02 fevereiro, 2007

Lápis azul

No que respeita ao aquecimento global nem sequer sou dos mais pessimistas. Embora muita gente queira fazer de conta que não vai acontecer nada, porque é sempre mais confortável lidar com um mundo cor de rosa, muitos estudiosos do assunto consideram que mesmo que se cessasem agora todas as emissões de carbono, o mundo continuaria a aquecer até ao final do século. Pode ser que sim. Pode ser que não.
O meu optimismo vem do facto de ter a secreta esperança de que o mundo do petróleo que conhecemos entre em colapso nos próximos 10 anos. Vamos ao ar, mas com um estoiro.

De qualquer modo é sempre interessante ver como se pode chegar a este estado de coisas. Já sabemos que a Casa Branca censurava relatórios relativos ao assunto, como o programa 60 minutos nos disse. Mais relatos em primeira mão vão chegando, de cientistas governamentais americanos que em nome de uma politica de "equilibrio" da informação, podiam usar a palavra Global e podiam usar a palavra Warming, em conferências, desde que não usassem as duas juntas.

Se houver uma catástrofe ambiental nos anos mais próximos, que coloque em risco a civilização tal como a conhecemos, será que nos dão autorização para linchar esta gente? Ou pelo menos julgá-los num tribunal por crimes contra a humanidade?



PS: E mesmo assim não desistem, como se pode ler hoje no Guardian.

6 comentários:

João Villalobos disse...

Além de giro, é óbvio :)

José, o Alfredo disse...

"A civilização" e "tal como a conhecemos", assim, juntos na mesma frase? Só se o "conhecemos" estiver no pretérito.

redonda disse...

Bem, por um lado, dizes que não és dos mais pessimistas, mas por outro lado, o teu optimismo e secreta esperança é que daqui a 10 anos "a gente" estoire?
Como é que será um pessimista daqueles mesmo mesmo pessimistas...

L. Rodrigues disse...

d. Redonda,
Do ponto de vista da nossa sobrevivência e bem estar, acredito que uma grande crise energética será um mal que vem por bem.

Se isso implicar sacrificios importantes para o nossso "estilo de vida" ainda assim será uma importante novidade histórica, em que uma geração aceita pagar o preço da cegueira das que a precederam em vez de o deferir para as que se seguem.

L. Rodrigues disse...

Um pessimista daqueles mesmo pessimistas diz que não vamos parar coisa nenhuma, que ainda vamos rebentar com uns ultimos santuários de vida selvagem em busca de petróleo para queimar, que a resposta às necessidades de de energua passam por aumentar a oferta em vez de diminuir a procura, e por isso vale a pena queimar mais carvão e biodiesel.
Um pessimista tb fica desgostado com o cuidado a ter nas metas de emissões de CO2, que não podem ser demasiado rigorosas para não chatear os construtores de carros de luxo... um pessimista tem muito com que se entreter na verdade.

Ah, e é um facto comprovado que os clinicamente deprimidos têm uma percepção mais precisa da realidade.

redonda disse...

Nos meus tempos de adolescente li uma data de livros de ficção científica (na altura apreciava muito o género) e "o depois" nestes livros não era nada agradável. Mas já fiquei com uma ideia do que pensa o pessismista mesmo pessimista.
Não há nenhum optimista que espere que ganhemos juízo e a situação melhore?

E aposto que a comprovação desse facto foi feita por cientistas pessimistas deprimidos :)