Toda a gente se preocupa com o preço do petróleo. Tirando as petrolíferas, claro. A voz corrente é que o preço decorre directamente das instabilidades políticas diversas que assolam alguns países produtores: Iraque, claro, Irão, Sudão, Nigéria, Venezuela e agora Bolívia.
Em parte, sim. Mas mesmo que esta gente toda estivesse em paz, consigo e com os que tentam mandar no comercio de energia, estaríamos a pagar o petróleo muito mais caro.
A segunda causa normalmente apontada é o aumento da procura mundial, fruto do desenvolvimento acelerado das economias Indiana e Chinesa.
Muitos analistas apontam para a exaustão das reservas de petróleo como de resto já abordei neste meu cantinho. Mas há outros factores interessantes a condicionar esta subida de preços.
Vamos supor que simplesmente se decidia aumentar a produção independentemente de isso acelerar o fim ou não. Era impossível neste momento. A industria do petróleo não estava preparada para este crescimento, e não tem os poços, as refinarias, os petroleiros, e até os engenheiros para levar tal empreendimento a cabo.
O preço de construir estas estruturas aumentou entre 3 e 10 vezes, porque por outro lado matérias primas como o cobre e o aço viram os seus preços subir exponencialmente.
E também aqui a indústria de extracção está no limite. Coisas aparentemente tão prosaicas como os megapneus dos enormes camiões utilizados na extracção a céu aberto viram o preço disparar. Também a industria de pneus tem dificuldade em acompanhar a procura.
È uma espiral de exaustão dos recursos do planeta. E se, naquela discussão entre optimistas e pessimistas, ficava a esperança de que as ideias nos salvassem, constata-se que o esforço, os Biliões estão a ser investidos na manutenção do status quo. A garantir que uma parte privilegiada da população mundial não perca o acesso ao que vai sendo escasso. Em vez de serem investidos em ideias que nos permitam libertar dessas dependências.
04 maio, 2006
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6 comentários:
Meu Caro L.Rodrigues:
Ignorante que sou na disciplina, gostaria de saber a Sua opinião acerca da eventualidade de se recorrer ao expediente de, pelos EUA, ser colocada no mercado parte das gigantescas reservas petrolíferas que armazenaram.
Caro Paulo,
Bem vindo a este cantinho. Tanto quanto sei, a reserva estratégica dos EUA conta-se em 700 milhoes de barris.
Em numeros de 2002, a produção anual do mundo situava-se em 1,032,132 milhões de barris.
O recurso à reserva estratégica americana foi equacionado logo depois do Katrina, precisamente no intuito de controlar a subida de preços, até a capacidade ser restabelecida. Tal medida, tanto quanto sei, não foi adoptada. De qualquer modo, os planos apontavam para uma panaceia de 4,4 milhões de barris por dia no mercado por 90 dias, não mais.
Imagino que o perigo de emperrar a máquina militar seja um forte travão a uma medida dessas. Neste momento, eles não têm mais nada.
Ah, não confundir "Reservas Estratégicas" com "Reservas".
Estas ultimas são o que se estima estar na terra, portanto sujeitas aos constrangimentos de produção que descrevi.
O presidente da Exxon disse que os seus planos de negócio são feitos independentemente do preço e que estão sempre a descobrir mais petróleo em qualquer lado, do género «Esou-me nas tintas para o Irão».
Seja como for, achava muito bem se sofressemos todos muito com o fim dessa porcaria e não tivessemos outro remédio senão dar a volta. Estou a ficar um Hamish, é o que é. :)
Devia parar bem depressa.
Se ter petróleo por mais uns anos implicar dar cabo do Alaska para sempre, por exemplo.
acabei agora de ler uma "história" que partilho, a propósito:
"Quando cheguei a casa à noite, a minha mulher insistiu que a levasse a sair, a um sítio bem caro…
Levei-a a uma bomba de gasolina!!!!!!!!!!!!!"
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