07 maio, 2007

A globalização começa a chegar aos joelhos.

Este artigo é muito interessante.
Mas não pelas razões que o autor provavelmente acha. Para quem não tem pachorra para ler, é um senhor (economista e professor) que se considera um "free-trader" da cabeça aos pés. Mas é um herege, acha ele, entre os seus pares, por considerar que a globalização é capaz de afinal não ser uma coisa assim tão magnífica.

Não deita a toalha ao tapete, claro. Na melhor das tradicões dos economistas da sua estirte, mantém que o futuro eventualmente trará dias risonhos, quando todos se tiverem adaptado à mudança.

A questão que ele levanta é a saida de postos de trabalho americanos para paises como a China e a India. Ele fala das forças a actuar na dita globalização (tecnologia e a "entrada" de 1,5 biliões de pessoas para o "mercado de trabalho") e depois escreve este parágrafo.

"For these same forces don't look so benign from the viewpoint of an American computer programmer or accountant. They've done what they were told to do: They went to college and prepared for well-paid careers with bountiful employment opportunities. But now their bosses are eyeing legions of well-qualified, English-speaking programmers and accountants in India, for example, who will happily work for a fraction of what Americans earn. Such prospective competition puts a damper on wage increases. And if the jobs do move offshore, displaced American workers may lose not only their jobs but also their pensions and health insurance. These people can be forgiven if they have doubts about the virtues of globalization."

Este parágrafo encerra a razão porque esta gente não pode ser levada a sério. Na minha modesta opinião.

Quando a vida de milhares de trabalhadores industriais começou a ser afectada um pouco por toda a parte de há 30 anos para cá, era normal, era o progresso, era inevitável, "business as usual". Agora que o "off-shoring" começa a afectar a classe a que pertencem, já lhes dá para ter dúvidas.

E depois sustenta a ideia de que a saida é apostar ainda mais em inovação e tecnologias de ponta, e formar pessoas em trabalhos que não são susceptiveis de ser exportados (basicamente tudo o que exija a presença fisica de alguém, como construção civil ou pediatria).

Pode ser que sim, se ele acha que os outros países que estão a capturar a industria não têm a capacidade de ultrapassar os EUA. A pesquisa e desenvolvimento acompanha as fábricas mais modernas, afinal, e essas estão a nascer fora dali. E não há-de ser por falta de talentos.

E quanto aos outros trabalhos, podem fazer numeros bonitos no PIB mas representam zero em matéria de balança comercial. Por isso um dia destes, deixam de poder comprar o que os chineses produzem. Depois quero ver.

1 comentário:

José, o Alfredo disse...

Nesse dia e nos mais próximos, passam a ter menos coisas a avariar. Não sei se lhes servirá de consolo, mas não é mau.