30 abril, 2008

Fat business

"For 30 years, global trade policies have been based on the assumption that what's good for business is good for all of us too. And food price rises have certainly been good for business. It may seem outrageous that some of the poorest people in the world can't buy food, while shareholders are laughing all the way to the bank. But, in the insane logic of the world economy today, we should all be happy because company profits are growing."


O caso do Haiti, citado abaixo, é apenas mais um. A administração Clinton apoiou o regresso de Aristide ao poder em 95, depois de um golpe de estado que o depôs, na condição de que ele "abrisse" a economia do país. E o resto, como eles dizem, "is History". Houve um forte desincentivo aos agricultores locais face à concorrência americana, ficaram provavelmente algumas"cash crops", e agora que os preços das importações apertam, não há meios internos de produção de comida nem dinheiro para pagar a que vem de fora.

29 abril, 2008

Qualquer coisa não bate certo...

No Haiti, fazem-se bolos de lama para enganar o estômago.

No Canadá, o governo subsidia o abate de porcos, numa tentativa de ajudar os suinicultores, face à queda do preço da carne e ao aumento das rações.

Destes porcos, alguns serão transformados em comida para cães e gatos.
Dos que não forem, não se prevê que algum chegue ao Haiti.

26 abril, 2008

Ontem não disse nada

Mas sem 25 não há 26, não é?



24 abril, 2008

Altruismo

Ocorreu-me que um bom exemplo de altruísmo, é convidarmos alguém de quem não gostamos a ir ao cinema sem nós.

23 abril, 2008

O último homem da terra

O último homem da terra subiu a um ponto elevado, olhou em volta, e pensou:

“Acho que posso afirmar que a Terra toda me pertence. “

Como a querer testar esta convicção gritou o mais alto que pôde:

“E agora? Alguém pode contestar os meus sagrados direitos de propriedade?”

Contente com o silêncio, desceu do monte. Depois, veio um leão e comeu-o.

01 abril, 2008

Moldes do discurso

Via Beat the Press cheguei a este artigo do Washington Post sobre um novo boom de vida familiar em Manhattan. O artigo merece destaque porque se refere a estas famílias como "typical white, middle-class". Dean Baker lembra que esta "classe média" ganhar mais de 200 000 dólares por ano, ou seja, está nos 2% mais ricos do país, ou seja, de média não tem nada.

Lembrou-me uma coisa que acho que Pacheco Pereira, acho que na Quadratura do Círculo, dizia aqui há uns tempos, sobre a classe média portuguesa reduzir os seus hábitos de consumo, com as suas férias no Brasil e os seus Audis. Na altura fiquei a pensar se de facto aquela classe média seria vagamente média, ou apenas o seria numa visão enviesada da sociedade, em que tudo o que está perto parece muito maior do que o que está longe.

Eu vivo rodeado de gente que faz férias no Brasil e tem carros medianamente caros, mas sei que os publicitários não representam a classe média do país. E muito menos constituem o português médio. Pelo menos por enquanto, que isto não vai para melhor.

Isto é um problema, porque quando alguém que tenha responsabilidades, usa esta "classe média" como bitola, e decide agir de forma a beneficiar ou penalizar esta classe, (nomeadamente colectando mais ou menos impostos) essa medida corre sérios riscos de ser irrelevante num panorama mais amplo e realista.

Pior ainda é o problema se o tal responsável aceitar que a "classe média retórica" é privilegiada, mas depois aplicar a medida de "justiça social" à classe média real por via de um qualquer mecanismo burocrático.

Ainda pior, é esta noção de classe média tomar conta do discurso e relegar para as franjas da relevância política mais de 90% da população. Exagero? Talvez...