, todos os dias, o que fosse aprendendo.
A incapacidade de o fazer diz-me alguma coisa sobre a natureza do conhecimento: por um lado, não nos chega quando queremos, e a horas certas, por outro, e isto se calhar é uma coisa minha, nunca vem isolado, ou se chega é fica em lista de espera até encaixar num puzzle mais global. Nessa altura é apenas um dado, só quando encaixa no resto é que é promovido a conhecimento.
É se calhar por isso que tendo a fazer posts tão longos… a mania do contexto.
Acho que acontece com toda a gente ter um modelo da existência gravado no cérebro. Um esquema geral das coisas. Umas ideias sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo físico, sobre moral, sobre o universo, sobre a vida, sobre a morte. Há uma fina linha que cose estas coisas todas e as mantém mais ou menos no sítio. Elas articulam-se umas com as outras de acordo com algumas regras, a que podemos chamar leis naturais.
Este esquema é necessariamente fragmentado. Ninguém sabe tudo. Isso hoje é impossível. As opiniões dividem-se sobre quem foi o último homem a saber tudo. Athanasius Kircher (1602-1680) ou Thomas Young, (1773-1829)? Independentemente da resposta certa, podemos afirmar com confiança hoje que eles de facto não sabiam tudo. Quando muito sabiam tudo o que havia para saber, ao seu tempo.
Mas qualquer pessoa com um mínimo de conhecimentos hoje pode intuir que há um ponto em que a física toca a química, em que esta toca a biologia, em que esta toca a sociologia, em que esta toca a economia, em que esta toca a política, em que esta nos toca a todos.
Essa interdependência dos diversos planos foi o que se tornou mais claro para mim. Ao longo dos últimos dois anos e em particular desde que comecei a explorar essas ideias neste blogue, fiquei a perceber melhor porque é que somos mais ricos mas mais infelizes, porque é que a economia clássica é desumana, porque é que o comunismo nunca funcionaria, porque é que o amor é tão complicado, porque é que os homens acham que têm que ser os maiores, e as mulheres preferem ser as mulheres destes, porque é que os europeus e seus derivados dominaram os últimos 200 anos, porque é que isso vai acabar, porque é que precisamos de liberdade mas preferimos não ter que a usar, porque é que a civilização nos torna mais parecidos com os animais, porque é que não estamos feitos para ser felizes, e porque é contra isso que vale a pena lutar.
Ter uma noção sobre estas coisas gera mais perguntas, ou perguntas mais importantes.
Quando descobrir a resposta, este blogue provavelmente acaba. E então poderei ser eleito presidente da humanidade. Ou escrever um livro e ficar rico. Ou não.
Até lá tenho que me contentar com o facto de hoje ter chegado aos 40. Não é um feito menor. Uma parte importante de todas as pessoas que nasceram desde que existem pessoas, não conseguiu tanto. Mas mais por azar do que por incompetência, reconheço.
14 dezembro, 2006
Ainda o Chile
Desculpem a insistência, os meus leitores mais habituais, mas nestas alturas em que se fazem balanços, porque morrem ditadores aqui, e se elegem populistas acolá, não faz mal nenhum olhar para a realidade e tentar perceber quem tem razão.
O Chile tem dois significados importantes para a Economia e as reflexões que se fazem sobre o assunto: Por um lado é uma dos países que melhores indices de crescimento apresentam na zona, e por outro foi alvo de um tratamento de choque pelos discípulos do "free market", os famosos Chicago Boys alunos de Friedman, na sequência do golpe que colocou Pinochet no poder. Normalmente, os arautos do liberalismo consideram uma coisa consequência da outra, e com isso por um lado fazem a sua mais berrante bandeira e por outro, de caminho, dizem que só por isso Pinochet fica redimido.
O que o artigo acima descreve é como o Chile deitou fora as ideias dos "Chicago Boys" quando percebeu que ia directo ao abismo, e fez o Estado retomar as rédeas da economia, como lhe compete.
"What makes Chile different from the rest of Latin America," said Manuel Riesco, an economist with the Center for National Studies of Alternative Development in Santiago, "is not that we embraced the free market more than our neighbors. What we realized is that the free market is like a car. There is no doubt that it is the best way to get you from point A to point B. But you have to steer. If you take your hands off the wheel, you will end up face-down in a ditch."
A lista de regulações, intervenções e investimentos públicos que levaram ao sucesso do Chile, (que ainda assim tem custos ambientais questionáveis), faz pensar se ainda faz sentido falar em "free markets". Certamente não no sentido em que os neo-liberais o referem.
13 dezembro, 2006
A vantagem de não sair ao sábado à noite
http://www.youtube.com/watch?v=nAB-Gmru_mU&eurl=
Mas tenho que admitir que estava um bocado grosso.
Post editado para facilitar alguns leitores.
12 dezembro, 2006
Os populistas
Fui ver à wiki:
Populism is a political philosophy or rhetorical style that holds that the common person's interests are oppressed or hindered by the elite in society, and that the instruments of the state need to be grasped from this self-serving elite and used for the benefit and advancement of the people as a whole. Hence a populist is one who is perceived to craft his or her rhetoric as appeals to the economic, social, and common sense concerns of average people.
Temos portanto por um lado, filosofia política e por outro, retórica. Parece-me a mim que a retórica é má e a política é razoável. Nesta definição, no entanto, quando se define o Populista, já se excluiu a hipótese de ele ter de facto o interesse do cidadão comum como principal meta. Só fica a retórica.
Mas imaginemos um político que quer promover DE FACTO, uma FILOSOFIA POLÍTICA populista. Como é que ele se pode expressar sem ser imediatamente condenado como populista retórico? Como é que se distingue alguém que quer defender os interesses da maioria, de alguém que apenas diz o que a maioria quer ouvir? Cheira-me a Catch 22...
Claro que se ouvirmos os críticos eles dizem "mas a maioria é melhor servida se se seguir esta política assim e assado que por acaso passa por manter os privilégios de quem os tinha e a submissão de quem os não tinha, que havendo mais riqueza em cima ela acaba por chegar lá abaixo". Quem ainda acredita nisto, ponha os olhos nos números da distribuição de riqueza recentemente publicados no Diário de Notícias.
Se olharmos para os países da América do Sul, onde diversos líderes "Populistas" se têm afirmado recentemente, vemos em grande parte países herdeiros de uma ordem social colonial onde tendo como exemplo a Bolívia, 70% da população é Índia ou Mestiça e, quase por inerência, excluída do acesso à riqueza do seu país. Porque os Europeus vieram, conquistaram e, na verdade, ainda não abriram mão disso.
Deu-se nestes países o cruzamento de dois fenómenos, por um lado o avanço da democracia, de forma que não era hábito por aquelas bandas e por outro o avanço do Consenso de Washington, também conhecido como neo-liberalismo. Colidiram nas urnas, os pobres cada vez mais pobres puderam escolher. E escolheram mudar. Quando o povo escolhe nestas circunstâncias, em que tem muito pouco a perder, quando já nem da água da chuva pode ser dono, que é que estavam à espera? E quem é que lhe diz que está errado?
Estes povos ganharam, no mínimo, o direito de cometerem erros. Sem vir um Kissinger corrigi-los.
No fundo isto é simples: as políticas neo-liberais favorecem quem está por cima, mesmo que os seus defensores não o admitam. Quem percebe isso e tenta denunciá-lo, leva o rótulo: pumba! És populista!
Porque qualquer tentativa de contrariar o neo-liberalismo implica tirar poder aos de cima para dar aos de baixo. Mesmo que se seja muito sensato, honesto e ponderado. Aliás, sobretudo se se for.
11 dezembro, 2006
Compilação Póstuma
Mas hoje que o homem está morto há quem diga: "Sim era um ditador, mas fez do Chile o país mais próspero da América do Sul." Como se isso justificasse tudo. E, pior, como se isso fosse verdade.
Ficam aqui algumas citações e opiniões que encontrei pela web. Para memória futura:
E sobre a economia, a propósito já agora de outro defunto recente:
Eye of the Hurricane: Milton Friedman and the Global South
10 dezembro, 2006
A velha Europa
A palavra chave é "reforma". Vamos esquecer por momentos o caso português. Não pretendo por um momento que o nosso Estado não precisa de uma reforma. Embora questione que seja a que lhe querem fazer. Mas isso fica para outras núpcias.
Normalmente o que se faz é comparar a Europa com os Estados Unidos, dizer que estes estão melhor porque têm uma política económica e social mais "livre" e que a Europa se afunda se não se reformar. A ladaínha dos últimos anos na referida imprensa.
Quando se tenta afinal tentar perceber quão mal está a Europa, é preciso ir ver os números. Por exemplo, a criação de emprego. Constata-se que a criação de emprego na Europa está a ficar a par com os Estados Unidos. Ou seja, dir-se-á que não é por haver um estado social e algumas medidas sensatas de protecção do emprego que os empregadores não aparecem.
O PIB Europeu deverá aumentar 2,7% este ano, em grande parte fruto de um aumento de exportações. A procura interna também dá sinais de alguma recuperação, mas ainda ligeira.
Os ganhos de produtividade na Europa nos últimos anos estiveram a par dos EUA, ao contrário do que foi sendo voz corrente.
E, depois de um período de crescimento bastante moderado. tudo indica que a Europa começa a dar sinais de aceleração, mantendo a vitalidade da economia Global numa altura em que os EUA começam a claudicar.
Mas o mais significativo é que a Europa faz isto sem contrair uma dívida de centenas de triliões de dólares como os EUA, sem as mesmas desigualdades gritantes dos EUA, e com melhor saúde pública e protecção do emprego.
Face a isto interessa perguntar de onde vem essa pressão para abandonar o modelo social europeu. Se não é um obstáculo ao desenvolvimento, se promove bem estar e vitalidade económica, porquê esta obsessão pela reforma?
Como foi notado por alguém:
"The only difference is that Europe's wealthy are not making out as amazingly well as America's. And that's also the ONLY reason "reform" (lower wages, more flexibility, fewer rights for workers) is being pushed on us on a systematic basis. The only one.(...)"
Jerome a Paris
05 dezembro, 2006
Tower of Song
Mais uma estreia do Designorado, agora no Audiovisual.
(deixei apeans o link para evitar erros em alguns browsers. Explorer 6, nomeadamente)