O último alarme do impacto do declinio da extracção de petróleo, (para o menos atentos, designa-se como Peak Oil o ponto em que a oferta de crude deixa de ser suficiente para a procura), vem de um sector que ainda não me tinha ocorrido, mas que faz todo o sentido.
Os recentes esforços de promoção da produção de bio-diesel como alternativa renovável, levaram já muitos produtores agrícolas a abandonar as culturas de cevada para adoptar outras destinadas à produção de energia. Resultado: responsáveis de cervejeiras como a Heineken já vieram alertar para o impacto no preço e capacidade produtora de cerveja a nível mundial.
Junta-se isto ao resto dos cereais, base de toda a indústria alimentar, e temos um problema sério.
A perspectiva de que temos hoje a capacidade de eliminar a fome no mundo está a ser posta em causa pela sede energética. Se as colheitas para alimentação forem substituidas por colheitas para energia, não vai chegar para todos, nem para comer, nem para ir de férias ao Brasil por 500 euros, tudo incluído. E pelo meio não se faz nada de relevante contra as emissões com efeito de estufa.
Ora, estas questões não são novas, mas a opinião pública não parece particularmente motivada para as enfrentar. Será que o fará se tiver que começar a comer tremoços sem acompanhamento?
27 fevereiro, 2007
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2 comentários:
Um Boris Vian dos nossos dias talvez pudesse chamar a atenção com uma novelazita policial de choque, talvez intitulada "Vou Mijar-vos nos Copos". Se é que o Lobo Antunes já não tem nada com esse nome...
O Lobo Antunes, se tiver algo parecido deve ser "Vou Mijar-vos nos Corpos". Os corpos dessa opinião pública que se está a c. para questões como essa, considerada menor quando comparada com os colégios dos filhos, as rendas das casas, a amortização dos carritos, a despesa das férias, etc, etc.
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