17 fevereiro, 2008

Tombos da história

A noticia da nacionalização do banco inglês "Northern Rock" na sequência da sua queda, não aparece como uma surpresa. Segundo algumas pessoas de bom senso perca por tardia, e poderiam ter sido evitados muitos prejuízos se a decisão fosse tomada mais cedo.

Mas a decisão não foi tomada logo porque "Nacionalizar" era uma palavra demasiado feia nos léxicos dos que ditam o que é politicamente correcto no mundo da finança.

Agora que o inevitável aconteceu, a má gestão do processo vai ser imputada justamente a quem o fez, o governo trabalhista, e injustamente à esquerda a que este governo era suposto pertencer.

Isto fez-me pensar que se o comunismo caiu sozinho, o neo-liberalismo vai conseguir o feito assinalável de cair arrastando consigo uma boa parte do que é considerado esquerda. Anuncia-se um vazio que ou é ocupado por uma esquerda assumida e progressista, ou sê-lo-á por coisas muito piores do que os neo-liberalismos.

Claro que posso estar enganado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Oh L., se há coisa que não és é imparcial... e ainda bem. A má gestão vai ser imputada a quem deve ser: ao governo trabalhista. A questão do comunismo (e outros regimes autoritários) cair sozinho é natural. Como é natural o neo-liberalismo arrastar na sua queda uma boa parte do que é considerado esquerda. Porquê? É o preço da democracia... digo eu, meu caro.

L. Rodrigues disse...

A questão, e razão deste post, é que as chamadas "esquerdas modernas", ou "terceiras vias" na terminologia anglosaxonica são uma capitulação, a que alguns chamaram e chamam pragmática, a um consenso ideológico que demonstra as suas vacuidades.

Se fosse mais dado a conspirações diria que engoliram o isco lançado por quem se encarregou de moldar o discurso politico e económico.

Agora se pagarem o preço, não é o da democracia mas sim o da abdicação de principios.

Anónimo disse...

Quando falo do preço da democracia quero dizer: eu voto direita, a direita ganha, forma governo, o governo faz asneira, arrasta a direita e quem paga é a direita. Está certo, não podia ser de outra maneira e nem tenho que me queixar. No comunismo ninguém vota por isso quando o comunismo faz asneira é o comunismo que paga, sem arrastar ninguém. Pronto, eu sei que me achas demasiado simplista neste tipo de análises ;)

Anónimo disse...

Ah, o voto na direita deve ser entendido como um mero exemplo. Eu sou daqueles que voto na competência, ou na mudança, ou na manutenção... sem direitas ou esquerdas a atravessarem-se no meu caminho e apenas assente no meu entendimento sobre o que é melhor para o país.