02 junho, 2008

O Ouro Do Brasil

Há meia dúzia de anos, talvez, vi um programa do Prof. José Hermano Saraiva onde ele tentava dar a resposta à pergunta:

“Para onde foi o Ouro do Brasil?”

Depois de inventariar mais ou menos a quantidade de ouro que veio para Portugal nessa altura, se não estou em erro chegou a umas 700 toneladas por ano, e de estabelecer que tínhamos então a maior quantidade de ouro da Europa, pelo menos, partiu à procura dos culpados. Não era o Rei e os seus mosteiros, porque isso representava quando muito 25% do valor oficial, sendo que muito passava debaixo do radar. Não era a corrupção, porque mesmo corrompendo pelo pais fora, sempre era um valor que entrava no pais, e não era isso que o fazia desaparecer. Acho que ainda explorava outra hipótese, mas não me lembro qual.

A conclusão era simples: gastámos tudo em chapéus.

Elaborando. Os nossos ricos pegaram no dinheiro, e compraram tecidos caros, mármores, especiarias, perfumes, tudo o que queriam e desejavam que sublinhasse o novo status adquirido. E portanto compraram. Compraram a quem vendia, que eram os mercadores da Europa.

(Flandres, Itália, devem ter visto passar muito desse Ouro. E não me espantaria que uma boa parte tivesse acabado na China, que era de onde vinham as sedas e as porcelanas e os chás, e que por ter mais ou menos nessa altura passado do papel moeda para a moeda cunhada, tinha uma grande avidez por ouro, prata e cobre.)

Em vez de investirem, criarem industrias, apoiarem ideias, estimularem o crescimento do pais, estoiraram tudo em luxos.

Soa familiar?
Quando ouço perguntar “Onde foram parar os dinheiros da CEE?”, a resposta para mim é clara: foram parar à CEE. Afinal, é lá que se fazem os Audis os Land Rovers e BMWs com que o nosso parque automóvel se renovou tão célere a partir de meados dos anos 80.

4 comentários:

Anónimo disse...

Estou para perceber o que é que passou pela cabeça daquela gente que estoirou tudo em luxos e agora rebenta com os fundos da CEE em automóveis de luxo. Só me lembro de chapéus.

José, o Alfredo disse...

Há que ver que a Lamborghini começou por fabricar tractores. Esse investimento no parque automóvel, que é por demais evidente, pode ter sido apenas um ligeiro equívoco. A rapaziada queria mesmo era alfaias agrícolas.

MFerrer disse...

Excelente post!
parabéns.
MFerrer
http://homem-ao-mar.blogspot.com

Anónimo disse...

Ouro de Moscovo?