De 2006 que escrevi o meu pimeiro post. Não fazia ideia do que estava a fazer, claro. Na verdade ainda não sei.
Por isso vou comentar este artigo que li no outro dia. É uma peça sobre psicologia evolutiva, mais precisamente sobre a determinação genética das orientações políticas. Dá umas pinceladas sobre o assunto, deixando no ar o que se sabe: que numa medida razoável, estimada em 40%, os genes determinam se somos conservadores ou liberais, de direita ou de esquerda, autoritários ou libertários (estava tentado a dizer libertinos, depois explico porquê).
Isto não adianta discutir muito a não ser que sejamos académicos, e estejamos aptos a contrapor as nossas próprias evidências. É assim que eu lido com a ciência. Se eles dizem que é assim, e ninguém tem nada de significativo a obstar, é com isso que eu construo o meu puzzle da existência, que tenho um mas não sei de quantas peças é.
O autor faz todas as ressalvas que se exigem. Isto serve apenas para concluir sobre populações e não indivíduos, o espectro das ideias é complexo e um conservador económico poder ser um liberal social, por exemplo. Etc etc. Não há cá determinismo biológicos absolutos. Há tendências, que podem em determinadas condições ser potenciadas ou contrariadas. Ou seja ainda há a ilusão de livre arbítrio por um lado, e espaço receber influencias do meio por outro.
Onde fiquei de olho arregalado foi quando o autor se alargou sobre os estudos da personalidade autoritária. Diz ele e bem, que os estudos deste tipo de personalidade sempre incidiram sobre os autoritários de direita. Mas, argumenta ele, não faltam autoritários à esquerda, e ninguém fala deles. E dá exemplos de múltiplos incidentes em que esquerdistas tentaram impor a sua vontade sobre os outros, ou sobre ele próprio, tentando inclusive inibir a sua liberdade de expressão.
Isto dou de barato porque gente histérica há em todo o lado.
A minha referência em autoritarismo é o Prof. Robert Altemeyer, cujo livro de divulgação está disponível gratuitamente online, e ele diz sobre o assunto que nos EUA a amostra de pessoas de esquerda autoritária não é suficientemente grande para suportar um trabalho da dimensão do que foi feito desde os anos 50 sobre os RWA (right wing authoritarians), e depois, nos dados trocados com colegas russos parece indicar que os conservadores soviéticos correspondem essencialmente ao mesmo tipo de personalidade, portanto a distinção se existe não é por aqui...
Portanto houve no artigo algo que me encanitou. Este trecho:
"A better way to determine if authoritarianism is genetic would be to ask people what the country’s biggest problems are. Liberals might say the inequality of income or the danger of global warming; conservatives might indicate the tolerance of abortion or the abundance of pornography. You would then ask each group what they thought should be done to solve these problems. An authoritarian liberal might say that we should tax high incomes out of existence and close down factories that emit greenhouse gases. A conservative authoritarian might suggest that we put abortion doctors in jail and censor books and television programs. This approach would give us a true measure of authoritarianism, left and right, and we would know how many of each kind existed and something about their backgrounds. Then, if they had twins, we would be able to estimate the heritability of authoritarianism. Doing all this is a hard job, which may explain why no scholars have done it."
Ele considera simetricamente autoritário querer impor escolhas individuais e limitação da liberdade de expressão e circulação de ideias (os temas dos conservadores) ou exigir que uma industria pague o verdadeiro preço pelo seu produto, ou seja, que não externalize custos penalizando muitos (todos) para beneficio de alguns (o tema dos liberais no que toca ao ambiente e impostos).
Este tipo de distorção e falsas equivalências é muito comum, e foi uma das coisas que aprendi a detectar e expor em 3 anos de designorância.
Estão a ver que até tinha que ver com o aniversário?
10 fevereiro, 2009
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2 comentários:
Vês que vim a tempo do 19 de Janeiro?
Estás lixado, meu amigo, andas sempre debaixo de olho, malvados os que te empurraram para designoranços...;)Eu quero mais, aliás exijo, e não se fala mai nisso.
Parabéns, que tem sido um bom trabalho!
É por estas e por outras que há 3 anos que gostamos de te ler, L.
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