Aqui há um tempo, não muito, quem estava atento a estas coisas lia frequentemente que a liberdade é boa porque assim todos podem tentar ser o seu melhor. Deste modo, apenas uma sociedade livre poderia ostentar o tipo de mobilidade social que está incarnado no "American Dream".
Note-se que nestes contextos, "livre" queria dizer apenas que o Estado devia fazer o menos possivel para interferir com esta dinâmica, quer através de mecanismos de redistribuição (impostos para escolas, saúde, etc...), quer promovendo de uma forma alargada - arrepios - a igualdade, também conhecida hoje por coesão social.
Hoje, já toda a gente percebeu, e os peritos confirmam, que as sociedades mais "livres" - Anglo Saxónicas, têm menos mobilidade social do que outras menos "livres"- outra vez e sempre, as Nórdicas.
E que é que se conclui? Que o sistema falhou? Não, nada disso. Conclui-se que,
afinal, a mobilidade social não é uma coisa boa.
De acordo com esta pessoa que escreve no Financial Times, a mobilidade social é um preço que se paga por viver numa sociedade "livre". E porquê? Porque a mobilidade social é ineficiente. Como o status é um jogo de soma zero, trocar as pessoas no ranking deixa tudo na mesma, mas com o custo adicional de fazer a troca. Pois...
Eu não sou uma pessoa violenta.
Mas este artigo (e
ler sobre ele ) lembrou-me os votos de Natal, aqui há uns anos, de um senhor chamado William Blum. Depois de uma lista de desejos sinceros, terminava com este:
"May you re-discover what the poor in 18th century France discovered, that rich people's heads could be mechanically separated from their shoulders if they wouldn't listen to reason. "